Gestão Escolar: Uma visão democrática



INTRODUÇÃO


Nesse Artigo falaremos um pouco sobre o papel da gestão na organização da escola, quais suas atribuições e quais os seus deveres, com o tema "GESTÃO DEMOCRATICA DA ESCOLA COMO INSTRUMENTO EM PROL DA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL".
Teremos uma explanação dividida em três partes. A primeira: GESTÃO ESCOLAR: UMA VISÃO DEMOCRÁTICA, que diz respeito à democratização da escola, visto que a escola é o local em que as pessoas se comunicam através da troca de informações; A PARTICIPAÇÃO EM FAVOR DE UMA GESTÂO DEMOCRÁTICA, que ira falar um pouco de como a participação de todos que fazem parte da comunidade escolar pode influenciar no seu desenvolvimento gestor; A ESCOLA PROMOVENDO A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, que diz respeito ao papel da escola no processo de transformação social relacionado à importância da instancia escolar nesse processo.
Quem participa como participa no que participa qual a importância das decisões tomadas, tudo isso formando uma GESTÂO DEMOCRATICA.


GESTÃO ESCOLAR: UMA VISÃO DEMOCRÁTICA

A escola está sendo vista hoje como local de formação pessoal, crítica e social, tendo em vista que o bom funcionamento da comunidade escolar e da sociedade irá depender muito da forma como as pessoas que constituem a escola - os professores, os alunos, os coordenadores, os demais funcionários ? estejam sendo influenciados conforme as normas, os ensinamentos e os costumes que são compartilhados com essas pessoas dentro da escola, isso diz respeito a tudo o que elas trazem e tudo o que elas produzem.
Tendo uma função social e educacional a escola é constituída por normas que são implementadas por uma gestão, tendo em vista a formação dos cidadãos. Os cidadãos, por sua vez fazendo parte dessa comunidade, trazem para a escola seus costumes e suas normas, ou seja, sua cultura. Por essa razão, é certo afirmar que a cultura escolar é constituída por outras culturas, ate porque cada um traz consigo formas de viver socialmente e de construir culturalmente bem singulares, tudo isso de acordo com o modo de vida de cada um.
Segundo o autor espanhol, Angel Peres Gomes (2001, p.17), "a escola e o sistema educativo em seu conjunto, pode ser considerado como uma instancia de mediação cultural entre os significados, sentimentos e as condutas da comunidade social e o desenvolvimento humano das gerações". Com isso, podemos concluir que a escola é o lugar de intercruzamento de culturas, inclusive da cultura escolar. Por essa razão torna-se local onde se percebe com bastante clareza a formação de opiniões e por possuir um poder de influencia incontestável, participa ativamente na formação da sociedade. Isso pode ser visto na forma que a escola e seus gestores desenvolvem seu trabalho.
Podemos afirmar ainda que por visar uma tendência emancipatória e não mercadológica, a escola deve ter a consciência de que alem de ensinar conteúdos específicos e científicos ela também assume o papel de formação social, construindo valores e costumes.
Com uma visão emancipatória, a gestão escolar deve centrar-se em uma educação que valorize a formação de seres éticos, críticos, participativos, e agentes na sociedade, disvinculando-se assim da gestão empresarial, tendência percebida nas décadas de 1970/80, que valorizava a administração escolar, inserida no paradigma de "Educação para o desenvolvimento", uma educação com a introdução empresarial e processo que respeitavam a especificidade da educação enquanto política social.
Uma das formas de privilegiar uma gestão democrática é pensar na escola como local de autonomia e participação. Autonomia é uma tarefa que se apresenta de forma complexa, com a idéia de liberdade total ou independência. A participação ale de poder ser exercida em diferentes níveis, podemos pensá-la em todos os momentos do planejamento da escola, de avaliação, ou pensar que participação pudesse ser apenas convidar a comunidade para eventos ou para contribuir na manutenção e conservação do espaço físico.
Vários autores, como Padilha e Dourado, defendem a eleição de diretores de escola e a constituição de conselhos escolares como forma democrática de gestão.
Gestão democrática da escola significa, portanto, a conjunção entre instrumentos formais e praticas efetivas de participação que conferem a cada escola singularidade, articuladas em um sistema de ensino que promova igualdade a participação nas políticas educacionais mais amplas.


