Resíduo de Construção Civil



1. INTRODUÇÃO

O processo na construção civil convencional quase sempre utiliza matérias-primas não renováveis de origem natural, com a intensa industrialização, advento de novas tecnologias, crescimento populacional e aumento de pessoas em centros urbanos e diversificação do consumo de bens e serviços, os resíduos se transformaram em graves problemas urbanos com um gerenciamento oneroso e complexo, considerando se volume e massa acumulados, principalmente após 1980. Os problemas se caracterizavam por escassez de área de deposição de resíduos causadas pela ocupação e valorização de áreas urbanas, altos custos sociais no gerenciamento de resíduos, problemas de saneamento público e contaminação.
A quantidade de resíduos sólidos que o setor da construção civil gera, está cada vez maior, portanto tem sido uma grande preocupação em todo o mundo, em função das questões ambientais, econômicas e sociais. Desta maneira a reciclagem desses resíduos, é utilizada na produção de agregados tornando-se uma alternativa interessante e principalmente gerando renda.
O processo de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de reciclagem tem como objetivo minimizar, ou até mesmo eliminar totalmente os resíduos, com vista à sustentabilidade no setor construtivo. A importância do resíduo reciclado é constantemente realçada, sendo um grande beneficio social.
Conforme publicação CONAMA nº. 307 ano 2002, que determina diretrizes para uma efetiva redução de impactos ambientais provocados por estes materiais, estabelecendo que os geradores são os responsáveis pelo resíduo produzido e que o objetivo prioritário deve ser a não geração e caso não seja possível deve estabelecer a redução, reutilização e reciclagem.
Esse conceito parte do princípio de que o atendimento as necessidades básicas das populações no presente, não afetam as vidas futuras. A utilização de recursos deve ocorrer de acordo com a capacidade de reposição da natureza, de forma que o crescimento econômico não venha a agredir ou assolar violentamente os ecossistemas e possa ao mesmo tempo, reparar os graves problemas sociais.
As metas para se atingir o desenvolvimento sustentável empregando resíduos na construção civil, devem contemplar a reciclagem e a metodologia P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), sendo fundamental para o mercado efetivo dos resíduos.

2. Desenvolvimento

A sustentabilidade na construção civil hoje é um tema de extrema importância, já que a indústria da construção provoca um grande impacto ambiental ao longo de toda a sua cadeia produtiva. Esta inclui ocupação de terras, extração de matérias-primas, produção e transporte de materiais, sendo que, a indústria da construção é um dos grandes colaboradores do desenvolvimento sócio-econômico.
Quanto à quantidade de materiais, utilizados para a construção de um edifício, são gastos em torno de uma tonelada de materiais, para um metro quadrado, utilizando grandes quantidades de cimento, areia, brita, etc. Embora, são gerados resíduos devido às perdas ou aos desperdícios neste processo; mesmo que se melhore a qualidade do processo, sempre haverá perdas. Os resíduos sólidos são responsáveis por um grande impacto ambiental, que freqüentemente de maneira clandestina, são depositados em terrenos baldios, áreas públicas e aterros, tendo sua potencialidade desperdiçada.
Embora esta prática ainda ser presente na maioria dos centros urbanos, pode-se dizer que nos últimos anos tenha diminuído, em decorrência principalmente do avanço das políticas de gerenciamento de resíduos sólidos.
Com a criação da Resolução nº. 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2002), que determina diretrizes para uma efetiva redução de impactos ambientais provocados por estes materiais, estabelecendo que os geradores são os responsáveis pelo resíduo produzido e que o objetivo prioritário deve ser a não geração e caso não seja possível deve estabelecer a redução, reutilização e reciclagem estabelecendo diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão destes resíduos, classificando-os em quatro diferentes classes: A, B, C e D
Classe A ? resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (tijolo, concreto, etc);
Classe B ? resíduos reutilizáveis/recicláveis para outras indústrias (plástico, papel, etc);
Classe C ? resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias viáveis que permitam sua reciclagem (gesso e outros);
Classe D ? resíduos perigosos (tintas, solventes, etc), ou contaminados (de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros).
A legislação está mais rigorosa no que se refere ao meio ambiente, tendência mundial que visa minimizar ao máximo a sua degradação e a preservação de uma vida mais saudável. Compete, então, ao setor da construção adaptar-se e saber tirar proveitos dessa tendência, e aos poucos, a tomada da consciência ambiental se estende às empresas do setor, que vêm demonstrando preocupação em resolver os transtornos causados pela disposição irregular desses resíduos, no entanto cabe ao município a responsabilidades e deveres, de licenciar as áreas para disposição final, fiscalizar o setor em todo o processo e implementar o plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil. Com isso, ela abre caminho para que os setores públicos e privados possam juntos, prover os meios adequados para o manejo e disposição desses resíduos.
Só assim, poderemos realmente acreditar que o desenvolvimento sustentável fará parte de nossas vidas em um futuro muito breve.



