DESENVOLVIMENTO: Para quem?



Na necessidade de afirmação do Brasil como nação forte e pujante, surge no meio intelectual e político uma teoria para dar conta da maneira de como se alcançar estes objetivos. Iniciativas como, uma ação intervencionista do Estado, união das classes majoritárias em prol do nacionalismo, industria

lização e desenvolvimento capitalista, deveriam ser colocadas em prática, para dessa forma, alavancar o processo de transformação do país rumo ao progresso tecnológico e ao desenvolvimento econômico que qualificariam num momento subseqüente os índices sócio culturais.
Este discurso desenvolvimentista estabelece uma perspectiva economicista atrelando todos os fatores sociais, ambientais e culturais a uma questão de produção e relação comercial com países industrializados na condição de conjecturar a possibilidade de em um futuro próximo atingir o patamar de país desenvolvido.
Uma característica percebida neste projeto é o enfática caráter institucional do debate e também, de certa forma, direcionado para um análise macro da situação nacional com pouco destaque sobre as alternativas disponível quanto ao aproveitamento da população na articulação do caminho para o sucesso progressista, indivíduos esses fundamentais para o trabalho na produção de conhecimento e de divisas ? mecanismos importantes para serem utilizados no enfrentamento com o mercado externo.
Uma outra contradição diz respeito a demanda rural, discussão essa que deve ser lavada em conta, visto que, um país como o Brasil de grandes dimensões geográficas, com forte capacidade produtiva na área agrícola, não pode deixar passar em branco esse elemento altamente favorável para a economia nacional. A grande dificuldade seria romper com a lógica estabelecida no campo, onde uma elite latifundiária se impõe e dita as regras do jogo impedindo uma justa repartição do espaço produtivo travando a iniciativa de uma diversificação produtiva e, portanto, uma qualificada relação entre o setor primário e secundário. É importante lembrar que a maioria dos países industrializados já superou o debate em torno da reforma agrária, questão esta que enquanto não é dirimida causa sérios transtornos ao espaço urbano, cada vez mais inchado e desestruturado, conseqüência do êxodo rural.
Diante de todos esses fatores elencados e mergulhado em uma perspectiva capitalista de desenvolvimento que é excludente por natureza, onde se imagina que todos os países subdesenvolvidos devem ultrapassar etapas condicionadas pela cartilha dos países centrais, emerge dessa situação desconfortável uma nação que tem todos os requisitos para atuar no cenário mundial com real igualdade de forças, desde que, consiga suplantar suas mazelas históricas referente a desqualificação do caráter empreendedor do seu povo e da sempre atual idéia de se situar na vanguarda sem conseguir romper com velhas estruturas do passado que ainda se fazem presentes.
Dito isso, mesmo que o critério econômico possa se sobrepor aos outros quando tratamos de desenvolvimento, é bom lembrar que esse país é constituído de um povo que deve ser o motivo central de todas essas elaborações, ou seja, um desenvolvimento "com gente dentro".

Autor: Érico André Soares


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