A evolução dos modelos de gestão e os benefícios para as organizações.



INTRODUÇÃO

Ao verificarmos em quais bases o currículo da Administração está
fundamentado, percebemos onde intimamente ligado está o papel do
profissional com a busca do aperfeiçoamento. Tal aperfeiçoamento, visto aos olhos de quem toma decisões em uma empresa, reflete o processo de teorias que lhe foram passadas. E nesta questão que nos ancoramos, ao pesquisar onde os modelos de gestão foram sendo formados e aperfeiçoados.
Para isso, adotamos a pesquisa fundamentada em Taylor para analisar
a Administração como ciência, embasando nosso referencial. Para
complementar essa visão usamos Bruno e Saccardo, dos quais incluímos
argumentações referentes aos modos de gestão. Naira Lápis auxiliou
mostrando o contexto histórico da evolução das teorias administrativas. Alves e Liker complementaram a transformação do modelo taylorista até o modelo toyotista. O artigo experimenta a explanação dos surgimentos das teorias situando-os num contexto histórico. A seguir, apresentam-se como tais modelos foram se moldando a outros tipos de empresa, colocando alguns pontos críticos dos modelos de gestão.
Uma nova visão ou uma retomada na essência das teorias da
administração com bases nesses modelos é uma experiência que deve ser sempre estimulada. Com esse estímulo foi que este artigo pareceu ser útil ao publico acadêmico, levando à luz do conhecimento científico.

1. SURGIMENTO DOS MODELOS

1.1 Taylorismo

O Taylorismo foi criado em um momento que havia extrema necessidade
de padronização das operações. Não podemos tirar o mérito de Frederick
Winslow Taylor, quando divulgava nos Estados Unidos os Princípios da
Administração Científica que conseguiu aperfeiçoar o processo produtivo tendo como idéia o alcance da excelência no "melhor tempo, na melhor maneira" (LÁPIS, 1993).

De acordo com o livro acima referenciado ? Princípios da Administração
Científica, o melhor método de se administrar uma empresa é através da
ciência chamada Administração Científica. Taylor defende a idéia da eficiência e eficácia, através do estudo de tempos e métodos elaborados por uma equipe técnica, selecionando trabalhadores específicos para cada atividade. Estes operários deverão ser treinados e supervisionados para que o trabalho seja o mais disciplinado possível. Além da racionalização do trabalho, Taylor considerava a necessidade de seleção e treinamento específico para cada tarefa, o incentivo monetário ao trabalhador, pagando-o por peça produzida e o treinamento pelos padrões definidos pela gerência sobre a tarefa a ser executada.

Em continuidade ao Taylorismo, no período de 1930-45 o Fordismo se
consolidou e se desenvolveu como o aprimorador das técnicas do Taylorismo. Seu objetivo era alcançar maior intensidade de trabalho e ganhos mais elevados de produtividade. Esse sistema de produtividade ficou conhecido como Just-in-Case.

Com isso, veio a integração da produção idealizada por Henry Ford
através de sua esteira mecânica materializando a expressão "linha de
produção". Tal inovação possibilitou maior controle dos tempos e movimentos defendidos veementemente por Taylor. O resultado disso é uma forma de produção semi-automatizada, com grandes volumes de bens padronizados destinados ao mercado de massa. Ou seja: o Fordismo enquanto produtor de bens destinados ao mercado de massa,
servia muito bem ao capitalismo dos países avançados daquela época,
colocando também do trabalhador a serviço da sociedade do consumo.

A abordagem americana é a de produzir e comprar em lotes econômicos, e
manter estoques de segurança entre processos para evitar parada de
produção quando houver problemas. SCHONBERGER, Richard;
SCHNIEDERJANS, Marc J. Reinventing inventory control. Interfaces, v.14,
n.3, p.76-83, 1984.

1.2 Toyotismo

Com o passar dos anos, o modelo Taylorista/Fordista foi deixando de
atender certas exigências tanto do mercado quanto do trabalhador. A
flexibilidade e a integração começaram a tomar parte do processo de
organização de trabalho. Com isso, havia a necessidade da incorporação de outros elementos para a definição de um novo padrão tecnológico e de gestão da força de trabalho.