Figura 1: Poluição de resíduos sólidos


2.1. Aspectos dos Resíduos Sólidos

Os resíduos sólidos da construção civil talvez seja o mais heterogêneo dentre os diversos resíduos produzidos. Sendo ele constituído de restos de praticamente todos os materiais e componentes utilizados pela indústria da construção civil, como brita, areia, materiais cerâmicos, argamassas, concretos, madeiras, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc., e sua composição química está vinculada à estrutura de cada um desses seus constituintes. Apresentando-se na forma sólida, com características físicas variáveis, que dependem do seu processo gerador, podendo revelar-se tanto em extensões e formas já conhecidas dos materiais de construção (como a da areia e a da brita), em formatos e dimensões irregulares: pedaços de madeira, argamassas, concretos, plástico, metais, etc.
Produzido em um setor onde há uma grande diferença de técnicas e metodologias de produção, que cujo o controle da qualidade do processo produtivo é recente, características como composição e quantidade, dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local, como a qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas e adoção de programas de qualidade, etc. Dessa maneira a caracterização média deste resíduo está condicionada a parâmetros específicos da região geradora do resíduo analisado.

2.2. Classificação Ambiental
Segundo ZORDAN pode-se dizer que, embora os resíduos (entulho) apresentem em sua composição vários materiais que, isoladamente, são reconhecidos pela NBR 10.004/87: Resíduos Sólidos ? Classificação, como resíduos inertes (rochas, tijolos, vidros, alguns plásticos, etc.), não está disponível até o momento, análises sobre a solubilidade do resíduo como um todo, de forma a garantir que não haja concentrações superiores às especificadas na referida norma, o que o enquadraria como "resíduo classe II ? não inerte". Vale ainda lembrar, que a heterogeneidade do entulho e a dependência direta de suas características com a obra que lhe deu origem pode mudá-lo de faixa de classificação, ou seja, uma obra pode fornecer um entulho inerte e outra pode apresentar elementos que o tornem não-inerte ou até mesmo perigoso - como, por exemplo, a presença de amianto que, no ar é altamente cancerígeno.

2.3. Reciclagem dos Resíduos

O entulho da construção civil tornou-se um grande problema na administração das grandes cidades brasileiras, devido a grande quantidade gerada (chegando em alguns casos, por 60% da massa dos resíduos sólidos urbanos produzidos) e à falta de espaço ou soluções que absorvam toda essa produção.
Normalmente as soluções empregadas para este problema sempre foram os aterros e os lixões, que possuem vários inconvenientes ambientais que cada vez se tornam mais caros pela escassez de espaço. A simples disposição do entulho desperdiça um material que poderia ser destinado para sua reutilização e reciclagem. O reaproveitamento deste resíduo, além de proporcionar melhorias expressivas do ponto de vista ambiental é uma alternativa economicamente vantajosa de gerenciamento de resíduos, sendo introduzido no mercado um novo material com grande potencialidade de uso, transformando o entulho novamente em matéria-prima, posteriormente em produtos e subprodutos, gerando novas oportunidades de emprego e renda na sociedade.
As soluções para o emprego do entulho reciclado esta sendo pesquisadas e desenvolvidas, em algumas delas já estão sendo utilizadas com sucesso em algumas cidades brasileiras. A seguir, estão listadas algumas possibilidades de reciclagem para este resíduo que, cada vez mais, se apresenta como um material de construção com desempenho satisfatório em aplicações específicas como abaixo listado.
Pavimentações: É a forma mais simples de reciclagem de resíduos utilizados como base, sub-base, revestimento primário, na forma de brita corrida ou ainda em mistura do resíduo com solo.
Agregado para concreto: Os resíduos processados pelas usinas de reciclagem podem ser utilizados como agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais (areia e brita).
Agregado para confecção de argamassa: Após processado por equipamentos denominados argamasseiras, que moem o entulho na própria obra, em granulometrias semelhantes as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.
Tendo ainda, outros usos como, cascalhamento de estradas, preenchimento de vazios em construções, preenchimento de valas de instalações e reforços de aterros.
Os equipamentos utilizados no processamento de reciclagem dos resíduos da construção civil são geralmente produzidos de maneira artesanal, compostos por moinhos, esteiras seletivas, entre outros, assim não tendo como avaliar o seu custo médio no mercado.

