Sociologia: história e desenvolvimento e o positivismo sociológico.
As primeiras teorias sociológicas surgiram em meados do século XIX, na Europa, voltadas para o problema das relações dos indivíduos entre si e com a sociedade; esse problema tornou-se o foco central dos primeiros estudos realizados. Os primeiros sociólogos construíram conceitos voltados para a tentativa de interpretar por critérios científicos a realidade social; daí o primeiro choque vivido pela sociologia, já que o seu objetivo era corrigir os problemas sociais por meio da razão e não pelos comuns critérios científicos.
Com a eclosão dos conflitos e das transformações provocadas pelas revoluções sociais, surge o positivismo que se caracterizou como uma nova forma de pensar, cujo foco era organizar e reestruturar a sociedade buscando manter a nova ordem capitalista. Saint-Simon, o precursor moderno da sociologia, viveu no momento em que eclodiu a Revolução Francesa as transformações políticas que aconteceram com o fim do feudalismo e a ascensão da burguesia; com isso o surgimento de um sistema, denominado sistema industrial, determinou fim definitivo ao antigo regime feudal. Esse sistema industrial era fundamentado no esclarecimento motivado pela razão científica e de acordo com Saint-Simon a sociedade industrial transformaria a natureza de forma ordeira e pacifica, de modo que os resultados obtidos pudessem assegurar a todos os seus membros a total satisfação de suas necessidades materiais e espirituais.
Assim como Saint-Simon, Auguste Comte (um dos principais fundadores do positivismo voltado para a análise social, construía suas obras baseando-se nas idéias simonianas) admitia que a sociedade industrial necessitava passar por mudanças morais importantes para que o seu sentido fosse reajustado na direção correta. Acreditava-se que a sociologia, ao estudar, explicar e intervir nos fatos da sociedade seria o elo científico que ligaria a ordem da sociedade ao progresso contínuo. Comte estruturou seu pensamento a partir de uma filosofia da história peculiar onde o homem seria o ser principal, já que revelou-se dotado de uma natureza caracterizada por uma irresistível tendência social; e para que se desenvolvesse completamente, aprendendo a utilizar sua inteligência como fonte inspiradora das ações, o homem deveria passar por três estados. O primeiro estado da humanidade foi definido como teológico, onde Deus seria o centro de todas as referencias humanas; Deus seria o regente da vida social e o homem a ele seria diretamente vinculado. O segundo estado foi definido como metafísico, seria o ela intermediário entre os três estados, onde a explicação da sociedade não passaria apenas pela fundamentação na iniciativa divina; Deus não seria mais o regente absoluto da vida social, e sim uma essência onipresente a ela. E o terceiro estado seria o positivismo e encontraria sua expressão na sociedade capitalista moderna, onde o homem partia de uma concepção antropocêntrica e se colocaria na condição de regente da vida social. Dessa forma, o espírito positivo forneceria os preceitos fundamentais para a concepção de uma unidade para a nova ordem assentada definitivamente na razão.
O Intelectual Émile Durkheim durante a sua vida presenciou o período em que compreendeu o ápice do capitalismo monopolista europeu e a sua primeira grande crise interna, além da Segunda Revolução Industrial e a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Quanto a relação individuo/sociedade Durkheim acreditava que a sociedade predominaria sobre o individuo, uma vez que ela é que imporia a ele o conjunto de normas de conduta social; ele tinha como foco a emancipação da sociologia em relação as filosofias sociais, tentando construí-la como disciplina cientifica rigorosa, dotada de métodos sistematizados, objetivando definir com clareza o objeto e as aplicações dessa nova ciência partindo dos paradigmas e modelos teóricos das ciências naturais. Durkheim diferenciava-se de Saint-Simon e Conte por ter desenvolvido a sistematização de seu pensamento sociológico, já que seus conceitos foram alem da reflexão filosófica, constituindo um corpo elaborado e metódico de pressupostos teóricos sobre o problema das relações sociais.
A sociologia durkheimiana visava o todo e não as partes, ou seja, apesar de ser composto por inúmeros indivíduos era a sociedade prevalecia sobre elas. Durkheim publicou algumas obras importantes para o desenvolvimento da sociologia, que se tornaram marcos metodológicos para a história das ciências sociais. Dentre elas destaca-se a obra As Regras do Método Sociológico, que foi a primeira obra voltada para a discussão e definição de um método de pesquisa sociológica produzida por um pensador social. Essa obra causou grande impacto nos meios intelectuais, já que delimitava a especificidade do campo de estudo da sociologia, distinguindo-a das preocupações da psicologia.
Durkheim ainda afirmava que a sociologia deveria voltar-se também para outro objetivo fundamental: a comparação entre as diversas sociedades; para isso ele estabeleceu um novo campo de estudo, a morfologia social, que consistiria na classificação das espécies sociais. Tendo como percussor de passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica seria o motor de transformação histórica de toda e qualquer espécie de sociedade.
A solidariedade mecânica imperou na história de todas as sociedades anteriores ao começo da Revolução Industrial e do capitalismo, nelas a identificação social dos indivíduos se davam por meio dos laços familiares, religiosos, de tradição e costumes; sendo completamente autônomos em relação ao problema da divisão social do trabalho. Já a solidariedade orgânica se manifestava de modo peculiar a sociedade capitalista moderna, em função direta da divisão acelerada de trabalho, que nessa sociedade exerceria influencia decisiva em todos os setores da organização social.
Autor: Laís Oliveira Peixoto Silva
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