Orissás: a força da fé
Se construirmos um raciocínio lógico, chegaremos a conclusão de que assim como o Homo Sapiens Sapiens tem origem no continente africano, o fenômeno religioso também. Logo todas as religiões antigas têm uma mesma origem. O povo africano.
Obrserve o mapa a seguir:
A mitologia dos povos da Ásia, dos gregos e romanos, dos nórdicos (norte da Europa), dos povos da Austrália e da América tem algo em comum: a ligação com as forças da natureza. Xangô, Zeus, Thor, Tupã regem elementos semelhantes, como o trovão por exemplo. E assim muitos outros.
Mas qual a diferença entre religião e mitologia?
Simples. As religiões, os Deuses, se tornam mitologia pra quem não faz parte da tradição. O culto aos Orissás não é o culto a personagens mitológicos, assim como não era mitologia o culto a Zeus, para os gregos. O culto aos Orissás, enquanto ancestrais poderosos, ainda vive e perpetua-se.
Uma das características que diferencia o culto aos Orissás de todos os outros é que, mesmo sendo um dos mais antigos, não adquiriu distorções mágicas e sem lógica como humanos com cabeça de animal ou com vários braços. Os Orissás representam pessoas comuns, que viveram como outras. Porém suas passagens foram tão significativas, marcantes e fortes que se divinizaram. Suas energias são humanas com regências sobre as forças da natureza de acordo com as características e personalidade de cada um.
Resistência
Talvez um dos fatores que faz com que o culto aos Orissás persista com tanta força é a fidelidade à tradição. Enquanto impérios surgiram e caíram em nome de seus Deuses, o culto aos Orissás permaneceu fiel aos ensinamentos ancestrais. Permaneceu limitado a organizar as pequenas e bem distribuídas comunidades (Egbés), mini-Estados e cidades (Ketu, Oyó, Irê, etc.) reproduzindo um modo de viver de acordo com a ética ensinada e vivida pelos Orissás e sem a injusta ambição de converter outros povos.
Hoje um dos cultos mais antigos da humanidade, que foi e é tão perseguido, criminalizado e discriminado persiste.
Enquanto muitos outros já estão extintos há séculos, o culto aos Orissás sobreviveu e sobrevive ao surto do Cristianismo e do Islamismo; ao crime da escravidão na América, ao tráfico de escravos entre os próprios africanos e, ainda luta contra o pré-conceito vindo de fora, de outras religiões e grupos. Além de tudo as práticas caluniosas de pessoas de má fé que praticam e levam o nome dos Orissás sem responsabilidade e sabedoria contribuem ainda mais para depreciar um culto tão antigo e tão vivo.
Autor: Alan Geraldo Myleô
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