Do Tejo ao Prata - 8 - Um Passeio Pela História



O DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Divulgado o descobrimento da América por Cristóvão Colombo, os cosmógrafos portugueses argumentaram que a descoberta se encontrava em terras portuguesas. Desta forma, a Espanha, aproveitando-se do fato de ser o Papa Alexandre VI castelhano, solicitou um imediato tratado para substituir o de Toledo. Assim, em 3 de maio de 1493, a Bula Inter Coetera estabelecia um meridiano que separaria as terras de Portugal e de Castela, passando a cem léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As novas terras descobertas, situadas a Oeste pertenceriam a Castela e as terras a leste, pertenceriam a Portugal. D. João II propôs cem léguas a partir das ilhas Canárias e, numa reunião na cidade de Tordesilhas, em 7 de junho de 1494, ficou caracterizado o meridiano que demarcava 370 léguas (1.770 km) a oeste das ilhas de Cabo Verde e à Espanha as terras que ficassem além dessa linha. A 2 de julho de 1505, Castela ratificou o tratado e Portugal reconheceu-o em 5 de setembro. Embora contrariassem a Bula de Alexandre VI, as medidas foram aprovados pelo Papa Júlio II, em uma nova Bula de 1506, que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas.
Com bases no conflito gerado pelo Tratado de Tordesilhas, ficou claro que os Portugueses e Espanhóis sabiam da existência de outras terras, pois em 1500 o Rei de Portugal, D. Manuel, o Venturoso, organizou uma esquadra de 13 caravelas comandada por Pedro Álvares Cabral, com dois objetivos principais: estabelecer o comércio entre Portugal e as Índias e fundar feitorias, tomando posse oficial das terras pertencentes a Portugal pelo Tratado.
A esquadra partiu do Rio Tejo, em Lisboa, no dia 09 de março de 1500 e avistou alguns sinais de terra no dia 21 de abril. No dia 22, avistaram um monte ao qual deram o nome de Monte Pascoal, porque era semana da Páscoa. No dia 24, ancoraram perto da terra e deram o nome de Porto Seguro. No dia 26, domingo de Páscoa, no Ilhéu da Coroa Vermelha, frei Henrique de Coimbra celebrou a Primeira Missa. Outra missa, em terra firme, foi celebrada em 1º de maio. Nesse mesmo dia, a posse da terra foi oficializada e no dia seguinte seguiram em direção às Índias. O escrivão da frota, Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta para o rei D. Manuel relatando o descobrimento a qual foi levada para Portugal por Gaspar de Lemos em uma das naus.
Logo que chegaram, os navegantes encontraram nativos que andavam totalmente despidos e chamavam ao local de Pindorama, cujo significado é terra das palmeiras. Por suporem que se tratasse de uma pequena faixa de terra, deram o nome de Ilha de Vera Cruz. Pouco tempo depois, fizeram uma expedição e ao perceberem que se tratava de uma área continental, mudaram o nome para Terra de Santa Cruz. Em 4 de outubro de 1501, Américo Vespúcio e André Gonçalves participando de uma expedição de reconhecimento, chegaram à foz de um rio a que deram o nome de São Francisco, por ser dia de São Francisco de Assis. Em 22 de janeiro de 1502, a expedição de Gaspar de Lemos chegou a uma ilha e deram o nome de São Vicente. Em 1511, os portugueses descobriram uma madeira que soltava tinta cor de brasa, denominada pelos nativos de orabutã, ibirapitanga, ibirapitã ou muirapiranga, mas batizaram-na de pau-brasil e, em consequência, à terra, de Brasil. Na exploração da árvore, para conseguir mão-de-obra barata, usavam o trabalho dos nativos a que chamaram de índios por pensarem que estavam nas índias, dando-lhes como pagamento chocalhos, espelhos, apitos, e mais insignificâncias.
Temendo invasões, Portugal deu início à colonização e administração do Brasil. Piratas e corsários holandeses, ingleses e franceses saqueavam as riquezas e os portugueses continuaram navegando ao longo da costa.
Em trinta anos, a Espanha espoliou astecas e maias no México, e incas no Peru e na Bolívia, cujas cidades eram recobertas com toneladas de ouro e prata puros, enquanto Portugal apenas conseguiu retirar daqui o pau-brasil para a fabricação de tintas.
Em 3 de dezembro de 1530, partiu de Lisboa Martim Afonso de Souza com quatro naus, transportando cerca de 400 pessoas. Percorreram o litoral brasileiro até a foz do Rio da Prata, onde atualmente fica a fronteira entre a Argentina e o Uruguai. Martim Afonso de Souza sobreviveu a um naufrágio e retornou à região de São Vicente em 21 de janeiro de 1532, com a ajuda de João Ramalho e Antonio Rodrigues, moradores da região que haviam feito amizade com os caciques Tibiriçá e Caiubi. No dia 22, fundou a vila de São Vicente, a primeira do Brasil, à qual chamam de "cellula mater" dos municípios brasileiros.


Autor: Raul Santos


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