A MALDADE DO HUMANO



Não são poucas às vezes, que fico chocada com a maldade das pessoas. Tenho a impressão de que a maldade vem numa crescente e confesso que isso me assusta, porque ainda acredito na pureza do ser humano.


Infelizmente tenho que reconhecer que essa pureza a que me refiro talvez se trate de um idealismo meu. Afinal, os opostos fazem parte da vida do humano; somos bons e maus, alegres e tristes, felizes e infelizes e por aí segue. Só que por vezes me defronto com situações que fogem da normalidade, ou seja, quando percebo que a pessoa maldosa procura outro, para poder dar vazão a sua maldade.


Fico amedrontada quando ouço uma pessoa dizer que se aproximou de alguém para poder se "vingar", relatando quais os artifícios que utilizou para conseguir atingir o seu objetivo. Quando isso ocorre no "setting" terapêutico, é mais fácil, por poder interpretar e fazer o paciente pensar sobre o seu funcionamento e o quanto está atestando a sua "maldade". Porém, quando isso é percebido fora desse contexto, é complicado.


Geralmente a pessoa maldosa procura seduzir a sua "vítima". Para isso, utiliza-se de artifícios que o permitam descobrir os pontos fracos, as carências daquela pessoa, mostrando-se prestativa, querida, solícita, capaz de ajudar a resolver as fragilidades que ela demonstra ter. Assim, conseguirá conquistá-la, fazendo com que jamais ela possa desconfiar de toda sua "generosidade".


O objetivo do "maldoso" é fazer com que a sua "vítima" crie uma dependência emocional dele. No momento que percebe que conseguiu atingir suas expectativas, dá um jeito de criar uma situação para decepcioná-la, lhe causando-lhe um prejuízo enorme em sua vida psíquica.


A decepção e a desilusão são tão catastróficas, que muitas vezes é percebida pela vítima como se houvesse ocorrido uma morte psíquica, devido à dificuldade que tem de reestruturar o seu self. Sem sombra de dúvida que essas situações deixam marcas irreparáveis na vida de uma pessoa, que mesmo passando por um processo psicoterápico, não conseguirá se livrar totalmente das marcas deixadas pelo seu "agressor". Em vários momentos de sua vida, as lembranças virão e com elas as dores de ter sido enganada, de ter perdido os valores que trazia consigo.


Tenho visto muito isso nos relacionamentos, sejam esses afetivos ou de amizades. A pessoa que tem esse tipo de funcionamento, porque nem sempre a maldade vai se dar por um processo de vingança,mas por ser um traço de personalidade da pessoa, não pensa nos danos que causará na vida do outro e que esses podem ser irreparáveis.


Por isso, é bom que a gente possa parar e pensar sobre certos assuntos e analisar se não temos esse tipo de comportamento em relação aos outros, ou se já não fomos vítima de alguém. Hoje a maldade é tão comum, que ela passa a ser tratada de forma banalizada e não podemos aceitar isso. Pelo contrário, precisamos acabar com isso, procurando resgatar a essência do ser humano, que é pura.





Autor: Anissis Moura Ramos


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