O modelo japonês de produção foi criado pelo engenheiro japonês Taichi
Ohno, com base em visita às instalações da FORD nos EUA, e espalhou-se pelo mundo em meados dos anos 70. O enfoque passou a ser a produtividade econômica, com o aumento da produção visando à redução de custos, de acordo com o livro Gestão da Produtividade Aplicada aos Correios ? GPAC. (Brasília, 2005).

O Toyotismo incorporou um novo método de organização do trabalho,
com maior flexibilidade, menor concentração de estoques, um minucioso
controle de qualidade, produtividade econômica, eliminação de desperdícios e uma maior versatilidade do operário, que passou a ter um papel importante da detecção de erros durante a produção.

O Japão foi o local ideal para a implantação do Toyotismo, pois a falta
de recursos inviabilizava a produção em massa nos moldes do Taylorismo.
Havia um pequeno mercado consumidor, escassez de capital e de mão de
obra. A solução encontrada foi o aumento da produtividade com uma maior
variedade de produtos, voltada para o mercado externo.

2. ADAPTAÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO NAS EMPRESAS

2.1 Análise do modelo Taylorista

Sabemos que ocorreu uma evolução do Taylorismo. Na maior
parte dos sistemas produtivos da atualidade, são utilizados em alguns
momentos técnicas do Taylorismo, e em outros, técnicas do Toyotismo.
O que mais importa, na verdade, é manter a competitividade empresarial
utilizando conceitos que possam visar o aumento da produção com
redução de custos.

O Taylorismo consiste, principalmente, na separação do trabalho
intelectual (planejamento) do trabalho braçal (execução). Neste sentido,
podemos verificar esta separação em praticamente todas as atividades
operacionais de uma indústria, nas quais o funcionário somente executa
atividades, não participando do planejamento das mesmas, que é feito pelas áreas de suporte.

O modelo de Taylor sofreu retaliações na época, e seus estudos foram
chamados de mecanicistas, por considerar o conceito do homo economicus* ( o empregado tem motivação com relação ao ganho financeiro e material, gerando uma maior produtividade), sem considerar outros aspectos de fundamental importância. Embora tenha passado por duras críticas, Taylor afirma nas primeiras páginas de seu livro: "o principal objetivo da administração deve ser o de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado". (Taylor, 1911, p.nº. 24)

Entre os anos 70 e 80, se instaurou uma crise do Fordismo nos países
centrais, que demonstrava o esgotamento no padrão de crescimento
econômico, de acordo com Naira Lima Lapis. Também segundo a socióloga, instaurava-se uma situação de crise do Fordismo. Assim, se deu início à estruturação de novas formas de organização da produção e do trabalho. (LAPIS, 1992, p.n° 236)

2.2 Análise do modelo Toyotista

Era necessária uma reformulação do modelo americano de administração. O advento do modelo japonês no Brasil foi logo após sua implantação no Japão e sua disseminação pelos continentes, através da mundialização do capital, na década de 1980. Assim, o Toyotismo tornou-se a ideologia universal da produção sistêmica do capital (GIOVANI, 2001).
O Toyotismo estabeleceu novos parâmetros na produção industrial, com
o implemento da produtividade econômica, passando a desafiar a liderança imposta pelo modelo americano, até aquele momento. Podemos também observar essas tendências através do seguinte fragmento de texto:

No século passado, a partir da década de 70, a liderança industrial ? até
então incontestável dos Estados Unidos e da Europa Ocidental ? passou a
ser desafiada pelo Japão. Muito provavelmente esse fato esteja estreitamente ligado ao declínio da forma de organização do trabalho dominante nas empresas ocidentais. O modelo de produção fordista estaria, por isso, sendo substituído na indústria manufatureira em todo o mundo por novos conceitos e princípios. ANTUNES Jr., José A. V. (org.). Gestão da Produtividade Aplicada aos Correios ? GPAC. Brasília, 2005.

