O uso de substâncias teratogências em gestantes em uma unidade de PSF.
ANA PAULA AUGUSTO PINHEIRO
CAMILA RIBEIRO RODRIGUES
JULIANA MORAIS MARCOLINO
USO DE SUBSTÂNCIAS TERATOGÊNICO POR GESTANTES ASSISTIDAS EM UMA UNIDADE DO PSF
Alfenas ? MG
2010
ANA PAULA AUGUSTO PINHEIRO
CAMILA RIBEIRO RODRIGUES
JULIANA MORAIS MARCOLINO
USO DE SUBSTÂNCIAS TERATOGÊNICO POR GESTANTES ASSISTIDAS EM UMA UNIDADE DO PSF
Monografia apresentada a Universidade José do Rosário Vellano, como parte das exigências do Curso de Enfermagem para obtenção do título de Enfermeira.
Orientador: Evelise Aline Soares
Alfenas ? MG
2010
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 3
2 OBJETIVOS 4
2.1 Objetivo Geral 4
2.2 Objetivo Específicos 4
3 JUSTIFICATIVA 5
4 REVISÃO DE LITERATURA 6
4.1 Teratologia e agentes teratogênicos 6
4.2 Exposição a agentes teratógenos 6
4.3 Efeitos dos agentes teratógenos na reprodução 8
4.4 Principais agentes teratogenos 8
5 Teratologias causadas por agentes químicoS 9
5.1 Dados epidemiológicos do Brasil 16
6 MATERIAIS E MÉTODOS 17
7 RECURSOS FINANCEIROS 18
8 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
1 INTRODUÇÃO
A gravidez pode ser caracterizada como uma fase de transição durante o desenvolvimento emocional da mulher que causa mudanças não só nas aparências externas, mas também internas de envolvimento sócio emocional. É marcada por importante vulnerabilidade emocional e por sentimentos ambivalentes que não devem ser desconsiderados. Trata-se de um período delicado que deve uma atenção especial por parte da futura mãe e da equipe de saúde que realiza seu acompanhamento.
O desenvolvimento do embrião depende da saúde materna, da influência genética e de fatores externos, como exemplo a exposição a algumas substâncias agressivas ao embrião. Durante o primeiro trimestre de vida intra-uterina o embrião esta sendo formado anatomicamente e é neste período que os agentes teratogênicos podem causar diversas anomalias e malformações congênitas.
As anomalias congênitas podem ser resultantes de fatores genéticos (gênicos e cromossômicos) e fatores ambientais (uso de drogas medicamentosas ou elícitas) ou causados pelos dois fatores, conjuntamente.
Diversas substâncias são classificadas como causadoras de malformações, ou seja, teratogênicas, no entanto muitas mães fazem uso destas, pois não conhecem o seu perigo. Durante o acompanhamento de pré-natal a gestante deve ser informada que várias drogas farmacológicas e demais devem ser evitadas durante a gestação, ou se necessário o uso de alguns medicamentos estes devem ser prescrito pelo médico em dosagens que não comprometa o desenvolvimento fetal, nem tão pouco a saúde materna.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Verificar o uso de substâncias teratogênicas por gestantes assistidas em uma unidade do PSF.
2.2 Objetivo Específico
Identificar as substâncias teratogênicas comumente utilizadas por gestantes que possam causar prejuízos no desenvolvimento do embrião.
Detectar os motivos pelos quais as gestantes fizeram uso destas substâncias e se houve ou não prescrição médica para tal.
Verificar o conhecimento de gestantes sobre substância que causam malformações congênitas.
3 JUSTIFICATIVA
Com os dados obtidos neste estudo poderá ser desenvolvida uma atividade de extensão universitária, que visa esclarecer as futuras mães sobre medicamentos, drogas e substância teratógenas que causam malformações no bebê, minimizando os perigos de malformações decorrentes do uso de teratógenos.
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Teratologia e agentes teratogênicos
Teratologia é um termo que se refere ao ramo da ciência médica preocupado com o estudo da contribuição ambiental ao desenvolvimento pré-natal alterado (Smithells, 1980). Para Moore e Persaud (2004) Teratologia consiste no estudo das monstruosidades adquiridas durante o desenvolvimento.
