A patada atômica e precisa das Copas



A patada atômica e precisa das Copas

Edson Silva

Depois de ter contado que não foi tão fácil passar pela primeira seleção
africana que enfrentaríamos em Copas, o Zaire, em 1974 e ganhamos de 3x0 (placar que o Brasil precisava para não ser eliminado), resolvi continuar com história daquela Copa, afinal foi a primeira na era pós Pelé, craque que imortalizou a camisa 10. E o herdeiro da 10, pelo menos nas duas próximas Copas pós Pelé, foi Rivellino, o garoto do Parque, revelado pelo Corinthians paulista.

No dia 26 de junho de 74, após a vitória contra o Zaire, a Seleção Brasileira
faria seu 42º jogo em Copas e a adversária era a Alemanha Oriental. Como já contei nesta coluna, até 90, havia duas Alemanhas, a Ocidental e a Oriental. Entre os mistérios do futebol está o fato de o Brasil ter enfrentando, em Copas, só uma vez cada uma delas.

Com a Ocidental, que atualmente é a Seleção que mais jogou em Copas (99 jogos), o Brasil, que é segundo que mais jogou em Copas (97 jogos), nossa Seleção jogou em 2002 e venceu com 2 gols de Ronaldo Fenômeno e sagrou-se pentacampeã do mundo. Mas vamos contar a história do confronto com a Oriental, em 74.

No Niedersachenstadion, em Hanover (Alemanha Ocidental), 58.463 pessoas assistiam ao jogo entre Brasil e Alemanha Oriental. A dureza da partida que insistia no 0x0 até aos 15 minutos do segundo tempo podia ser medida pelo trabalho do juiz John Thomas, do País de Gales, que teve de aplicar cinco cartões amarelos, três para os brasileiros Carpeggiani, Jairzinho e Dirceu; e dois para os alemães orientais Harmann e Streich.

A jogada decisiva da partida foi uma falta na entrada da área e quem preparou para cobrar foi Rivellino, nosso Riva. Os alemães orientais formaram a barreira aparentemente tão compacta quanto era o muro de Berlim, mas havia um detalhe, o atacante brasileiro Valdomiro estava infiltrado no meio dela. Muita gente não entendia o porquê, até o desenrolar do lance.

Rivellino, dono de potente chute de esquerda, o que lhe rendeu, no México, em 70, apelido de a patada atômica, fez jus a fama. Mandou a bomba no meio da barreira, justo no local onde estava Valdomiro, que abaixou-se, e a bola passou direto para o fundo das redes do goleiro Croy, que nem se mexeu. Brasil 1x0 e classificação para a próxima fase e para enfrentar, pela primeira vez em Copas, nada menos que a Argentina e haveria mais outros três confrontos contra os "hermanos", nas Copas de 78,82 e 90.

Contra os alemães orientais o Brasil jogou com: Leão, Zé Maria, Luis Pereira, Marinho Peres, Marinho Chagas, Carpeggiani, Paulo César, Valdomiro, Rivellino, Jairzinho e Dirceu, o técnico era Zagallo. Os alemães formaram com: Croy, Kische, Bransch, Weise, Watzich, Lauck (Lowe ), Hamann (Imscher ), Kurbjuweit, Streich, Sparwaser e Hoffmann, o técnico era Buschner.

Edson Silva é jornalista e trabalha em Sumaré
[email protected]
Autor: Edson Terto Da Silva


Artigos Relacionados


Quando Os Leões Eram Mansos

Jogo Centenário Do Brasil Em 2014

Criador E Futura Criatura Ficam Iguais

Simplesmente, O Maior Artilheiro

Patada Atômica E De Sorte

Sete Jogos E Um Destino

O Rei E O Imperador Em Copas