Características Do Ensino Da Redação Em Londrina
Vejo que há uma defasagem no ensino da língua portuguesa que se revela nos textos dos alunos, demonstrando que, mesmo com a insistência da escola em priorizar a norma culta com base em regras gramaticais, ainda assim, o aluno não está apresentando mudança de estágios como se espera, quanto aos níveis de aquisição da linguagem.
Em conseqüência dessa defasagem, o conhecimento lingüístico do aluno tende a uma estagnação, revelando uma cristalização do seu dialeto nas fases da influência dos amigos e da vizinhança, acarretando uma manutenção desse estágio durante as séries do 1o e 2o graus, chegando ao Curso Superior ainda no mesmo nível e, na maioria das vezes, até quando esse aluno busca uma profissionalização.
Utilizei o modelo laboviano para entender até que ponto o professor pode intervir para auxiliar o aluno nas mudanças de estágios, acompanhando-o nesse processo através do diálogo.
Refletindo sobre os níveis de aquisição da linguagem e a dificuldade que os alunos enfrentam no momento de criar conhecimento e na passagem para a transformação desse conhecimento, passei a crer que o problema é muito mais complexo do que é possível supor, pois está na dependência de outros fatores: do preparo do professor para ensinar a escrever, da metodologia que ele utiliza, dos objetivos que são priorizados para a escrita, do entendimento da família quanto à função social da escrita e da valorização dos que sabem e gostam de escrever e de ensinar a escrever, pela sociedade .
Mediante os resultados da minha pesquisa, durante o curso de mestrado em Filologia e Lingüística de Língua Portuguesa, foi possível constatar três características básicas do ensino de redação nas escolas de Londrina: todas as atividades de gramática são efetuadas completamente isoladas dos problemas dos textos dos alunos; o dialeto padrão utilizado na escola só serve na hora da aula, também desvinculado dos desvios do dialeto dos alunos, sem nenhuma preocupação de descrição, análise e estratégias de escolhas para utilizar em diversas situações; o tratamento dado à leitura apenas como pretexto para avaliar gramática e interpretação, sem vincular à literatura nem à redação.
Essa postura das escolas pesquisadas retrata uma realidade comum em todas as escolas de região, visto que recebem alunos de diversos pontos da cidade. Isso dificulta a emancipação desses alunos como cidadãos, pois dificilmente é externado o pensamento deles ou então, os textos são cópias e reproduções mal feitas de outros textos ou propostas de redação que já apareceram em concursos públicos.
Neste sentido, analisando os resultados da pesquisa, percebi que o ensino de Língua Portuguesa em Londrina, especialmente nas escolas em questão (Mercedes Martins Madureira, Hugo Simas, Vani Ruiz, Vicente Rijo e Colégio São Paulo), embora apresentem uma tendência interacionista e operem com atividades voltadas para a construção do conhecimento (o que já é um grande avanço) ainda deixam a desejar quanto ao ensino de redação. Necessitam tomar uma direção, no sentido de exigir que seus alunos vivam o ato de escrever na escola, para utilizar na vida, e não só para aprender a ler/interpretar lições de livros didáticos, mas interpretar todo tipo de texto e escrever sobre qualquer assunto, com significado e utilidade.
Para que isso aconteça, proponho que as escolas em questão renovem seus planos político-pedagógicos envolvendo as diversas áreas do conhecimento em projetos coletivos, priorizando a interdisciplinaridade e a exploração de várias linguagens na manifestação do conhecimento. A utilização de recursos criativos como oficinas de leitura, clubes de pesquisas, grupos de estudos e projetos de monitoria são estratégias que fogem da rotina escolar as quais os professores podem adotar para alcançar a amplitude, unidade e diversidade de sua disciplina.
Neste trabalho relato experiências com oficinas de leitura e produção de textos no Curso Superior, bem como procedimentos com disciplinas especiais envolvendo a interdisciplinaridade numa abordagem pragmática nos cursos de História, Ciências Sociais, Processamento de Dados, Pedagogia, Letras, Ciências Contábeis e Secretariado Executivo. Com essas experiências pretendo comprovar que a cada novo plano e a cada nova execução verifico o crescimento que vou adquirindo como profissional, além de perceber a necessidade de sempre estar buscando mais conhecimento para atender a um novo grupo.
Autor: Djalmira Sá Almeida
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