A cama e a teima.
Li algumas coisas tuas, lembrei do tempo em que era tudo mais simples, mais fácil, menos complexo, menos mistério, menos você e eu. Bons tempos, não voltam.
Li também uma piadinha muito engraçadinha, que me fez rir por alguns segundos, daí eu quis contar pra você e pensei, puta merda. Voltei a chorar.
Chorar por quê? Se não tínhamos nada? Não sei.
O fato é que você ficou esse tempo todo me enxergando como uma cama, tu senta, tu deita, tu te descansa e depois vai viver sua vidinha sem nem se lembrar da podre da cama ? que te descansou por tanto tempo, que te cuidou, te deu tudo o que tu precisa, e ô, tu vai lá e te esquece da cama, pô. Não dá. Vai dormir num sofá desses bem vagabundo mesmo, que você nem consegue acordar no dia seguinte por causa da dor nas costas. Poxa, eu sempre quis ser tão leve, tão macia, nem que seja só pra você sentar um pouquinho e ir embora.
pouquinho e ir embora.
E sabe outro fato? Nunca consegui te enxergar apenas como uma cama, pensei que, talvez, quem sabe, eu pudesse ficar deitada na cama pra sempre, dividir uma história com ela e sonhar sempre e ter sempre uma ótima noite de sono. Enganada, mil vezes eu estava lá, mais uma vez, enganada. Terrivelmente enganada.
A verdade é que eu to sempre tentando fugir, e você aparece sempre querendo me alisar, e eu te deixo entrar na minha casa, porque no coração você já está. Preciso também dizer que sempre esteve.
E eu sei que você não sente nada por mim, aquela velha historinha de ?? vamos dar tempo ao tempo.. ?? Não pense que eu não conheço, não pense que sou boba, eu sei. Infelizmente sei que, isso, só quer dizer ?? deixa eu dar uma deitadinha em você pra depois fingir que estou estranho ?? E você chega com aquele seu jeitinho de me-dê-mais-um-pouquinho-de-você.
E aí eu dou.
E não pense você que faço isso por falta de valor próprio. Antes de gostar de você, gosto de mim e você sabe disso, porque te deixei pelo mesmo motivo. Faço isso porque, incrivelmente, depois de tantas palavras e noites mal dormidas esperando você dar uma mínima alisada em mim, ainda te quero como nunca. E eu sei que você me quer, e que pensa em mim nos teus dias mais esquisitos, e que sente muito a minha falta. Mas ás vezes você prefere o sofá. Aquele mesmo vagabundo que te troca, que te machuca as costas, você quer ele..
E a pobre da cama fica sozinha mais uma vez.
E eu choro tanto, chora tanto que.
Ai que dor de cabeça.
Autor: Thais Pifano Mendes
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