Agente teratogênico é definido como qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função da descendência (DICKE, 1989).
O agente é considerado teratógeno quando consideramos o período crítico do desenvolvimento em que atua a dosagem do agente necessária para ter efeito teratógeno e também o genótipo do embrião (diferenças de raças, populações) (MOORE e PERSAUD, 2004).
4.2 Exposição a agentes teratógenos
A partir da segunda metade do século 20 que se instalou uma preocupação crescente quanto ao possível efeito sobre o embrião ou feto em desenvolvimento de substâncias ou organismos a que uma mulher grávida pudesse estar exposta. A princípio, a identificação da síndrome da rubéola congênita em 1941 derrubou a idéia de que a placenta era uma barreira eficaz de proteção contra organismos exógenos (Webster, 1998). Mas o fato mais marcante foi realmente a tragédia da talidomida no início da década de 1960, provocada pelo uso de fármacos durante a gravidez, trazendo medo à população e aos médicos (Lenz, 1992). O uso de medicamentos na gestação é um evento freqüente. O Estudo Colaborativo Perinatal, que avaliou 50.000 gestantes durante a década de 1950 em centros universitários dos Estados Unidos, registrou que 90% dessas mulheres fizeram uso de, pelo menos, um medicamento durante a gravidez, sendo que 40% consumiram durante o primeiro trimestre de gravidez (Heinonen, Slone e Schapiro, 1977). A questão da qualidade ambiental é outro aspecto que vem despertando interesse e preocupação nas últimas décadas. Os efeitos das bombas atômicas, acidentes nucleares, pesticidas, contaminação industrial entre outros, são temas de debate e investigação com ênfase no que se refere a seu impacto na saúde reprodutiva da população.
Segundo Shepard (1992), um ser humano pode estar exposto a aproximadamente 5.000.000 de diferentes substâncias químicas, mas apenas cerca de 1.500 foram testadas em animais e pouco mais de 40 são comprovadamente teratogênicas no homem. Esse pequeno número se deve principalmente às dificuldades de investigação de teratogenicidade nos humanos.
Os estudos experimentais em animais, tradicionalmente, fornecem a base de triagem para a verificação do potencial teratogênico de um determinado agente (Heinonen, Slone e Schapiro, 1977). As Investigações têm o papel fundamental de elucidar os princípios e mecanismos da teratogênese, mas não são bem-sucedidas na identificação de teratógenos humanos devido às diferenças genéticas entre as espécies. Por exemplo, os corticosteróides, potentes teratógenos em roedores, são aparentemente seguros para o homem; por outro lado, a talidomida, um teratógeno potente para o homem, é aparentemente seguro para a maioria dos animais. A evidência definitiva de que se uma droga é teratogênica ou não para humanos deve ser procurada no próprio homem (Schardein, 1993).
De acordo com Castilla et al. (1985), a abordagem epidemiológica dos defeitos congênitos é a coluna dorsal da pesquisa das suas causas. A observação experimental dos efeitos teratogênicos permite levantar algumas hipóteses a serem testadas. Algumas estratégias podem ser estabelecidas para propósitos mais amplos como o registro de variáveis, tais como o uso de medicações pelas gestantes, a saúde dos pais, riscos ocupacionais, o nível socioeconômico e a história familiar (Kallen, 1987). A maioria dos estudos de vigilância disponível cobre o período pré-natal e pós-natal imediato (até a alta da criança), poucos estendem esse período do neonatal tardio até o primeiro ano de vida. Desde a catástrofe da talidomida, vários sistemas para registro e identificação de defeitos congênitos têm sido estabelecidos em diversos países. A maioria desses programas tem o propósito de identificar, tão logo quanto possível, qualquer agente contaminante do ambiente que possa oferecer risco teratogênico (ROBERT, 1992; SCHARDEIN, 1993).
