Habitar é preciso, não impactar também



Os problemas ambientais estão cada vez mais adversos, portanto hoje em dia é imprescindível encontrarmos soluções que minimizem ou sacie tais impactos negativos. O desperdício de matéria e energia, a utilização imprópria do solo e dos mananciais devem ser banidas dos modelos de desenvolvimento.
Solucionar a crise habitacional também está em planos primordiais, porém sua resposta não se limita apenas à produção de moradias e barateamento de custos das construções, mas sim enfrentar fatores socioeconômicos como a exploração econômica, o abandono cultural, reforma agrária entre outros.
Ouvimos muito falar em "déficit habitacional" o que nos conduz concluir uma incapacidade na oferta de habitações, entretanto o que ocorre é a dificuldade do lado da procura, pois se houvesse mercado com possibilidade de comprar casas próprias, evidentimente não teriamos uma população tão vulneralvel a merce de desastres cotidianos e sem a mínima condição de conforto.
É imprescindível que os municípios tenham um planejamento urbano efetivo, independentemente do seu porte, e criem condições para assegurar qualidade de vida aos moradores, não interferindo negativamente no meio ambiente do seu entorno, e agindo preventivamente para evitar a continuidade do nível de degradação, notadamente nas regiões habitadas pelos setores mais carentes.
Ainda pouco aderido no Brasil, o conceito de construção sustentável vem justificando sua importância, num setor onde o início se da na extração dos recursos naturais, que são transportados em grandes distâncias, manufaturado e aplicado às obras onde o desperdício de recursos é alarmante. Segundo a pesquisa do Departamento de Engenharia de construção da USP, a construção civil desperdiça média de 56% do cimento, 44% da areia, 30% do gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de PVC e eletro dutos. Os impactos negativos continuam intensamente durante sua vida útil num intenso consumo de energia, água e lixo. Os sanitários são reponssáveis por 70% do consumo da água numa residência, o que demonstra a importância também da população abraçar esta causa, pois com pequenos atos seremos capazes de contribuir para reverter o quadro atual, considerando que a degradação do meio por parte das habitações se estendem até o momento de sua demolição. Esses fatores confirmam a construção civil como a atividade de maior impacto sobre o meio ambiente em nível mundial.
É fundamental qualquer redução que puder ser obtida sem comprometimento da qualidade e estabilidade da habitação, pois essa redução passa ao comprador, permitindo o alargamento da faixa da população com renda para aquisição da casa própria.
Deste modo, a otimização dos materiais e recursos utilizados pelo setor é de suma importância. A implementação de ações efetivas voltadas para a redução do impacto ambiental representam a possibilidade de se atenuar o atual quadro de degradação ambiental presente na esfera terrestre.
A arquitetura de baixo impacto ambiental consiste em diminuir o desperdício, aperfeiçoar a energia, o uso adequado da água e seu reaproveitamento, uso de técnicas passivas das condições e dos recursos naturais, uso de materiais e técnicas ambientalmente corretas, gestão dos resíduos sólidos, conforto e qualidade interna dos ambientes e permeabilidade do solo, além do que na implantação da obra são avaliados os impactos diretos e indiretos na proximidade do empreendimento.
O caos ambiental e a crise habitacional terão de ser encarados e conciliados, portanto é preciso estudos, adequações e inovação nos modelos arquitetônicos para que possamos destiná-las a população carente para que tenham direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pois é, um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.

Autor: Danilo Soares De Carvalho Campos


Artigos Relacionados


Casas “ecológicas”: A Solução Para O Meio Ambiente Urbano

Bioconstrução: Um Contexto De Sustentabilidade Na Habitação

Canteiro De Obra SustentÁvel

Existe Responsabilidade Ambiental Nas Empresas

Princípio Do Desenvolvimento Sustentável

A Nossa Água

Desafios Ambientais No SÉculo Xxi