Alfabetização na sociedade e na história: vozes e palavras e textos



FRAGO, Antonio Viñao. Alfabetização na sociedade e na história: vozes e palavras e textos.Trad.Tomaz Tadeu da Silva e outros. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, p. 29- 68.
Sabemos que a alfabetização é um assunto polêmico e investigado por muitos; sendo que Antonio Viñao Frago em seus estudos apresenta um panorama sobre o analfabetismo na Espanha. O mesmo afirma que:
"Aproximadamente, 75% da população de dez anos e mais, até 1850, não sabia ler nem escrever" (FRAGO: 1993 p.29).
Cientes que esta realidade apresentada, não é somente mérito da Espanha e sim realidade de vários países do terceiro mundo, incluso
ai o Brasil. Mas voltando ao estudo de Frago ao sistematizar seus estudos onde o mesmo conclui que:
"O analfabetismo é conseqüência da ausência de um processo de alfabetização. O que deve ser estudado, portanto, são as causas, agentes e modos de realização deste último. Ao inverter o enfoque tradicional, os estudos sobre esta questão foram enriquecidos com contribuições sobre a história dos processos de comunicação oral e da difusão da leitura e escrita, superando as limitações metodológicas do referido enfoque. Por sua vez, isso permitiu situar, o atual fenômeno do analfabetismo e da alfabetização nos países do terceiro mundo numa perspectiva mais ampla, que explica boa parte dos fracassos das campanhas de alfabetização promovidas nos últimos anos". (FRAGO, 1993; p.30).
O relevante não era mais o analfabetismo, mas a alfabetização, como processo de identificação dos interesse e bases ideológicas que o motivam e o legitimavam, dos agentes que o impulsionavam ou o freavam, de seus modos e procedimentos, e a análise de sua difusão temporal, espacial e social. Esta inversão no objeto, métodos e enfoque abriu novos campos de investigação e possibilitou uma série de questões ...(Idem, Ibidem).
Frago aponta diferentes estudos, realizados nos últimos anos, sobre o processo de alfabetização no Ocidente. [...] O mesmo diz que:
"... a história da alfabetização tem adquirido autonomia nos últimos anos, em relação a história da escola". (Frago; 1993, p.36).
Em sua tese central, Frago apresenta sua pergunta ? chave: que agentes sociais e institucionais, ideologias, motivações, fatos ou fatores influíram, por exemplo, na Inglaterra, Suécia, Prússia ou França, que não estiveram presentes na Espanha, para que em 1900 alcançássemos o nível inglês de meados do século XVIII, e, no período de 1960-70, as taxas de alfabetização da Prússia e Suécia em, meados do século XIX ou da França em princípios do século XX ?
Em síntese os estudos realizados sobre o processo de alfabetização na Espanha "do século XVI ao XIX permitem nos aventurar algumas hipóteses sobre sua evolução, muito arriscadas, mais úteis com ponto de partida para contradizer, confirmar ou matizar em investigações ulteriores" (FRAGO; 1993 p.57).
Acredito que não seja errôneo afirmar que no Brasil, como na Espanha, a alfabetização foi utilizada como: ordem, disciplina, controle social e ideológico. Assim podemos concluir que a alfabetização ao longo tempo, foi e continua sendo um traço sócio-educativo cultural muito significativo.
RODRIGUES, Alessandra Pereira Carneiro-Mestranda em Educação UFMT/CUR
SEGANFREDO, Nágila de Moura Brandão- Mestranda em Educação UFMT/CUR



Autor: Alessandra Pereira Carneiro


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