Genuinamente Brasileira



Resenha: Genuinamente Brasileira.

Por Ayana Pedrosa.

As produções brasileiras e portuguesas inicialmente eram consideradas com se fossem uma só, os historiadores portugueses utilizavam como estratégia uma perspectiva meramente colonialista e imperial, afirmando que tudo era português no âmbito da produção de fala portuguesa. E a partir daí que surgiu a discussão acerca da literatura lusa em geral, em relação à brasileira. Pois, até então a literatura da época colonial era considerada como uma continuidade literária portuguesa produzida na colônia brasileira. Verdade é que desde muito cedo já havia os que sentiram a linha diferenciada. Segundo Ortega y Gasset, criou-se um novo homem desde o primeiro instante em que pôs o pé no novo mundo, com sua fala, sensibilidade, música. Diferentes desde o início. Os clássicos portugueses podem ser clássicos, mas não são nossos, e podem nos beneficiar como "inspiração" como qualquer outra forma literária.
Desta maneira, pode-se conceituar Literatura brasileira como sendo um desdobramento da literatura portuguesa, que surgiu a partir da atividade literária incentivada pelo Descobrimento do Brasil no século XVI, com gênero e valor estético próprio.
Em relação à literatura colonial, segundo Afrânio Coutinho, é de que ela não pode ser considerada como tal, pois, colonial é um termo político, sem valia, nem sentido algum em se tratando de crítica e história literária. È denominada desta forma pelo simples fato de pertencer a uma época em que o Brasil era uma colônia de Portugal. Afrânio também diz que a literatura nessa situação pode ser inferior, da perspectiva crítica literária, mas não colonial, porque não se produz literatura segundo o mesmo processo colonizador exercido no povo colonizado, essa é uma característica inerente a literatura, um fenômeno puramente político, social ou econômico.
Por fim, uma literatura não é colonial apenas porque se produz numa colônia e também não se torna nacional após a independência da nação, essa divisão já foi superada, e a periodização estilística moderna oferece a resposta: a literatura primitiva brasileira não é "colonial", mas genuinamente "brasileira".

Autor: Ayana Pedrosa


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