A PARTICIPAÇÃO EM FAVOR DE UMA GESTÃO DEMOCRATICA


É da escola o papel de promover o desenvolvimento intelectual do ser humano, visando o aprimoramento dos conhecimentos, valores e saberes dos alunos através da mediação dos professores e pela organização e gestão da escola. Não pode prender-se a uma gestão conservadora que frise apenas pelos seus objetivos. Deve-se estender o trabalho gestor a uma visão democrática.
Tem-se um exemplo de gestão que foge dos preceitos de gestão democrática. As formas de gestão da sociedade, que datem o poder apenas aquela pessoa que está à frente do cargo como se todas as decisões fossem de responsabilidade meramente sua. Isso reflete na forma como as pessoas da sociedade interferem na organização da escola.
A cidadania será conquistada quando a educação promover o acesso da sociedade a instancias e praticas de participação popular. Essa participação possibilitará a população o conhecimento e a avaliação dos serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida da escola. Na verdade, a democracia escolar acontece quando a população tem acesso ao contexto escolar, ou seja, o trabalho escolar é conhecido pela comunidade e a mesma começa a interferir, de forma positiva, na qualidade de ensino. Assim a população passa a acompanhar melhor a educação ali oferecida.
A participação significa a atuação de pais, professores, alunos e comunidade nas decisões da gestão escolar. Existem dois tipos de participação, a participação como meio de conquista da autonomia da escola, "a escola deixa de ser um lugar fechado e separado da realidade, para conquistar o status de uma comunidade educativa que interage com a sociedade civil". Há ainda a participação como processo organizacional em que os profissionais e usuários da escola compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisões. Nesse segundo sentido, a participação é ingrediente dos próprios objetivos da escola e da educação.
A escola é o lugar de compartilhamento de valores e de aprender normas éticas, e é também o local onde forma-se seres para o convívio social, cultural e econômico.
É indispensável que se leve em consideração interesses políticos e pedagógicos, já que se sabe que a escola é o lugar de formação de personalidade, e que é através dos interesses da sociedade, levando em conta todos os objetivos que a mesma apresenta diante da escola, que a gestão escolar deve trabalhar. Nesse sentido, pode-se perceber com clareza que a administração da escola deve andar de parceria com outras instancias, não apenas educativas, para que assim possa atingir todas as expectativas da sociedade.
São princípios básicos para organização e gestão escolar:

1º Autonomia das escolas e da comunidade educativa;
- A autonomia da escola consiste em uma instancia que toma suas próprias decisões e tem seu regimento de acordo com aquilo que a comunidade escolar deseja. Isso acontece com mais freqüência em escolas particulares, ate porque as publicas, por mais que assumam essa autonomia esta sempre a mercê dos superiores.

2º Relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar.
- Embora seja uma gestão democrática é função do diretor delegar a cada membro da equipe escolar, pais, professores, alunos e comunidade, sua responsabilidade individual, ou seja, que cada um cumpra com o seu papel e atenda as expectativas dos demais. É função da direção também, mante-los informados de qualquer decisão tomada, explicitando seus objetivos e seu plano de realização. "A organização escolar democrática implica não só a participação", ou seja, não adianta apenas tentar promover a participação na gestão escolar, mas sim que essa participação seja gerida por alguém, para que sua aliança democrática não fique a mercê de interesses não educativos, pois embora a participação seja da sociedade, os objetivos necessitam não fugir dos objetivos escolares. A gestão democrática não deve estar voltada apenas a movimentos eleitorais, assembléias, reuniões, mas sim visar mais qualidade no processo de ensino-aprendizagem.

3º Envolvimento da comunidade no processo escolar.
- Isso acontece através da autonomia desenvolvida pela escola, pois com ela é possível manter vínculos com instancias não educacionais, os pais e a sociedade.
Os pais estão presentes nos Conselhos de Escola e nas associações de Pais e Mestres visando preparar o projeto político-curricular e acompanhar e avaliar os serviços prestados.

4º Planejamento das tarefas.
- O planejamento nas escolas justifica-se porque as mesmas buscam resultados enquanto que as ações pedagógicas e administrativas atingirem objetivos. Mas deve haver uma união entre as duas correlações, tanto o planejamento como forma de buscar resultados como de atingirem objetivos.

5º Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar.
-A escola preza por uma formação continuada de seus profissionais, visando uma melhor qualidade do desenvolvimento das tarefas que foram assumidas por cada membro que forme a equipe escolar.

6º Utilização de informações concretas e analise de cada problema em seus múltiplos aspectos com ampla democratização das informações.
- Conhecer o problema no seu real significado de forma global e analisá-los traçando métodos e objetivos para resolução do mesmo. Isso diz respeito a tudo o que envolve os processos educativos realizados em sala de aula, desde qualificação e experiência dos professores até procedimentos didáticos utilizados pelo mesmo.

7º Avaliação compartilhada.
-Avaliar com clareza todas as decisões tomadas no meio escolar, por todos os membros que formam a equipe, tendo em vista que todos os participantes tenham poder de avaliar e que essa avaliação seja de caráter coletivo.

8º Relações humanas produtivas e criativas assentadas na busca de objetivos comuns.
- Ressalta que na relação entre pais, professores, funcionários, comunidade, alunos e diretores deve haver respeito mutuo. Que no lugar de usar a autoridade para resolver problemas use o dialogo e o consenso.

