DIGA NÃO A VIOLÊNCIA, FAZENDO A SUA PARTE



É difícil encontrar palavras para expressar os sentimentos que surgem frente a esta tragédia que aconteceu ontem, no bairro Realengo, no Rio de Janeiro. Crianças/adolescentes tiveram suas vidas interrompidas, devido a um surto psicótico de Wellington Menezes de Oliveira, que ao romper totalmente com a realidade, matou 12 crianças e feriu 12, matando-se depois.

Esse tipo de violência nos convida a pensar sobre várias coisas, começando pela falta de segurança da escola até a falta de atenção dos pais, para o comportamento estranho que o filho tinha. É sobre esse aspecto que vou desenvolver o meu pensamento.

Wellington não foi criado pelos seus pais biológicos, mas por uma família que o adotou. Essa família sendo sabedora que a mãe biológica dele, tinha problemas mentais, ao perceberem a dificuldade do filho para se relacionar com as pessoas, deveriam ter buscado ajuda. Claro que se tratava de pessoas muito simples, provavelmente sem esclarecimento e talvez considerassem o comportamento do rapaz normal. Acredito que não posso julgar a forma como eles criaram o filho, até porque não conhece o histórico deles, mas cabe fazer um alerta, porque a omissão dos pais em relação ao comportamento dos filhos, o que tem se mostrado muito comum nos dias atuais, não acontece apenas nas filhas de poder aquisitivo baixo ou nas famílias mais ignaras. Também está muito presente nas famílias de poder aquisitivo alto e de um bom nível cultural e social.

Isso deve servir de alerta para os pais e educadores que ao perceberem algumas alterações de comportamento do filho ou do aluno, como isolamento, agressividade, violência, maus tratos com os colegas e até com animais, irritabilidade, ao invés de acharem que é normal, que é só uma fase, que vai passar, busquem ajuda de um profissional para verificar se realmente não tem nenhuma alteração na conduta ou no desenvolvimento da personalidade.

Infelizmente a violência ainda é uma coisa muito banalizada em nossa sociedade. A cada dia, as pessoas tornam-se mais agressivas e acham que é normal, que estão se posicionando frente à vida. Não conseguem perceber que pode ser um sinal de que algo não está funcionando muito bem. Falas agressivas, a falta de respeito, a violência física é algo que tem se tornado normal em muitas famílias, sendo percebido como uma coisa natural. O descomprometimento dos profissionais tanto da educação como da saúde é algo que tem se tornado comum, ninguém mais quer denunciar um ato de violência junto aos órgãos competentes, pois temem as represálias, visto que muitas dessas crianças agressivas são filhos de traficantes. Esquecem ou não sabem que existem números de telefones, em que as denúncias podem ser feitas para polícia sem precisar se identificar.

Fico perplexa quando escuto as pessoas dizerem que a violência, a traição, o uso abusivo de álcool e droga são coisas normais, que é a realidade da nossa sociedade, pois uma grande emissora de televisão tem tido o cuidado de mostrar a realidade do mundo atual. Apesar de não ter o hábito de assistir TV, a não serem noticiários e de preferência não dessa emissora, fico me questionando qual o ganho que ela vem tendo em apresentar uma série de programas que depõe contra os valores morais e éticos. Não sou nenhuma moralista e também não acredito que a verdade deve ser negada, mas acredito que não devemos ficar ensinando e estimulando as pessoas a terem comportamentos que denigrem a sua imagem, que as destroem, que fortalecem as suas patologias.

Infelizmente o ser humano vem perdendo a noção do que é certo ou errado, das suas responsabilidades para consigo e para com os outros. Assusto-me ao ver a frieza das pessoas, do egoísmo, da falta de solidariedade e faço vários questionamentos. Quando será, que as pessoas vão se darem conta que precisamos descruzar os braços e tomar atitudes frente aos absurdos que vemos e ouvimos no nosso dia-a-dia? Que não podemos ser coniventes com os atos de violência, de agressividade só porque não é com a gente, nem com alguém da nossa família? Pode não ser hoje, mas poderá ser amanhã.

Isso que aconteceu ontem no Rio de Janeiro, pode ser visto por delinqüentes de nossa cidade como algo "legal" e também fazerem. Quantas pessoas precisarão morrer para nos darmos conta que está mais do que na hora de dizermos não a violência, a agressividade, as drogas?

Precisamos pensar criticamente sobre os programas que entram em nossas casas pela televisão. Sobre os jogos que as crianças brincam na televisão e no vídeo game. Convido os pais a se questionarem, porque os jogos de violência é o que mais chama atenção de seus filhos? Não percebam tudo como normal e nem como patológico, mas se perceberem algo estranho no comportamento do filho ou se escutarem alguma queixa na escola não se assustem, busquem a orientação de um profissional. Isso ajudará evitar maiores problemas no futuro.

Por fim, quero manifestar o meu pesar para essas famílias que hoje vivem, a meu ver, a pior dor do mundo, que é a perda de um filho.

Autor: Anissis Moura Ramos


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