Meu olhar sobre o hoje.



Hoje foi um dia especial, pude sair e perceber como é o mundo e as pessoas, sabe olhei dentro de uma sala pequena e apertada, todos estavam em ordem, todos pareciam que tinham o mesmo propósito e seguiam a mesma tendência, abrir a porta, ir à mesa de recepção, marca horário, pegar um copo descartável, tomar água na sala do lado, voltar, olhar para os assentos, sentar, olhar a TV, escutar musica, mexer no celular, ler revista. E aqueles que olhavam a TV, riam em conjunto quando algo aparentava ? ser ? engraçado, eu estava cansada de tudo isso, de apenas ver a tendência de uma vida, encarando tudo como uma rotina, eu estava me sentindo mal com tudo aquilo. O tempo não passava as pessoas iguais.
Sai um pouco de tudo aquilo, ao olhar a janela, vi apenas pessoas que seguiam mais um tipo de rotina, vi pessoas caminhando, barulho de carro, o vento nas arvores, tudo parecia bem igual, joguei minha saliva ao vento, vi a mesma percorrer uma pequena trajetória, ate ser voltada ao solo, fiz novamente e novamente aconteceu, não teve mudanças, senti que ate mesmo minha saliva seguia uma rotina, uma tendência, fiquei preocupada, será se eu também estava em uma rotina? Minha vida pertencia a uma tendência de todos?
Caminhando sob as ruas, apenas percebia movimentos, rostos, sorrisos, dialetos ao longe, era tudo tão comum, era como se eu presenciasse aquilo todo dia, decidi então fazer uma face diferente, algo que não seria de mim, do tipo, uma cara, mas zangada, ou um caminhado diferente, assim eu pude ver as pessoas mudar, olhares que me julgam e gestos faciais que me puniam, me senti a um tempo constrangida e ao outro muito bem aconchegada.
Passei por praças, em diferentes delas pude perceber outro tipo de rotina, rotina de vendedores ambulantes sofrendo ao sol forte rotina de moradores de rua que dormem ao sentimento de pulsos, me sentei a uma praça, me senti recolhida, eu não pertencia aquele lugar, me senti com medo, pelos olhares, pelos gestos que me diziam que algo não era bom, talvez eu gerasse um pouco de receio ou ate mesmo preconceito de minha parte pela associação de moradores e rua com má pessoas.
Passei por outra praça, senti um ar melhor, não pude ver ao perto rotina, nem tendências, me senti bem, me sentei ao banco, olhei a cada movimento de pessoas que ali passavam, estavam diferentes, tinha gente ao meu lado sentado conversando, casais apaixonados, ou pessoas como eu, apenas observando, talvez pensando, não sei, mas elas estavam ali, tinha sim pequenos números de moradores de rua, ele estavam ali sentados, alguns pegando latinhas, outros me observavam, alguns me deixaram com um certo receio, mas prossegui a me sentir bem, me sentia segura, não tinha nada a pensar, apenas a ver, a observar, sentir o toque do sol, e o abraço do vento, pude ver os pássaros por mim passar de maneira tão lenta, pude ouvir trechos de conversas, ao longe choros e gritos de bebes, foi tudo tão intenso, foi poucos minutos, mas foi como se eu realmente tivesse visto um mundo bem diferente do que um dia eu vi, foi como se eu pudesse ver os grãos de arei que vem junto ao vento a me abraçar, tão pequenos, tão poucos notados.
Ao fim voltei vagarosamente a minha sala pequena e apertada com barulhos estressante, voltei ao dentista, passei o resto da tarde olhando ao solo, escutando ruídos e não sabia de onde, eu não me sentia, mas capaz de olhar nas faces de pessoas levados por uma vida que não seria realmente sua, pelo simples fato de não se deixar viver por si só e viver apenas pelas tendências que o mundo vem a levar.

20.7.11
Teresina - pi
Thais Rayla
Autor: Thais Rayla Britto Vaz


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