4.3 Efeitos dos agentes teratógenos na reprodução
Os danos reprodutivos na espécie humana podem ser agrupados em classes principais: (1) morte do concepto, (2) malformações, (3) retardo de crescimento intra-uterino, e (4) deficiências funcionais, incluindo-se aqui o retardo mental. Esses danos podem tanto ter uma causa genética como ambiental e, muitas vezes, uma combinação das duas (etiologia multifatorial). Estima-se que cerca de 15% de todas as gestações reconhecidas terminem em aborto e que de 3 a 5% de todos os recém-nascidos vivos apresentem algum defeito congênito (KALTER e WARKANY, 1983; BAIRD et al., 1984).
Nas perdas gestacionais estima-se uma contribuição de causas cromossômicas em mais de 50% dos abortamentos espontâneos (WINTER et al., 1988). Com relação aos defeitos congênitos, causas genéticas parecem ser responsáveis por 15-20%; fatores ambientais são reconhecidamente responsáveis por 7%; 20% são de etiologia multifatorial, mas em mais de 50% dos casos a causa permanece desconhecida (KALTER e WARKANY, 1983).
A ação de um agente teratogênico sobre o embrião ou feto em desenvolvimento depende de diversos fatores, destacando-se: (1) estágio de desenvolvimento do concepto, (2) relação entre dose e efeito, (3) genótipo materno-fetal, e (4) mecanismo patogênico específico de cada agente (WINTER et al, 1988).
4.4 Principais agentes teratogenos
As anomalias congênitas podem ser resultantes de fatores genéticos (gênicos e cromossômicos) e fatores ambientais ou causadas pelos dois fatores, conjuntamente, porém algumas das anomalias não se pode determinar com segurança a sua causa (MOORE e PERSAUD, 2004).
Os fatores genéticos gênicos são aqueles que passam de pai para filho e são ditos hereditários (ex.: polidactilia), enquanto os genéticos cromossômicos se referem o número ou estrutura anormal de cromossomos da espécie (ex.: síndrome de Down, com trissomia no cromossomo 21) (MOORE e PERSAUD, 2004; NUSSBAUM, McINNES e WILLAR, 2002).
De acordo com Baird et al. (1984), fatores genéticos são responsáveis pela grande maioria das malformações ou cerca de 85% dos defeitos com causa conhecida. Já Moore e Persaud (2004), referem que os agentes ambientais compreendem germes que determinam as infecções (vírus da rubéola, citomegalovírus, Toxoplasma gondii, Treponema palladium); drogas (tabaco, álcool, antibióticos, anticoagulantes, talidomida, tranqüilizantes, etc) e radiações (raios X).
Michelacci (2002) destaca que o período crítico para ação teratogênica ocorre entre a quarta e oitava semana, período de pico em relação à divisão celular, diferenciação e morfogênese do embrião. Antes da segunda semana de desenvolvimento, se ocorrem anomalias, normalmente, não acontece implantação do embrião e se dá o aborto espontâneo.
5 Teratologias causadas por agentes químicos
Nussbaum, Mcinnes e Willar (2002) destacam que para uma droga ser considerada um teratógeno humano deve existir uma relação dose-resposta tem que ser observada, isto é quanto maior a exposição durante a gravidez mais grave será o efeito fenotípico.
Os teratógenos causam retardo mental e do crescimento, assim como outras anomalias, quando usadas excessivamente ao longo de todo o desenvolvimento (Robert, 1992). O consumo de drogas também tende a ser mais alto durante o período crítico do desenvolvimento entre as grandes fumantes e consumidoras de álcool (MOORE e PERSAUD, 2004).
Segundo Winter et al. (1988) o ideal seria que as mulheres evitassem usar qualquer medicação durante o primeiro trimestre da gestação a não ser que haja uma forte razão médica para ser usado, e mesmo assim, apenas quando reconhecidos como razoavelmente segura para o embrião humano.
