A Importância Das Habilidades Para A Compreensão Leitora



Mary Oliveira

Introdução.

Este artigo tem como objetivo abordar aspectos que fazem parte das habilidades de leitura dos alunos do ensino fundamental, precisamente de 5ª e 6ª séries, habilidades que possibilitam o aluno, compreender e interpretar não só as tarefas relacionadas à disciplina de Língua Portuguesa, mas também outras disciplinas.Isto é, o aluno compreende não apenas o contexto escolar, mas o contexto de sua própria vida e do mundo.

A leitura é uma das habilidades importantes e fundamentais que podem ser desenvolvidas pelo ser humano.

É a partir da leitura que o aluno pode compreender e entender a realidade em que está inserida e chegar a importantes conclusões sobre o mundo em que vive e os aspectos que o compõem.A habilidade de leitura é essencial e da suporte para o estudo de outras áreas do conhecimento, essas habilidades ultrapassam a uma simples decodificação, na verdade, vão além da própria compreensão do que foi lido. A leitura é um processo no qual o "Leitor" é um sujeito ativo que processa o texto e este lhe proporciona seus conhecimentos, o próprio leitor constrói o sentido do texto, segundo Orlandi (2006.p.38) considera que o leitor não apreende meramente um sentido que está lá; o leitor atribui sentido ao texto... E isto lhe traz informações, conhecimentos etc.

Mas quais são os conhecimentos e habilidades de leitura que o aluno deve ter? A habilidade que se deve ter de leitura não é somente decodificar, é muito mais que isso, a boa leitura deve incluir algumas etapas como: decodificar, compreender, interpretar e reter.

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AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA

1- DECODIFICAÇÃO: o leitor decodifica os símbolo, pois é uma leitura superficial e incompleta, mas é importante fazê-la, sendo um importante passo para a outra etapa que é a compreensão.

Segundo Ângela Kleiman (Pontes, 1993.), "as práticas de leitura como decodificação não modificam em nada a visão de mundo do leitor, pois se trata apenas de automatismos de identificação e pareamento das palavras do texto com as palavras idênticas em uma pergunta ou comentário".

2-COMPREENSÃO: esta etapa o aluno vai captar o sentido do texto lido. Para saber o assunto do texto, qual a tipologia usada, e o que o autor pretende passar e ser capaz de sintetizar em poucas linhas a essência do texto.

Compreender pressupõe saber como um objeto simbólico produz sentidos, através da exposição à materialidade dos processos de significação presentes no texto. (Orlandi, 1.999, p. 26).

3-INTERPRETAÇÃO: aqui o aluno já pode e deve interpretar uma seqüência de idéias ou acontecimentos que

estão implícitos no texto, se não o compreendeu, não conseguirá interpretar os sentidos do texto que não estão

explicitados.

Interpretar, pois, não é apreender, mas atribuir sentidos, mesmo porque eles existem priori.Não sendo

livre de determinações, os sentidos são muitos, mas não quaisquer, porque atrelados à memória, tanto

a institucionalizada, ou seja, o trabalho social da interpretação, em que distingue quem tem e quem não

tem direito a ela, quanto à constitutiva, ou seja, o interdiscurso, o trabalho histórico da constituição.

da interpretação (o dizível, o repetível).(Orlandi,1996, p.68)

4-Retenção: seria a capacidade de absorver as informações trabalhadas nas etapas anteriores e aplica-las, fazendo analogias, comparações reconhecendo o sentido das linguagens ou subentendidas, aplicar em outros contextos refletindo sobre a importância do que foi lido fazendo um paralelo com seu cotidiano, aprendendo com isso a fazer suas próprias análises críticas.

Sabemos que ler não é fácil, não é só o mero gesto de ir a uma biblioteca pegar um livro e dizer "Leio sempre".Ler, todos sabem, mas está longe de ser uma tarefa fácil. É muito mais trabalhoso que ver t.v, ouvir música ou pensar na vida.Qualquer leitura exige o domínio da língua, além de tempo e conhecimento sobre o tema.(Ou melhor, vontade para aprender e descobrir).

Isso mostra como a leitura pode ser um processo bastante complexo e que envolve muito mais do que habilidades que se resolvem imediatismo da ação de ler.Saber ler é saber o que o texto diz e o que ele não diz, mas o constitui significamente.(Orlandi, 2006, p.11).

 

E é nos escritos que desvendamos outras culturas, que hábitos e histórias diferentes se revelam para nós, que compreendemos, de fato, o sentido da expressão diversidade (idéias, vivências, experiências, sonhos etc.).Talvez esse gesto de "ler" é a coisa mais importante que a escola tem a ensinar aos seus alunos.MAS ENSINAR DE QUE MANEIRA?