Figura 2: reciclagem de resíduos sólidos.

2.4. VANTAGENS DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS

Com modelo atual de produção, os resíduos sempre são gerados para bens de consumo duráveis (edifícios, pontes e estradas) ou não-duráveis (embalagens descartáveis). Neste processo, a produção quase sempre utiliza matérias-primas não-renováveis de origem natural. Este modelo não apresentava problemas até recentemente, em razão da abundância de recursos naturais e menor quantidade de pessoas incorporadas a sociedade de consumo.
Desta forma, a reciclagem na construção civil pode gerar inúmeras vantagens, tais como:
Redução no consumo de recursos naturais não-renováveis, quando substituídos por resíduos reciclados.
Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de resíduos pela reciclagem. Destaca-se aqui a necessidade da própria reciclagem dos resíduos de construção e demolição, que representam mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos.
Redução do consumo de energia durante o processo de produção. Destaca- se a indústria do cimento, que usa resíduos de bom poder calorífico para a obtenção de sua matéria-prima (co-incineração) ou utilizando a escória de alto-forno, resíduo com composição semelhante ao cimento.
Redução da poluição; por exemplo, para a indústria de cimento, que reduz a emissão de gás carbônico utilizando escória de alto forno em substituição ao cimento portland.

2.5. IMPACTOS DA RECICLAGEM

A reciclagem de resíduos, assim como qualquer atividade humana, pode causar também, impactos ao meio ambiente. Tendo como variável o tipo de resíduo, a tecnologia empregada, e a utilização proposta para o material reciclado, podendo tornar o processo de reciclagem ainda mais impactante do que o próprio resíduo antes de ser reciclado. Dessa forma, o processo de reciclagem acarreta vários riscos ambientais que precisam ser gerenciados. A quantidade de materiais e energia necessários ao processo de reciclagem pode representar um grande impacto para o meio ambiente. Todo este processo necessita de energia para transformar o produto ou tratá-lo de forma a torná-lo apropriado a ingressar novamente na cadeia produtiva, sendo que, estará diretamente relacionada aos processos de transformações utilizados. Além disso, muitas vezes, apenas a energia não é suficiente para a transformação do resíduo, sendo necessária a utilização de matérias-primas para modificá-los fisicamente ou quimicamente.
Esses novos resíduos, nem sempre são tão ou mais simples que aqueles que foram reciclados, são possíveis que eles se tornem ainda mais agressivos ao homem e ao meio ambiente do que o resíduo que está sendo reciclado. Dependendo de sua periculosidade e complexidade, estes rejeitos podem causar novos problemas, como a impossibilidade de ser reciclado, a falta de tecnologia para o seu tratamento, a falta de locais para armazenamento e todo o custo que isto ocasionaria. Precisamos considerar que os resíduos gerados pelos materiais reciclados no final de sua vida útil tenha a possibilidade de serem novamente reciclados - fechando assim o ciclo.
Um parâmetro que geralmente é desprezado na avaliação de produtos reciclados é o risco à saúde dos usuários do novo material, e dos próprios trabalhadores da indústria recicladora, devido à lixiviação de frações solúveis ou até mesmo pela evaporação de frações voláteis. Os resíduos muitas vezes são constituídos por elementos perigosos como metais pesados (Cd, Pb) e compostos orgânicos voláteis. Estes materiais mesmo quando inertes nos materiais após a reciclagem, podem apresentar riscos, pois nem sempre os processos de reciclagem garantem a imobilização destes componentes.
Dessa forma, é preciso que a escolha da reciclagem de um resíduo seja criteriosa e pondere todas as alternativas possíveis com relação ao consumo de energia e matéria-prima pelo processo de reciclagem escolhido.