Vários autores definem como agentes teratogênicos as substâncias abaixo:
a) Cigarros: Apesar dos avisos de que fumar cigarros é perigoso para o feto, mais de 25% das mulheres continuam a fumar durante a gestação, grandes fumantes de cigarros (aquelas que fumam vinte cigarros ou mais por dia), o parto prematuro é duas vezes mais freqüente que em mulheres não-fumantes, e seus filhos pesam menos que o normal (Schüler-faccini et al., 2002). A nicotina induz à dos vasos sangüíneos uterinos, causando uma diminuição do fluxo sangüíneo uterino, baixando o suprimento de oxigênio e de nutrientes disponíveis ao embrião/feto no sangue materno no espaço interviloso de placenta. Esta deficiência no embrião prejudica o crescimento celular e pode ter um efeito adverso sobre o desenvolvimento mental (MOORE e PERSAUD, 2004).
b) Cafeína: A cafeína não é conhecida como um teratógeno humano, no entanto, não há garantia de que seu consumo materno intenso seja seguro para o embrião (MOORE e PERSAUD, 2004).
c) Álcool: O alcoolismo é um problema de abuso de droga que afeta de um a 2% das mulheres em idade de ter filhos. Tanto níveis moderados quanto altos níveis de ingestão durante o início da gravidez podem resultar em alteração do crescimento e da morfogênese do feto; quanto maior a ingestão, mais graves serão os sinais (MOORE e PERSAUD, 2004).
As crianças que nascem de mães alcoólatras crônicas exibem em padrão específico de defeitos, inclusive deficiência do crescimento pré-natal e pós-natal, retardo mental e outras anomalias (WOUNG, 1999).
Segundo Jorde et al. (2000), a microcefalia, fendas palpebrais curtas, pregas do epicanto, hipoplasia maxilar, nariz curto, lábio superior fino, sulcos palmares anormais, anomalias articulares e doença cardíaca congênita também estão presentes na maioria destas crianças e o abuso materno de álcool seja causa mais comum de retardo mental.
FIGURA 1 - Face característica de um bebê com Síndrome do Alcoolismo Fetal (MOORE e PERSAUD, 2004).
d) Andrógenos e Progestógenos: Os termos progestógenos e progestinas são usados para referir-se a substâncias, naturais ou sintéticas, que induzem algumas ou todas as alterações biológicas produzidas pela progesterona, hormônios secretado pelo corpo lúteo, que promove e mantém o endométrio grávido (MICHELACCI, 2002).
Segundo Jorde et al. (2000), algumas destas substâncias têm propriedades androgênicas ou masculinizantes da genitália externa e obviamente, a administração de testosterona produz efeitos femininos.
O uso de anticoncepcionais orais deve ser interrompido assim que a gravidez for detectada, por causa destes possíveis efeitos teratogênicos (WOUNG, 1999).
FIGURA 2 - Genitália característica de um bebê cuja mãe fez uso de Andrógenos e Progestógenos no período gestacional (MOORE e PERSAUD, 2004).
e) Antibióticos: De acordo com MICHELACCI, (2002), as tetraciclinas cruzam a membrana placentária e são depositadas nos ossos e dentes do embrião, nos locais de calcificação ativa, desta forma uma quantidade pequena, como 1g/dia de tetraciclinas durante o terceiro trimestre da gravidez, pode produzir a coloração amarela dos dentes primários ou decíduos.
Moore e Persaud (2004) destacam que o uso de antibiótico pode causar surdez em crianças cujas mães haviam sido tratadas com altas doses de Estreptomicina e Duotroestreptomicina como agente antituberculose.
f) Anticoagulantes: Segundo Moore e Persaud (2004) e Michelacci, (2002) todos os anticoagulantes, exceto a heparina, cruzam a membrana placentária e podem causar hemorragia no embrião ou feto.
A warfarina é um anticoagulante usado para tratamento de doenças tramboembólicas e em pacientes com válvulas cardíacas artificiais, sendo um potente teratógeno que causa hipoplasia de cartilagem nasal, epífises pontilhadas e vários defeitos do SNC (Jorde et al., 2000).
g) Anticonvulsivantes: Schüler-Faccini et al. (2002) mencionam que aproximadamente uma entre duzentas mulheres grávidas é epiléptica e requer tratamento com anticonvulsivantes.
