UM ESTUDO LÉXICO - SEMÂNTICO DO I CANTO DE OS LUSÍADAS
Por Walter Ap. Gonçalves
Relatório da disciplina de Produção de Textos II do 2º semestre do curso de Letras do Campus Universitário de Pontes e Lacerda, apresentando como requisito das atividades de Prática como Componente Curricular.
Prof. Dr. José Leonildo Lima
Pontes e Lacerda, MT, Brasil.
2010/2
Objetivos
Estabelecer um estudo léxico semântico sobre o I Canto de Os Lusíadas de Luís Camões
Revisão bibliográfica
Segundo Oliveira (2001, p. 13)" o léxico de uma língua natural constitui uma forma de registrar o conhecimento do universo. Ao dar nomes aos seres e objetos, o homem os classifica simultaneamente. Assim, a nomeação da realidade pode ser considerada como a etapa primeira no percurso científico do espírito humano de conhecimento do universo".
Oliveira (2001, p. 19) diz ainda que "o estudo do léxico nosfaz trilhar pelos caminhos da história do homem, ou seja, de suas relações com o meio, com o outro, consigo mesmo; e, além disso, o léxico de uma língua natural pode ser identificado como patrimonio vocabular de uma dada comunidade linguística ao longo de sua história. Assim, para as línguas de civilização, esse patrimônio constitui um tesouro abstrato,ou seja, uma herança dos signos lexicais herdados e de uma série de modelos categoriais para gerar novas palavras.
De acordo com Oliveira (2001, p. 20) "No espaço contínuo do conhecimento, a função referencial da língua mapeia um repertório discreto e inumerável de símbolos ? o léxico". "Dessa maneira, todo conhecimento do universo é transferido para o léxico em virtude da relação que se estabelece entre cada um dos itens lexicais e o espaço referencial designado".
Mas é talvez na área lexical, que residem as maiores ou mais sensíveis diferenças entre, língua falada e língua escrita, no sentido, desigual, de haver termos comuns na língua, coloquial falada, inconcebíveis ou indesejáveis na língua escrita; e haver termos razoáveis na língua escrita que, embora não impossíveis, são desusados ou soam estranho na língua falada.
Um dos casos mais evidentes é o do verbo fremir, citado por Câmara Jr. como exemplo de item lexical que não sofreria o processo de harmonização vocálica: existem então inúmeros outros, tais como a preposição sob, o verbo redarguir, e assim por diante.
Dentre as formas faladas que não cabem na língua escrita podemos citar, por exemplo, o verbo botar, o substantivo coisa substituindo palavras mais específicas, adjetivos como bonito ou gostoso em função adverbial, e assim por diante. Do mesmo modo que temos itens lexicais diferentes, no sentido de que certos itens só se usam com propriedade na língua escrita, enquanto outros são característicos da língua falada a distinção se verifica também no que diz respeito a processos de formação.
Conforme Houaiss (2003), a palavra semântica tem os seguintes significados:
Rubrica: linguística. Estudo sincrônico ou diacrônico da significação como parte dos sistemas das línguas naturais; 2 Rubrica: linguística num sistema linguístico, o componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados 3Rubrica: filosofia, lógica. Teoria abstrata da significação ou da relação entre os signos e seus referentes (em oposição à sintaxe e à pragmática), e constituindo com estas uma semiótica 4 Rubrica: filologia. ciência que estuda a evolução do significado das palavras e de outros símbolos que servem à comunicação humana.
A semântica deriva-se do sema, sinal que se refere ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o mesmo fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.
Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em consideração por exemplo a: Sinonímia: Que é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes; a Antonímia que é a relação que se situa entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os antônimos; Homonímia que é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos; Homógrafas são palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia; Homófonas palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita; Perfeitas palavras idênticas na pronúncia e na escrita; Paronímia fala sobre relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos;
Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados; Conotação o é o uso da palavra com um significado diferente do original e Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Metodologia
Para efetivação desta pesquisa, sobre o uso do léxico - semântico utilizado por Luiz de Camões sem sua obra "Os Lusíadas", mais especificamente no I canto, foram realizadas leituras de livros, dicionários, consultas à biblioteca da Universidade do Estado de Mato Grosso ? Unemat, sites relacionados ao tema do presente trabalho.
Discussão dos resultados
Através do material utilizado na pesquisa, extraiu-se algumas palavras em que seus significados tiveram alterações como o passar do tempo, e que se tornaram obsoletas nos países em que a Língua Portuguesa é utilizada como língua padrão. Um exemplo é a palavra "frio" utilizada por Camões, que significa "medo" que se traduz por sentimento de viva inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário, de ameaça; pavor, temor, receio". E para a palavra "exício" que significa extermínio, destruição, perda total, ruína, morte, e que atualmente não está em uso no Brasil. Outro exemplo a palavra "vitupério" cuja significação diz respeito a insulto, injúria, ato vergonhoso ou infame que raras são as ocasiões em que é empregada na Língua Portuguesa, tanto no Brasil como em Portugal.
Conclusão
A seriedade de se conservar o vocabulário da Língua Portuguesa para que não se perca também a história que o envolve, traz aos leitores do presente a recriação de um passado semântico que nos leva a um futuro de novas descobertas na evolução constante do idioma. Estudar o emprego do léxico- semântico tem uma importância que merece ser examinado sempre, pois ele está presente na história da Língua Portuguesa.
Referências
BASÍLIO, Margarida, Teoria Lexical, Ática. São Paulo: Ática, 1989.
CAMÕES, Luiz de. Os Lusíadas: São Paulo. Editora Martin Claret, 2002.
ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001.
OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO, Aparecida Negri (Org.). As ciências do Léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: Ed. UFMS, 1998.
WIKIPÉDIA, Enciclopédia digital Livre, http://pt.wikipedia.org/Semântica
Autor: Walter Ap. Gonçalves
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