Solidão
A solidão aprisiona e sufoca. Por vezes pode vir com uma roupagem de proteção ou talvez de fuga, sabe-se lá. Mas na verdade quem se deixa agarrar por ela sente-se cada vez mais só e sozinho estará sem que ninguém possa fazer nada a não ser lamentar, até que esqueçam e sigam suas vidas e o deixem cada vez mais só e preso, preso em si mesmo a procura da porta que nunca encontrará até o dia que sozinho ficar. Ser só não é um querer, é um estado.
A solidão tem seu brilho, mas é preciso olhar pelo lado certo e medir o tempo certo para não deixar que ela se embrenhe pelas entranhas e não se possa mais libertar.
Ser só não é um querer, é um estado, que pode passar ou não.
Há o tempo de ser só e o tempo de se estar só.
Solidão não se divide se acumula.
A solidão não é a porta, é o muro duro e frio. Quem por ele passar o oásis encontrará e beberá a mais pura e fresca água, a que sacia a sede da alma de ser acalentada.
A solidão é fria, dissimulada, paciente, sem pressa. Afinal pressa para que? Não há nada a ser descoberto nem conquistado. A solidão é só.
A solidão é escura, sem cor, sem meio, sem razão... Ou será que tem finalidade? Mas e se tiver? Será que quem está só consegue desfrutar de seus benefícios ou simplesmente se afoga em sua escuridão?
A solidão pode ser um caminho? Talvez, mas tem que se saber trafegar por ele para não perdido ficar e sozinho acabar.
A solidão tem seu encanto e seu canto que inebria e vicia, mas também tem seus espinhos ferinos e solitários que ferem e sangram o ser ávido por estar e não apenas ficar.
Ser só ou estar só? Pode-se ser só sem que se esteja só?
Bia Tannuri
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Autor: Bia Tannuri
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