Gente sem tempero
Com gente também é assim. Gente sem sal não tem graça.
É uma pessoa morna. Não é lá nem cá. Não ata nem desata. Sua conversa não diz nada. Seu astral não contagia. Sua aparência é tão comum que nem dá para avaliar se a criatura é bonita ou feia. Entra e sai de um ambiente e ninguém percebe. Não tem o mínimo de personalidade. Não sabe o que é gargalhar gostoso. Engole o choro. ÉSe fecha como uma ostra. Jamais ousa.
Gente assim não vive, sobrevive e olhe lá.
Prefiro gente perigosa que sonsa. Ao menos o povo pernicioso dá um retorno, um feedback, prova que esta respirando.
Gosto de gente temperada. Aquelas com alegria indígena. Que sempre estão sorrindo para você e não de você. Criaturas que espalham uma notícia boa, agitam uma noitada, combinam um show, um happy hour para desopilar o fígado.
Pessoas que não estão nem aí para o que está na moda. Vestem-se com personalidade, com a sua personalidade. Decoram sua casa com objetos que gostam, tanto faz se custam caro, se são de grife ou criação de um design famoso. Tudo tem a sua cara. Abusam de criatividade. Não tem papas na língua. Choram de rir e até perdem o fôlego quando felizes e caem em prantos convulsivos quando deprimidas.
Essa gente é quente, fervente, contagiante. Mais do que sal tem a pitada certa de pimenta, sálvia, alecrim e dependendo do dia tem curry, dill, manjericão. O humor varia conforme o preço do frango, mas jamais falta tempero, nunca, em tempo algum.
Eu adoro uma lasanha suculenta, filet mignon ao molho madeira, strogonoff de camarão, quiche de gorgonzola com nozes com um acompanhamento fundamental, gente temperada. Para completar um bom vinho também cai bem.
Marot Gandolfi
Autor: Marot Gandolfi
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