Quem Se Importa?



Muitas formas são possíveis de se encarar a vida, os fatos cotidianos, as relações mais diversas e todas as causas e conseqüências que nos são apresentadas pelas circunstâncias.

Você pode encarar tudo sempre com alegria, procurando apenas ver o lado bom das coisas, que todo revés foi feito para forjar o nosso espírito, que toda a dificuldade é na realidade uma oportunidade e, mesmo que o seu mundo desabe, e seu corpo ficar tomado totalmente pelas cinzas dos destroços das torres gêmeas, a única coisa que poderá ser identificada serão seus dentes expostos num sorriso magnífico.

Você pode, por outro lado, encarar tudo sempre com tristeza, procurando apenas ver o lado ruim das coisas, que momentos bons são sempre prenúncio de momentos ruins e, mesmo que tudo em sua vida dê certo, você acha que é só um grande plano para derrubar você, quando estiver completamente desguarnecido e acreditando que a vida é um moranguinho.

Você pode também encarar tudo, ora com alegria, ora com alguma tristeza, mas principalmente encarar as coisas com um olhar crítico, um olhar analítico, um olhar reflexivo, um olhar de quem se importa em saber, pelo menos um pouco porque as coisas são como são.

Tanto encarar as coisas só com alegria ou só com melancolia, me parece um pouco artificial e sem explicação lógica. Não que tudo tenha que ter uma explicação lógica (Deus me livre!), mas nosso cérebro tem regiões criadas especificamente para decodificar informações e confrontá-las com experiências anteriores para nos alertar sobre algum eventual erro de avaliação que possamos cometer.

O que é um bom acessório de fábrica, pois você pode acertar nove vezes, mas se errar na décima é melhor que tenha um bom advogado.

Nada é mais constrangedor do que um tapa na cara que uma mamãe recebe de seu bebê. Ela precisa ter toda a compreensão do mundo, todo o amor do mundo, todo o equilíbrio, para não só não ficar sentida como para ainda ter forças para, a partir dali, iniciar um longo processo de ensinamento para aquele filho que está desabrochando, processo esse que leva quase uma vida inteira.

O difícil mesmo é quando a mãe dá um tapa no rosto do bebê e fica esperando que ele lhe ensine que aquilo é errado.

Por isso é que eu acho que os bebês gritam, também porque já pressentem o que vão encarar pela frente. Gritam enquanto podem. Gritam enquanto são atendidos.

Porque quando se é adulto, as pessoas não se importam, nem se você gritou em favor da liberdade delas, elas apenas se importam com seus próprios ouvidos que foram feridos, quando você gritou.

Mas, afinal, quem se importa?

Sérgio Lisboa.


Autor: Sérgio Lisboa


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