Nussbaum, Mcinnes e Willar (2002) destacam as Síndromes causadas pela agressividade dos anticonvulsivantes abaixo:
* Síndrome da Hidantoína Fetal, ocorre em 5 a 10% das crianças nascidas de mães tratadas com anticonvulsivantes fenitoína ou hidantoína. O padrão das anomalias é constituído por IUGR, microcefalia, retardo mental, sutura metópica frontal sulcadas, pregas epicantais internas, hipoplasia das unhas e/ou das falanges distais e hérneas.
FIGURA 3 - Criança com face e membros característicos da Síndrome da Hidantoina.
* Síndrome da Trimetadiona Fetal suas principais características são retardo mental, sobrancelha em forma de V, orelhas baixas entre outras, sendo esta causada pelo uso da trimetadiona.
* O ácido valpróico tem sido a droga de escolha para o tratamento de diferentes tipos de epilepsia, entretanto, seu uso por mulheres grávidas levou a um padrão de anomalias constituído por defeitos craniofaciais cardíacas e dos membros. O fenoibarbital é considerado uma droga antiepiléptica segura para o uso durante a gestação.
h) Antinauseantes: Moore e Persaud (2004), destacam que ainda não há evidências se a bentectina é uma droga teratogênica para o ser humano. Os teratologistas não a consideram como teratogênica porque estudos epidemiológicos não demonstram um aumento do risco de defeitos congênitos após sua administração em mulheres grávidas.
i) Antineoplásicos: De acordo com Shepard (1992), as substâncias químicas inibidoras de tumores, usadas em quimioterapias, são altamente teratogênicas, isso não é surpreendente, pois estes agentes inibem a mitose em células que estão em divisão rápida o uso de aminopterina durante o período embrionário freqüentemente resulta em morte dos embriões, mas 20 a 30% que sobrevivem são altamente malformados. Atinge gravemente o sistema esquelético e SNC (MICHELACCI, 2002).
j) Corticosteróide: A cortisona causa fissuras palatais e defeitos cardíacos em cepas susceptíveis de camundongos e coelhos (GONZÁLES et al., 1999).
k) Inibidores da enzima de conversão da angiotensina: A exposição do feto a esses inibidores causa oligoidramnio, morte fetal, hipoplasia de grande duração da abóbada craniana e disfunção renal, quando utilizado no início da gestação, o risco para o embrião é aparentemente menor e não há indicação para a interrupção da gravidez (MOORE e PERSAUD, 2004).
l) Insulina e drogas hipoglicemiantes: A incidência de anomalias congênitas (por exemplo: a genesia do sacro), está aumentando de 2 a 3 vezes de mãe diabética e cerca de 40% de todas as mortes perinatais entre recém nascidos diabéticos resultam de anomalias congênitas (WOUNG, 1999).
m) Ácido retinóico (vitamina A): Trata-se de teratógeno bem estabelecido em animais e a sua teratogenicidade humana foi reconhecida a mais de uma década (MOORE e PERSAUD, 2004).
A Isotretinoína, usada para tratamento acne-céstico, é teratogênico na espécie humana, em doses muito baixas (Michelacci, 2002). A vitamina A é importante e necessária ao organismo durante a gestação, mas em altos níveis aumenta o risco de defeitos congênitos em filhos de mulheres que tomam mais de 10mL/IU de vitamina A diária (MOORE e PERSAUD, 2004).
n) Saliciatos: Jorde et al. (2000) destacam que altas doses de ácido acetil-salicílico (AAS) ou aspirina são potencialmente nocivas ao embrião ou feto e não devem ser usadas no início da gestação.
o) Drogas que atuam sobre a tireóide: Iodeto de Potássio nos xaropes contra tosse e grandes doses de iodo radioativo podem causar bócio congênito, pois cruzam facilmente a membrana placentária e interferem com a produção de tiroxina, além de causar aumento da tireóide e cretenismo (MOORE e PERSAUD, 2004).
p) Tranqüilizantes: De acordo com Lenz (1992) a talidomida é um teratógeno potente, causa anomalias de outros órgãos como ausência do ouvido externo e interno, defeitos cardíacos, bem como anomalias do sistema urinário e alimentar.
