Filosofia da Educação um discussão necessária




"O ofício de filosofar é inventar conceitos."
Gilles Deleuze

A Filosofia durante muito tempo foi entendida como contemplação, porém a contemplação não é criativa e não tem nada haver com a criação de conceitos. Os filósofos foram acusados de apenas reproduzirem conceitos de estarem apenas preocupados em interpretar ou contestar o que outros filósofos haviam dito anteriormente.

A Filosofia hoje foge do estigma de ser uma disciplina que trata de questões desnecessárias e que não são importantes, com sua inserção no currículo do Ensino Médio surge uma tendência atual que traz a tona o debate sobre como lidar com a filosofia da educação de forma prática, utilizando exemplos, situações e pensamentos do cotidiano para aproximar ainda mais alunos e professores.

Para começarmos a compreender a ligação entre filosofia e educação é necessário adquirir uma definição prévia e básica sobre a filosofia da educação. A educação é uma prática humana direcionada por uma determinada concepção teórica. A prática pedagógica está articulada com uma pedagogia, que nada mais é que uma concepção filosófica da educação. Tal concepção ordena os elementos que direcionam a prática educacional.

Estudar filosofia não é estudar a história da filosofia, estudar filosofia é tratar de temas práticos não- contemplativos que irão ajudar a alunos e professore a entenderem as questões da humanidade.

A filosofia em si possui várias vertentes e uma das mais importantes na atualidade é a Filosofia da Educação que pode ser definida como o ramo do pensamento que se dedica à reflexão sobre os processos educativos, à análise do(s) sistema(s) educativo(s), sistematização de métodos didáticos, entre diversas outras temáticas relacionadas com a pedagogia. O seu escopo principal é a compreensão das relações entre o fenômeno educativo e o funcionamento da sociedade.

"...além da qualificação técnico-científica e da nova consciência social, é ainda exigência da preparação dos professores uma profunda formação filosófica. E esta formação é a tarefa que cabe à filosofia da educação. A existência de disciplina desse teor no currículo dos cursos de preparação de professores justifica-se não por alguma sofisticada erudição ou academicismo: é uma exigência do próprio amadurecimento humano do educador. Coloca-se, com efeito, uma questão antropológica: trata-se de explicar qual o sentido possível da existência do homem brasileiro como pessoa situada na sua comunidade, de tais contornos sociais e me tal momento histórico (SEVERINO, 1996).

Esta reflexão filosófica, desenvolvida no âmbito teórico da filosofia da educação, deverá dar ao futuro educador a oportunidade da tentativa de explicitação do projeto existencial a se buscar para a comunidade brasileira, na busca de seu destino e de sua civilização. Ou seja, não é possível compreender um projeto educacional fora de um projeto político, nem este fora de um projeto antropológico, isto é, de uma visão de totalidade que articula o destino das pessoas como o destino da comunidade humana (SEVERINO, 1996).

A Filosofia da Educação cumpre um papel fundamental dentro e fora das instituições de ensino, enquanto detentora do processo educativo propõe um movimento de reflexão, mas principalmente de auto-reflexão do papel da Filosofia dentro da Educação.

Assim, cabe à reflexão filosófica explorar o significado da condição humana no mundo. E à filosofia da educação explicitar esse significado para o educador. Vale dizer, pois, que a filosofia da educação deve colocar para o educador a questão antropológica, questão que deve equacionar adequadamente, recorrendo à filosofia social e à filosofia da história, e fundamentando-se numa antropologia, alicerce último de toda reflexão sobre o realizar-se do homem. Obviamente, a explicitação do significado da própria atividade filosófica é tarefa preliminar: o alcance do pensamento humano, o seu equacionamento epistemológico é questão permanente para a filosofia (SEVERINO, 1996).

O educador não pode realizar sua tarefa e dar sua contribuição histórica se o seu projeto de trabalho não estiver lastreado nesta visão da totalidade humana. À filosofia da educação cabe então colaborar para que esta visão seja construída durante o processo de sua formação. O desafio radical que se impõe aos educadores é de um ingente reforço para a articulação de um projeto histórico civilizatório para a sociedade brasileira como um todo, mas isto pressupõe que se discutam, com rigor e profundidade, questões fundamentais concernentes à condição humana (SEVERINO, 1996).

A presença da Filosofia da Educação no currículo da formação de professores deve ser vista não como uma disciplina elitizada e sem comprometimento com as questões educacionais, mas sim de uma forma de complementar a formação do profissional da educação, trazendo a tona questões do ser inserido no mundo.




Referências Bibliográficas

SEVERINO, Antônio Joaquim. Educação Ideologia e Contra-ideologia. EPU Pedagógica e Universitária, São Paulo: 1996.

Autor: Gisele Rose


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