Na verdade, a escola tornou-se um lugar de convívio constante, onde as pessoas se encontram e se relacionam umas com as outras. Por essa razão, não se pode esquecer que alem da organização por parte da distribuição, e da responsabilidade pelas tarefas assumidas na escola, isso falando na questão de todos participarem do desenvolvimento escolar, existe também a organização propriamente dita, que é o fato da "previsão e racionalização do uso dos recursos humanos, materiais, físicos, financeiros, informacionais, que são os meios de trabalho pelos quais se asseguram a efetividade dos processos de ensino e aprendizagem". Essa organização é indispensável para um bom funcionamento da escola.
Ainda segundo o texto lido, podemos agrupar as varias atividades em quatro aspectos:
1º a organização da vida escolar;
- Procedimentos que facilitem a vida escolar, como organização do espaço físico, higiene, relações humanas, segurança, limpeza.
2º organização dos processos de ensino aprendizagem;
-Procedimentos que facilitem o processo de ensino aprendizagem, tanto por parte do professor como por parte do aluno. Proporcionas suporte didático aos profissionais para que eles possam atingir seus objetivos.
3º organização das atividades de apoio técnico administrativo.
- Refere-se ao trabalho desenvolvido pela secretaria escolar, que possibilita assistência administrativa, comunicações e informações aos alunos, pais, professores, entre outros; e a serviços auxiliares, que diz respeito à zeladoria, porteiros e vigias, merendeiras, serventes, etc.
4º organização de atividades que asseguram a relação entre escola e comunidade.
- Diz respeito a ações que possibilitam a relação entre escola e comunidade. Seu objetivo é buscar as possibilidades que são oferecidas quando existe a união entre a escola e ambientes não escolares, com a realização de atividades de ensino e educação com os alunos.
O projeto político pedagógico elaborado apenas por especialistas não consegue representar os anseios da comunidade escolar, ou seja, deve-se ter conhecimento das necessidades da escola para que assim o mesmo esteja de acordo com o que a escola busca.
Por isso ele deve ser entendido como um processo que inclui a discussão sobre a comunidade local, as prioridades a os problemas que precisam ser superados.
São muitos os fatores que envolvem esse tema, até porque transformação social ocorre a todo momento, de alguma forma, e a democracia é uma das características que torneiam a sociedade, e a escola, por ser um local de convivência múltipla vem tornar-se ponto chave nessa transformação.

A ESCOLA PROMOVENDO A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL


A escola continua sendo o local em que as pessoas entram para aperfeiçoar, de certa forma, tudo o que elas já têm acrescentados no seu contexto de valores, costumes, cultura, ou seja, aprendizagem, aquela que é trazida por eles de fora da escola. Ela é entendida como local de formação pessoal, crítica e social que lança suas idéias para a formação dos cidadãos, levando em conta tudo o que eles trazem, tudo o que eles recebem e tudo o que eles produzem.
O trabalho escolar é uma ação de caráter coletivo, realizado a partir da participação conjunta e integrada dos membros de todos os seguimentos da comunidade escolar... (LUCK, FREITAS, GIRLING, KEITH, 2002).
Perceber a gestão escolar como ato democrático colocar em ênfase a questão de que todos devem participar de forma efetiva da elaboração de projetos escolares que visem o bom andamento escolar, já que a Gestão Democrática necessita da participação de todos para efetivar-se. Uma das formas de privilegiar uma gestão democrática é pensar na escola como local de autonomia e participação.
Existem algumas definições para autonomia, uma delas é a seguinte:
"Autonomia, faculdade de se governar por si mesmo; Direito ou faculdade que tem uma nação de se reger por leis próprias". Em outras palavras, é a liberdade para se auto-administrar, liberdade para agir, independência. Na escola, ela se inicia na questão relacionada à escola mostrar suas leis e seus interesses, e mostrar que tem AUTONOMIA para tomar decisões que trabalhem em prol da promoção do desenvolvimento escolar.
Podemos dizer que participação é ato ou efeito de participar, ou seja, ter ou tomar parte em algo, ter parcela em um todo. Na escola percebe-se a necessidade da participação para a formulação das idéias e objetivos que a mesma vise alcançar em relação a todos os que rodeiam a escola, e quando se escuta a opinião de todos, quando existe participação de todos nessa tomada de decisões, os objetivos acabam transformando-se em um só e as tarefas mais fáceis de ser resolvidas.


CONSIRAÇÕES FINAIS

O objetivo desse artigo foi realizar um estudo abrangente sobre a gestão escolar, colocando como ênfase do estudo os objetivos voltados a questão da formação gestora em prol da construção de uma escola democratizada e de acesso construtivo em relação a comunidade escolar.





REFERENCIAS

ARROYO, M. Administração da educação, poder e participação. In: Educação e sociedade. São Paulo: Cortez e Morais, ano 1, n. 2, jan. 1979.
DOURADO, L.F. A escola de dirigentes escolares: políticas e gestão da educação no Brasil. In: Ferreira, n. (org). Gestão democrática.

Autor: Érica Rafaela Pereira Lima


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