O lítio causa anomalias congênita, principalmente do coração e dos grandes vasos, em crianças nascidas de mães que receberam a droga no início da gestação, já o Diazepam e Oxazepan que atravessam prontamente a membrana plasmática. O uso das demais drogas está associado a sintomas transitórios de abstinência e anomalias craniofaciais do recém-nascido (MOORE e PERSAUD, 2004; LENZ, 1992).
q) Drogas ilícitas: De acordo com Nussbaum, Mcinnes e Willar (2002), foram relatados defeitos dos membros e notaram incidência de 9,6% de defeitos no sistema nervoso em crianças de mães que haviam usado Dietilamida do ácido lisérgico (LLD) durante a gravidez, nenhuma incidência indica que o LLD seja teratogênico, no entanto, em vista dos casos relatados ele deve ser evitado durante a gestação.
Sanseverino (2001) destaca que há poucas evidências que a maconha seja teratógena humana, mas ela deve ser evitada nos primeiros dois meses de gestação, pois ela afeta o comprimento fetal e o peso do recém-nascido.
O uso da cocaína causa abortamento espontâneo, parto pré-maturos, microcefalia infarto cerebral, anomalias uro-genitais e distúrbios neuro-comportamentais (MOORE e PERSAUD, 2004).
A metadona usada à adição à heroína é considerado um teratógeno comportamental, tal como heroína. Crianças nascidas de mulheres dependentes de narcóticos e mantidas em terapia pela metadona apresentam disfunção do sistema nervoso central, peso mais baixo ao nascer e perímetro cefálico menor que crianças não expostas (SHEPARD, 1992; MOORE e PERSAUD, 2004).
5.1 Dados epidemiológicos do Brasil
Baseada no Brasil, dentro do Departamento de Genética do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, está a sede central da coordenação do Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas (ECLAMC) que conta com 70 hospitais distribuídos em 10 países da América do Sul e Caribe (no Brasil são cerca de 10 hospitais participantes). Criado na Argentina, em 1967, visa ao registro de defeitos congênitos em recém-nascidos (RN), e à promoção de políticas de saúde para o estabelecimento de medidas preventivas dessas anomalias do desenvolvimento. Trata-se de um estudo epidemiológico de base hospitalar, com duas modalidades de avaliação. A primeira, corte: de simples execução, investiga e registra as freqüências de diferentes anomalias congênitas. Não existe a presença de um grupo-controle e as variáveis registradas são sexo, nascidos vivos ou mortos, peso ao nascimento, partos gemelares, idade materna, ordem de nascimento e óbito antes da alta, se houver (CASTILLA e ORIOLI, 1983).
Há uma tendência no ECLAMC de abandonar esta modalidade devido a maior aceitação e ao maior poder estatístico do caso-controle, a outra modalidade. A segunda, caso-controle: tem as características clássicas de todo estudo caso-controle, para todo recém-nascido examinado que seja malformado, examina-se um controle que é o próximo recém-nascido vivo sem malformação e do mesmo sexo. O número de RN vivos avaliados até agora está em torno dos quatro milhões (SCHÜLER-FACCINI et al., 2002)
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre, através do Programa de Monitorização de Defeitos Congênitos (PMDC), vinculado ao ECLAMC, mantém um registro ininterrupto dos nascimentos deste hospital (60.000 recém-nascidos avaliados desde 1983), disponibilizando um valioso banco de dados para o desenvolvimento de estudos sobre defeitos congênitos (VARGAS et al., 2000)
6 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo que privilegiará o método quantitativo. Utilizaremos instrumentos os quais pretendemos coletar dados referentes ao uso de substancias teratogênicas por gestantes de um bairro de baixa renda do município de Alfenas MG.
O projeto será submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade José do Rosário Vellano, após a emissão do parecer iniciará a coleta de dados. Os princípios éticos atenderão à Resolução n.º 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. As respondentes concordarão com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado e assinado anteriormente à realização da entrevista.
O presente estudo será realizado no PSF (Programa Saúde da Família) do bairro Pinheirinho do município de Alfenas MG, cidade sulmineira de médio porte. A amostra deverá ser composta por um grupo de no mínimo 30 gestantes assistidas em uma unidade do PSF, independente da idade gestacional. Anterior a entrevista as gestantes será solicitada a autorização do responsável pela unidade do PSF para o livre acesso dos pesquisadores ao local.
