Diferenças



Com a chegada do frio, escrever, pra mim, fica um pouco mais difícil. Não que a friagem ataque minhas juntas ou que as pernas não suportem estar sentadas tanto tempo na frente do micro, mas, são na verdade as idéias que me fogem da cabeça.
Confesso que o charme do inverno, os dias cinzentos, as garoas na madrugada não me atraem. Me sinto um tanto depressivo com esse clima. Vejo as pessoas passarem encolhidas, portando casacos pesados, de cara acabrunhada e baforando as mãos na esperança de aquecê-las um pouco. Estas cenas me deixam um tanto triste, sei lá! Pra dormir até que é interessante, mas pra levantar...
Tudo que você toca está gelado. Os talheres, o banco do carro, a maçaneta da porta e o focinho do cachorro. Opa, peralá, o focinho do cachorro está sempre gelado!
Sou fã mesmo é do calor. Prefiro praia a campo, cerveja a chá e bermuda a abrigo.
Poder dar uns mergulhos sem se importar com a temperatura da água, passear de moto, sentar a sombra e bater aquele bom papo furado nos finais de semana ? e por que não no meio dela também. Ok, tudo isso é possível fazer no frio, mas, parece que no frio falta assunto. Pelo menos pra mim que sou um apreciador dos climas calientes.
Às vezes fico pensando, como é que alguém consegue sobreviver em um lugar tipo Londres, onde a temperatura raramente pipoca os 25 graus, ou a Groenlândia, onde o gelo abunda, quase que literalmente!
Mas ai me vem à cabeça uma coisinha difícil chamada diversidade.
Digo difícil, pois todos temos, uns em menor grau e outros em maior, certa dificuldade de aceitar essa diversidade humana, principalmente quando ela está muito próxima a gente. Alguns detalhes que são coincidentes ao nosso modo de ver e entender são aceitos com muita facilidade, mas, quando se trata de algo diferente em demasia, a gente tende a torcer o nariz e achar que aquilo está errado.
Pensando assim, muitas vezes deixamos de aceitar um relacionamento mais próximo de alguém e colocamos a margem a possibilidade de aumentar nosso círculo de amigos. Obviamente me refiro à diversidade dentro de uma linha aceitável e não de uma forma imoral.
Sempre buscamos nas pessoas que nos rodeiam, as mesmas afinações que temos. Os mesmos gostos, a mesma forma de pensar, mas, é exatamente nessa amalucada mistura que reside a melhor receita de amizade. Formas distintas de ver o mesmo problema, maneiras diferentes de encarar a mesma situação. Vale tudo e tudo fica melhor quando aceitamos essas diferenças.
Mas, meu amigo, eu sei que não é tão fácil quanto colocar no papel, no entanto, faz-se imprescindível a tentativa dessa aceitação.
Há uns dias atrás, fiquei muito constrangido por ter, exatamente, deixado de lado essa maneira de se portar. Cada vez mais é preciso respirar e buscar complacência.
Deixamos passar muitas oportunidades de colocar em prática esse ato de aceitação e por vezes não paramos pra pensar que as pessoas que estão a nossa volta também estão sendo complacentes conosco, afinal, ninguém é igual a ninguém. Somos aceitos como somos e esquecemos de aceitar a diferença de outrem.
Mas é essa a batalha diária de nossa vida. A busca incessante do aperfeiçoamento de si mesmo em todos os mínimos detalhes. Ninguém, que eu saiba, quer sair daqui pior do que chegou.
O bom de tudo isso é que podemos sempre retomar nosso curso e buscar o caminho correto, independente dos deslizes cometidos.
Abraços a todos,
Estamos a bordo

Autor: Clovis De Mello


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