Beleza Excessiva



Desde a segunda guerra mundial, o processo de globalização vem desintegrando os valores sociais que foram sustentados por vários anos. O teatro, a indústria cinematográfica, o rádio e a televisão foram meios utilizados para se alcançar à massa e estimular um novo conceito de dimensão social. Apesar do desenvolvimento gerado, observa-se hoje uma desconfiguração da cultura local e nacional.

Todos os dias, a mídia nos oferece uma legião de pessoas sorridentes, bonitas e bem humoradas que exibem beleza, poder, inteligência e dinheiro. Basta que se inicie uma nova novela que quase todas as tendências são absorvidas pela grande maioria da sociedade, seja um penteado, vestuário, comportamento, etc. Mesmo que isto seja um retrocesso, é aceito pela maioria, pois a forma como é introduzida no pensamento das pessoas acabam gerando o desejo para o consumo.

Devido a essa retórica estrategicamente desenvolvida, surgiu um sedutor mercado de beleza que promete solucionar todo e qualquer deslize da natureza e ou castigo do tempo e que nos últimos dois anos vem crescendo assustadoramente. Mais que a própria satisfação, as pessoas solicitam permanentemente o reconhecimento e a admiração do outro. Porém, mesmo quando a recebe, a admiração esperada logo se revela insuficiente, provocando uma busca duradoura pela superação de seus atributos, gerando, assim, uma busca incessante por padrões estabelecidos.

Uma pesquisa realizada pelo Observatoire Cidil des Habitudes Alimentaires (Ocha) na França, em 2003, num universo de mil mulheres, revelou que 86% delas se dizem insatisfeitas com suas formas anatômicas. Apenas 14% afirmaram sentir-se bem com seu corpo sem terem para isso utilizado qualquer procedimento de modificação. No Brasil, o quadro não é diferente. Pesquisas divulgadas pela revista Veja em 2004 revelam que somos o segundo país do mundo em número de cirurgias plásticas: 400 mil em 2003, metade delas puramente estéticas (40% lipoaspiração, 30% mamas, 20% face), na maioria realizadas entre os 20 e 34 anos. Dos 12.477 entrevistados pelo Instituto InterScience, 90% das mulheres e 65% dos homens afirmam sonhar com mudanças no próprio corpo; 5% já tinham feito alguma plástica, e 90% pretendiam fazer outra. Entre os que nunca fizeram uma cirurgia plástica, 30% declararam que esperavam criar coragem para realizá-la.

Em contra partida existem algumas comunidades africanas, onde a gordura é um sinal de riqueza e saúde e podem aumentar as chances de fazer um bom casamento. Em Níger, país da África Ocidental, mulheres da comunidade Djerma se preparam para o casamento fazendo regime para engordar. As mais bonitas não têm manequim menor do que 48. Ultimamente os muçulmanos tentam bloquear qualquer ação estratégica que venha desintegrar seus valores culturais através de influências americanizadas.

Se quisermos viver em um mundo melhor, sem exageros e alienações, precisaremos treinar e exercitar uma nova consciência: Como Construtores de nossa própria História, deixaremos de ser vítimas de um sistema antropofágico e passaremos a rever nossos conceitos, inclusive o da beleza.

Autor: Frederico Rafael Vargas Rocha


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