A migração no Brasil ainda é alta, embora menor do que a existente no passado



Mudar do lugar onde se vive serve para atender algum tipo de necessidade, seja de ordem econômica, social, de relacionamento ou de qualquer outra natureza. A verdade é que uma grande parte das pessoas não vive onde nasceram, mudam-se de bairro, de cidade, de estado, de região e até de país. Muitas vezes ocorre que um determinado bairro se torna muito caro, levando muita gente a procurar outros locais mais baratos que sejam adequados ao nível de renda delas. Em muitas ocasiões são cidades, regiões ou estados que se tornam atrativos em razão da oferta de empregos e negócios levando a ter uma forte entrada de pessoas provenientes de outras localidades. Isso acontece bastante com locais que incorrem em um nível muito grande de crescimento econômico, cuja conseqüência mais visível é o aumento significativo do número de habitantes.


Em recente trabalho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou os números da migração ocorrida no Brasil nos últimos anos. De acordo com os dados do IBGE, no período de 1995 a 2000 houve um fluxo de 3,3 milhões de pessoas que deixaram uma das cinco regiões do país e passaram a morar em outra. Nos anos de 1999 a 2005 esse fluxo foi de 2,8 milhões enquanto que no período de 2004 a 2009 dois milhões de pessoas mudaram de região. Observa-se, portanto, que apesar da população brasileira ter aumentado, o fluxo de pessoas que se deslocam para morarem em região diversa da original é menor.


De acordo com os dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) de 2004 e 2009, apenas nas regiões Sul e Centro Oeste entraram mais migrantes do que saíram. Nos cinco anos compreendidos entre 2000 e 2004, o Norte teve um saldo positivo de 63,4 mil pessoas, o Sul de 34,6 mil e o Centro-Oeste de 203,6 mil. Enquanto que o Nordeste e o Sudeste tiveram um saldo negativo de 86,6 mil e 215,3 mil, respectivamente. Nos cinco anos seguintes, os saldos de pessoas que passaram a morar menos das pessoas que deixaram de morar em cada uma das regiões são os seguintes: Sul ? 98,9 mil positivos, Sudeste ? 12,4 mil negativos, Nordeste ? 187,9 mil negativos, Norte ? 35,2 mil negativos e Centro-Oeste ? 136,6 mil positivos. Observa-se que no Nordeste continua havendo muito mais pessoas que saem do que entram, embora em quantidade menor. O Centro-Oeste se configura como o maior pólo de atração de migrantes a procura de melhores oportunidades.


Na PNAD de 2004, os quatro estados que apresentaram os maiores fluxos negativos foram São Paulo (menos 155,2 mil), Rio de Janeiro (menos 89,6 mil), Bahia (menos 88,3 mil) e Maranhão (menos 77,1 mil). Os quatro estados com os maiores fluxos positivos foram Goiás (147 mil positivos), Mato Grosso (111, 7 mil positivos), Santa Catarina (75,02 mil positivos) e Pará (47,7 mil positivos). Quanto ao PNAD de 2009, os quatro estados com os maiores fluxos negativos são Bahia (menos 108,3 mil), São Paulo (menos 53, 3 mil), Pará (menos 41,9 mil) e Alagoas (menos 36,8 mil). Os quatro estados com os maiores fluxos positivos foram Goiás (129 mil positivos), Santa Catarina (80,5 mil positivos), Espírito Santo (52,7 mil positivos) e Paraná (31,7 mil positivos).


Historicamente, no Brasil sempre houve fluxos migratórios de pessoas em busca de melhora no padrão de vida e certamente continuará havendo, embora de forma mais difusa em razão dos vários pólos de crescimento da economia localizados em várias partes do país. Os grandes centros já não atraem tanta gente como ocorria há duas décadas, agora está havendo uma corrente de pessoas que buscam viver em cidades médias cuja dinâmica econômica tem sido mais forte. Infelizmente, mesmo com políticas afirmativas e de renda não foi possível reverter o fluxo migratório do Nordeste, embora atualmente seja muito menor do que ocorria há várias décadas, ainda é substancial. Considerando-se que as pessoas saem de suas regiões porque existem lugares muito melhores para elas, conclui-se que o Nordeste precisa melhorar bastante para se tornar uma região atrativa para se viver. Pode-se dizer algo semelhante ao estado de São Paulo que nos dez anos cobertos pelos dois últimos PNAD cerca de 210 mil pessoas não deixaram de morar nesse estado sem que outras pessoas ocupassem os seus lugares.
Autor: Francisco Castro


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