Escola não é trincheira



Edson Silva

Acredito que jamais me acostumarei com atos de estupidez e de violência praticados por ditos seres humanos e, salvo engano, alguns psicólogos ou psiquiatras dizem que quase todas as pessoas podem cometer algum desativo, dependendo de fatores vivenciados em determinados momentos de suas vidas. É o tecnicamente chamado não saber trabalhar as emoções... O que dizer sobre o massacre ocorrido na Escola Municipal de Realengo, no Rio de Janeiro?

Mais de uma dezena de adolescentes executados pelos tiros disparados por um jovem ( ex-aluno da escola) e agora surgem teorias como a que ele sofreu no passado humilhações de colegas, que se tornou fanático de alguma seita dita religiosa, que aprendeu ser exímio atirador talvez pela internet, enfim conjecturas para se tentar explicar o que, ao longo de dezenas de milhares de anos ( pelo menos é o que indica o tempo que o homem habita a Terra), é inexplicável: a natureza do cérebro humano.

Na carta deixada pelo assassino em massa (que após os crimes suicidou-se) ele pede que a casa recebida como herança de família seja doada para alguma instituição que cuide de cães e gatos. A alegação é que, diferentemente dos humanos, outros animais não têm capacidade de por meios próprios obter a alimentação. Não sou biólogo, veterinário ou profissional em ramo de atividade que lida com outros animais, que não o homem, mas acredito que outros seres vivos (diferentemente do ser humano) têm instintos, inclusive o de sobrevivência, mais acentuados.

Voltando ao caso da chacina na escola carioca, agora surgem conjecturas sobre falta de segurança em estabelecimentos de ensino, teorizam sobre instalação de câmeras (assunto que foi polêmico há pouco tempo, sob alegação de invasão de privacidade); falam que deviam colocar guardas ou policiais nas escolas (conheci universidades que sequer permitiam patrulhas de policiais no campus, estudei em época em que Polícia só ia ao campus para reprimir manifestação estudantil); faltam alguns pedirem transporte escolar blindado como "Caveirão do BOPE", uniforme escolar com colete à prova de bala e que bonés sejam trocados por capacetes de aço.

Escola não é (ou não deveria ser) trincheira. Se o atirador, usando dois revólveres simples, tivesse invadido um quartel e feito o que fez na escola do Rio, ai sim acredito que caberia questionar falha de segurança ou despreparo profissional para enfrentar a situação. Mas o caso foi numa escola, lugar que na minha infância e adolescência, enquanto o país teve estado de direito, era lugar de aluno estudar, professor dar aulas e Polícia se preocupar em policiar e (quem sabe?) prender algum ladrão de galinhas que agia nas imediações... E querem nos convencer que a humanidade está em processo de evolução...

Edson Silva, 49 anos, jornalista, mora em Campinas e trabalha na Prefeitura de Sumaré

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Autor: Edson Terto Da Silva


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