3. CONCLUSÃO

Ao desenvolver esse trabalho, passamos a entender que a reciclagem tem um papel fundamental no reaproveitamento dos resíduos sólidos e também na preservação do meio ambiente, prestando serviço social a toda sociedade.
Para se atingir o desenvolvimento sustentável empregando resíduos da construção civil é fundamental a reciclagem e a metodologia P&D, sendo efetivo para o mercado dos resíduos sólidos. Esta metodologia deve ser criteriosa e cautelosa. Analisando a reciclagem de resíduos na construção civil, percebe-se falhas no processo de pesquisa e desenvolvimento, principalmente no tocante aos atores envolvidos no processo. Encontram-se problemas no desenvolvimento do produto, transferência de tecnologia e análise de desempenho ambiental. A reciclagem de RCD tenta consolidar seus processos de produção e garantia de qualidade na busca de um mercado mais diversificado e efetivo.
Os principais objetivos dos programas de reciclagem tem como a melhoria do meio-ambiente pela redução do número de áreas de deposição clandestina, conseqüentemente reduzindo os gastos da administração pública com gerenciamento de entulho, aumentando assim a vida útil de aterros pela disposição organizada dos resíduos, formando bancos para utilização futura, preservando a vida útil das jazidas de matéria-prima, na medida em que são substituídos por materiais com baixo custo e ótimo desempenho.
Dessa forma, podemos concluir que, a uma grande oportunidade de negócio para empresas que apresente soluções práticas apontando para a reutilização dos resíduos na própria construção; sabendo que os investimentos a serem direcionados nesse segmento deverá tramitar por conta do empreendedor que de certa forma contribuirá com essa prática, para amenizar o problema do descarte irregular desse material e com isso, introduzindo no mercado, novos produtos, novas oportunidades de trabalho com geração de lucros e receitas que em muito contribuirão com o crescimento, mas também, a viabilidade de desenvolver programas e trabalhos, no sentido de juntar esforços de toda sociedade, vivendo em relação harmônica com a natureza.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGULO, S.C. Variabilidade de agregados graúdos de resíduos de construção e demolição reciclados. São Paulo, 2000. 155p. Dissertação (Mestrado) ? Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
JOHN, V.M. Reciclagem de resíduos na construção civil ? contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo, 2000. 102p. Tese (livre docência) ? Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. ? 1ª ed. ? 3. reimpr. ? São Paulo: Atlas, 2008.
SEBRAE. Princípios e Práticas para a Rotulagem Ecológica. Certificação Ambiental. Sebrae, SC, 2002. Disponível em: . Acesso: 14/09/2010.
Floriano, Eduardo Pagel, Planejamento Ambiental,Caderno Didático nº 6, 1ª ed./ Eduardo P. Floriano Santa Rosa, 2004, 54 p.
Autor: Eric Moreli


Artigos Relacionados


Gestão De Resíduos De Construção Civil

ResÍduos SÓlidos

A DiminuiÇÃo De ResÍduos Na ConstruÇÃo Civil Via A Reciclagem, Com Base No Desenvolvimento SustentÁvel

Avaliação De Impactos Ambientais Do Lixão Do Município De Estância – Sergipe

GestÃo De ResÍduos: A Política Nacional De Resíduos Sólidos

Um Breve Relato Da Reciclagem Na Sociedade Brasileira

Coleta Seletiva No CondomÍnio Residencial Olindo De Luca ? Limeira/sp