Embora possamos equivocadamente classificar o modelo japonês como
o do tipo ideal, sabemos que já existiam problemas, como a seguinte
transcrição:

"Os trabalhadores vêm trabalhar doentes. No Japão, isso se desenvolve no
quadro do trabalho em grupo: o ausente não é substituído e o time deve se
desembaraçar sem ele [...] aquele que não se sente bem vem para a
empresa ainda assim, para evitar sobrecarregar seus colegas. Em certos
casos, esses últimos foram procurar o doente para trazê-lo para a cadeia de montagem. Essa cadeia de caça aos doentes é introduzida de forma geral na indústria automotiva mundial" (GOUNET, 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É bastante visível a evolução dos modelos de produção, desde a
publicação dos Princípios da Administração Científica, por Frederick Winslow Taylor. Sabemos que ambos os modelos possuem características específicas, e que as organizações estão em evolução contínua, podendo coexistir princípios de ambos os modelos, de acordo a necessidade de serviço ou do próprio mercado.

Embora possamos considerar que as teorias de Taylor sejam ultrapassadas, sabemos que mesmo em pleno século XXI, passamos por dificuldades evidentemente similares às daquela época. Especificamente no Brasil, costumamos importar técnicas, sem considerarmos as demais
particularidades regionais que seriam de extrema relevância.

Considerando todas as tentativas do homem em aperfeiçoar o trabalho
através de tais técnicas, podemos constatar que o trabalho efetivo foi sendo
aperfeiçoado e possibilita gerar maiores lucros para as empresas. Todavia, é notável que ele seja falho em diversos aspectos. O ser humano é considerado apenas um executor nos modelos taylorista - fordista, um ser que não pensa, e que não consegue criar melhorias. Já no Toyotismo, o operário pode vir a incorporar mudanças, sem a necessidade de avaliação de métodos feita pelo corpo gestor. A interpretação mais equivocada possível é a de que o sistema Just-in-Time tenha uma menor produtividade que o Just-in-Case. Na verdade, os níveis de produção são bastante similares, com a diferença crucial de que o operador tem certa autonomia de interferir, caso seja detectada alguma falha, mas não ao ponto de interromper o processo produtivo, como algumas literaturas afirmam. Outro diferencial de fundamental importância é um efetivo
controle de qualidade durante todo o processo.

A busca por identificar tais valores de gestão é válida para a prospecção
de novas formas de administrar, visto que a inovação é termo constante nas empresas modernas. A base formada pela Administração Científica deve gerar meios de readaptação do trabalhador no mercado no século XXI, por meio dos futuros administradores que poderão agregar valores aos princípios elaborados por tais teorias.

Ressaltamos que quaisquer estudos administrativos são passíveis de
futuras pesquisas através de novos olhares, considerando o fato de que a
administração é um campo novo em relação às demais ciências. A administração e os modelos de gestão estão ainda longe de possuir uma definição já estabelecida e imutável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Giovanni. Toyotismo e neocorporativismo no sindicalismo do
século XXI. Outubro, São Paulo, n.5, p. 47-58, 2001.
ANTUNES Jr., José A. V. (org.). Gestão da Produtividade Aplicada aos
Correios ? GPAC. Brasília, 2005.
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 1971. Capítulo 2: "As origens da gerência", p. 61- 69.
BRUNO, Lúcia; SACCARDO, Cleusa. Organização, Trabalho e Tecnologia.
São Paulo: Atlas, 1986.
LÁPIS, Naira L. Comentários acerca das modificações no processo de
trabalho no Brasil: Uma perspectiva histórica. Indicadores Econômicos
FEE, Porto Alegre, 1993.
LIKER, Jefrey k. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior
fabricante do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005.
SCHONBERGER, Richard; SCHNIEDERJANS, Marc J. Reinventing
inventory control. Interfaces, v.14, n.3, p.76-83, 1984.
TAYLOR, F. W. Princípios da Administração Científica. São Paulo; Atlas,
1995. Capítulo I: "Fundamentos da Administração Científica"; Capítulo II.
"Princípios da Administração Científica", p. 21-47.

Autor: Evelin Gessival Vieira Mendes


Artigos Relacionados


Princípios De Administração Científica

Taylorismo E Fordismo

Teoria Clássica Da Administração- O Trabalho De Fayol

A Importância Da Virada Comunicativa Ocorrida Pelas Transformações No Mundo Do Trabalho.

Resenha Frederick Taylor

Homus Eonomicus Versus Homus Social

Monografia A HistÓria De AdministraÇÃo De Rh