O que o professor deve fazer é conhecer seus alunos no que dia respeito ao estilo de vida, culturas e ideologias, e tomar como ponto de partida as várias experiências vividas pelos alunos.Essa é à base de uma preparação de aprendizagem de leitura, não esquecendo de valorizar as opiniões e gostos desses alunos, mas é preciso também que o professor planeje uma nova maneira de dar aulas, um novo jeito de ensinar, que fascina os alunos e os leve ao prazer e o gosto pela leitura, esse novo jeito de ensino pode abranger novas tecnologias e outras formas de artes que segundo, Orlandi (2.006) "A convivência com a música, a pintura, a fotografia, o cinema, com outras formas de utilização de som e com a imagem, assim como a convivência com as linguagens artificiais poderia nos apontar para uma inserção no universo simbólico que não é a que temos estabelecido na escola. Essas linguagens todas não são alternativas. Elas se articulam. E é essa articulação que deveria ser explorada no ensino de leitura, quando temos como objetivo trabalhar a capacidade de compreensão do aluno".Essa mudança no ensino de leitura vai levar ao aluno o gosto pelo "ler".

Aquele que lê, enriquece seu vocabulário, abre novos horizontes, entra em contato com pensamentos e opiniões diversas, com diferentes pontos de vista. Por meio da leitura, o ser humano cresce e conhece o universo mesmo porque o leitor atribui sentidos ao texto (Orlandi. 1.988) e descobre formas diferentes de aprendizagem, ler a vida, ler no sentido de interpretar, observar, refletir etc. Porém, se somente ler um grande número de obras apenas decodificando caracteres e não conseguir ler seu entorno, dificilmente crescerá na "escola da vida".

"Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender.

Ler o mundo, compreender seu contexto, não numa manipulação mecânica

de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade" ( Freire, 1.994, p.8).

DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE LEITORA

O aluno somente terá habilidade de leitura se realmente tiver o hábito de ler.Mas, como fazer com que esses alunos tenham o gosto pela leitura?

O gosto pela leitura não surge de uma hora para outra. Apesar de algumas crianças terem o gosto pela leitura sem ser imposto pelo professor, elas são a minoria, e depende muito da influência dos pais que incentivam este ato desde os primeiros anos de vida.

O professor depois dos pais tem papel fundamental no desenvolvimento de hábitos e habilidades de leitura dos alunos, porém, não deve ser imposto o que os alunos devem ou não ler. O professor deve levar em conta as diversidades dentro da sala de aula, valorizando os gostos e opiniões formadas pelos alunos e para despertar o gosto pela leitura nos alunos, eles devem ter autonomia de escolher o que quer ler.

OS PAIS: GRANDES INCENTIVADORES DA LEITURA

A leitura não é só responsabilidade dos professores, os pais possuem um grande papel nesse processo de leitura.Antes mesmos de iniciarem a vida escolar, os pais devem incentivar a leitura, reservando algumas horas para ler livros infantis para eles.Depois de alfabetizados é relevante que essa prática continue.

Os pais devem evitar expressões que desanimem seus filhos como "Está errado!" ou "Está lendo mal!", deve-se utilizar expressões que incentivem a leitura como "Vamos ler juntos...", "Muito bem, vai ser bom" leitor!"e também apontar para as palavras à medida que, lentamente, as lê. Deve-se aumentar a auto-estima da criança, fazendo elogios aos seus progressos".

É de suma importância variar os gêneros, propondo leituras de livros infanto-juvenis, H.Q, fábulas, contos, matérias jornalísticas, textos informativos, etc.

Falar sobre o livro que o aluno vai ler é interessante, aguça a curiosidade, principalmente quando se deixa em aberto o final da história, assim o aluno vai querer saber como a história vai terminar.Ao final é fundamental discutir sobre o que leu, se entendeu, como interpretou a história e ensiná-lo a fazer um paralelo com algum exemplo do cotidiano. Os pais devem juntos com seus filhos, visitar bibliotecas e deixar que tenham contatos com os diversos livros e aprender a escolher aquele que mais lhe agrada.Mas este é um processo que não deve ser forçado, deve haver um interesse por parte da criança, para que esse processo seja prazeroso e não obrigatório.

CONCLUSÃO:

A dificuldade de nossos alunos em relação à leitura, interpretação de textos e imagens ocasiona dificuldade de assimilação e compreensão em todas as disciplinas. O estímulo à leitura tem como objetivo a formação de leitores competentes, capazes de ler e compreender qualquer tipo de texto com competência e só assim exercer a plena cidadania.

Muitos alunos lêem, mas não conseguem compreender o que leram, apenas decodificam os signos da língua, ou seja, são alfabetizados funcionais. Conseguem ler pequenos textos, mas à medida que se depara com textos que apresentam maior complexidade, as dificuldades de interpretação e compreensão aparecem.

Se nossos alunos forem estimulados a ler, o hábito e o gosto pela leitura podem ser desenvolvidos, auxiliando o aluno na assimilação e compreensão em todas as disciplinas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Orlandi, E.P. Discurso e Leitura. 7ª ed. – São Paulo: Cortez, 2006.

Orlandi E. P. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1.996.

Freire, Paulo. A importância do ato de ler. 29ª ed. –São Paulo, Cortez, 1.994.

Geraldi, J.W.(org.) O texto na sala de aula. 3ª ed. – São Paulo, Ática, 2002.

Kleiman, A. Oficina de Leitura: Teoria e prática. Campinas, Pontes, 1993.


Autor: mary oliveira


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