Ética? E eu com isso?
No ambiente corporativo vemos e ouvimos vez por outra que um determinado profissional foi demitido, pois era suspeito de espionagem ou tráfico de informações. Diz a lenda que Bill Gates trabalhou na Apple, roubou ideias e segredos para em seguida fundar a Microsoft. Certa vez Steve Jobs sobre isso disse: "Como eu me sinto com Gates ficando rico com as ideias que tivemos... bem, a meta não é ser o homem mais rico do cemitério". Outro caso "famoso" é o da Coca-Cola que teve acesso a segredos de estratégias de vendas e marketing da rival Pepsi. A marca Pepsi era franquia do grupo argentino Baesa e tinha como objetivo aumentar sua participação no mercado brasileiro de refrigerantes, controlado pela Coca-Cola, que dominava cerca de 50% das vendas, comparado com 6% da Pepsi. A Baesa tinha como objetivo chegar a 30% de participação no mercado em poucos anos. Foi descoberto que um técnico de som gravou reuniões da Baesa e entregou as fitas das conversas à Coca-Cola, que ficou sabendo de todos os planos estratégicos da Pepsi, podendo assim tomar as medidas adequadas para se prevenir. A Pepsi, que conseguiu aumentar as vendas no começo para 8% do mercado, despencou para 4% em tempo muito curto e depois de seis meses o grupo Baesa vendeu a franquia da Pepsi para a Brahma.
Poderíamos citar vários outros casos envolvendo marcas conhecidas. Reduzindo a discussão para micro-ambientes, um conhecido meu tem uma fórmula de molho especial para sanduíches, que não conta nem para a esposa. Mesmo no período em que não atuava no segmento de alimentação, agora voltou, divulgou a tal receita. Outro exemplo parecido, empresário do setor de veículos, um amigo de longa data, descobriu, não sei como, um jeito de fazer doce de leite sem a adição de açúcar. Foi inclusive entrevistado em programas de Tv onde os jornalistas tentaram de todas as formas, sem sucesso, extrair o segredo. Posso garantir que o doce é uma delícia.
Mas onde queremos chegar, de maneira objetiva, com essa discussão? O objetivo é saber, ou propor uma reflexão, sobre até que ponto é interessante repassarmos os conhecimentos aos nossos funcionários e estagiários. Um autor, não me lembro o nome, afirmou que o conhecimento não vale absolutamente nada se não puder ser compartilhado. Por outro lado uma antiga professora minha do curso Gestão Estratégica em Marketing disse que devemos ensinar o "pulo do gato" e não o "puuuuuuuulo do gato", ou seja, nunca ensine tudo sob pena de criar um concorrente futuro.
Em época de concorrência desleal e acirrada é sempre prudente tomar certos cuidados. Os valores estão distorcidos, as pessoas não se respeitam e não existe consideração para com o outro, como afirmou Lobato em seu artigo. Hoje você estende a mão, apoia, ensina, ajuda, e amanhã poderá ser surpreendido com uma sonora bofetada. Pior, isso é normal. Por mais que saibamos disso, é difícil aceitar tal comportamento, considerado uma traição. Mesmo saindo do padrão clássico da traição, que remete-nos ao adultério, atitude assim pode ser tão dolorida e sofrida quanto. Mas o mercado é frio, pessoas são calculistas por estarem neste contexto. Embora simpatize mais com a teoria do citado autor desconhecido, não dá para desprezar a opinião da minha "querida e velha professora" Ruth.
Autor: Reginaldo Rodrigues
Artigos Relacionados
Qual A Diferença Entre Diferenciação E Posicionamento? Uma Abordagem Possível...
Texto Terceirização Benção Ou Maldição Para Competitividade E Competição Coca-cola E Pepsi. - Cap. 3 E 5 Do Livro Administração Estratégica (hitt, M. A.; Ireland, R. D.; Hoskisson, R. E)
História Da Coca Cola
Como Foi O Inicio Da Computação Pessoal E Dos Sistemas De Informação
Marketing Estratégico: A Força Da Marca Coca-cola Company
Guaraná Jesus: Premiação E Marketing
Lições Da Carreira De Sucesso De Steve Jobs