A entrevista ocorrerá na recepção do PSF onde as pesquisadoras baseadas no questionário (ANEXO A) questionaram as gestantes sobre o uso de substancias teratogênico e outras informações correlatas. O questionário é constituído de questões objetivas e descritivas, sendo este preenchido pelas pesquisadoras após respostas das gestantes. Não será obtido dados de identificação direta da gestante, tais como nome, facilitando a autorização e não inibindo-a de oferecer algumas informações.
Os dados obtidos nesta pesquisa serão tabulados, organizados e armazenados em uma planilha eletrônica do programa Excel, para tratamento estatístico. A análise descritiva será realizada através de medidas de posição e dispersão para variáveis contínuas e tabelas de freqüências para variáveis categóricas. Para verificar associação ou comparar proporções será foi utilizado o Teste X² (Qui-quadrado) ou Teste Exato de Fisher, quando necessário.
7 RECURSOS FINANCEIROS
Produto Quantidade Valor Unitário Valor Total
Computador 01 1800,00 1800,00
Impressora 01 240,00 240,00
Papel A4 03 15,00 45,00
Deslocamento - 150,00 150,00
TOTAL R$ 2235,00
8 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Atividades Março
2011 Abril
2011 Maio
2011 Junho
2011 Julho
2011 Agosto
2011 Setembro
2011 Outubro
2011
Levantamento Bibliográfico X
Elaboração do Projeto X
Coleta dos dados X X X X
Análise dos resultados X X
Redação Final
X X
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
ANEXO A - FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
Idade Materna: _________ meses Idade Gestacional_________________________
Número de gestações________________ Número de Abortos__________________
Residente: Zona Rural ( ) Urbana ( ) Estado Civil____________________
Grau de Escolaridade: _________________________________________________
01) Já apresentou crises convulsivas? ( ) Sim ( ) Não
Qual medicamento utilizou______________________________________________
02) Durante a gestação faz uso de anticonvulsivante? ( ) Sim ( ) Não
Qual medicamento utiliza_______________________________________________
03) Apresenta problemas na Glândula tireóide (Hiper ou Hipotireoidismo)?
( ) Sim ( ) Não
Durante a gestação ainda toma o medicamento? ( ) Sim ( ) Não
Qual________________________________________________________________
04) Fez uso de contraceptivos durante o início da gestação sem saber que estava grávida?
( ) Sim ( ) Não Qual________________________________________________
05) Fez uso de algum antibiótico durante a gestação?
( ) Sim ( ) Não Qual________________________________________________
06) Fez uso de algum anticoagulante durante a gestação?
( ) Sim ( ) Não Qual________________________________________________
07) Apresenta muita náusea e vômito durante a gestação? ( ) Sim ( ) Não
Toma algum medicamento? Qual_________________________________________
08) Já fez quimioterapia? ( ) Sim ( ) Não
09) Já tomou cortisona durante a gestação? ( ) Sim ( ) Não
10) Você tem hipertensão? ( ) Sim ( ) Não
Toma algum medicamento? Qual_________________________________________
11) Você tem diabetes? ( ) Sim ( ) Não
Toma algum medicamento? Qual_________________________________________
12) Fez exames de sangue para identificação de rubéola, toxoplasmose, citomegalovirus e outras doenças no início da gestação? ( ) Sim ( ) Não
13) Já teve alguma DST? ( ) Sim ( ) Não
Toma algum medicamento? Qual_________________________________________
14) Toma algum calmante ou ansiolítico? ( ) Sim ( ) Não
Toma algum medicamento? Qual_________________________________________
15) Fez uso de algumas das substâncias abaixo antes da gestação?
( ) bebidas alcoólicas ( ) Cigarros ( ) Maconha
( ) Cocaína ( ) Anfetaminas ( ) Heroína
Outras drogas________________________________________________________
16) Foi uma gravidez planejada? ( ) Sim ( ) Não
Outras informações:___________________________________________________
___________________________________________________________________
Autor: Ana Paula Pinheiro
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