Hábitos Pessoais que Influenciam no Desempenho Profissional



Atualmente um dos hábitos mais freqüentes é o consumo de álcool. É uma questão de extrema importância, pois suas conseqüências podem afetar o ambiente de trabalho, além da família e a sociedade. Este está fazendo parte da vida social, de tal forma que é normal, ou até mesmo "saudável", do ponto de vista daqueles que, depois de trabalho, vão para o bar tomar uma cerveja ou whisky. Na verdade, o consumo de álcool é um hábito muito generalizado e é difícil mudar este conceito; portanto, a pergunta é a seguinte:
Qual é a relação entre o consumo de álcool e o desempenho profissional? E quais as conseqüências do consumo de álcool que podem afetar o ambiente de trabalho?
Em tempos recentes, vários pesquisadores começaram a descobrir fatos surpreendentes sobre os efeitos do álcool. Segundo o relato de uma equipe de pesquisadores, chefiada pelo Dr. Melvin H. Knisely, professor de anatomia da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Sul, em Charleston:
"Cada vez que uma pessoa toma uns poucos goles de bebidas alcoólicas ? ainda que sejam cervejas ou licores com finalidade social ? está afetando as suas células cerebrais, causando a morte prematura de muitos neurônios. O cérebro dessa pessoa é afetado para sempre."
Esta é uma conclusão preliminar de um importante estudo que foi conduzido pelos referidos pesquisadores:
"Há muitos anos se sabia que o cérebro dos bebedores sofria os efeitos do álcool, mas a maioria dos médicos encarava isso como um dos últimos efeitos depois de vários anos de grande consumo, tanto quanto eram atingidos o fígado, rins e coração."
O que o Dr. Knisely está agora demonstrando é que tais danos ao cérebro não são meramente efeitos terminais, mas ocorrem progressivamente desde o momento em que as primeiras células são destruídas pelos primeiros drinques, e que tais efeitos vão se somando ao longo do tempo.
O Dr. Knisely demonstrou como a circulação dos glóbulos vermelhos do sangue é dificultada por causa da aglutinação provocada pelo álcool, e como isso afeta os vasos capilares. "Aglutinação" quer dizer que as células de alguma forma se derretem e colam umas nas outras, ou seja, se "sedimentam", como dizem os estudiosos. E o oxigênio só pode chegar às células nervosas se for transportado pelos glóbulos vermelhos do sangue.
Uma sedimentação representa um bloqueio à passagem do sangue nos capilares, dando origem à anoxia (ausência de oxigênio) nas regiões próximas. Testes têm mostrado que pequenos pontos de anoxia se formam mesmo com sangue em movimento. Mas à medida que cresce o "embebedamento" pelo álcool, o sangue chega a parar completamente de circular em certos vasos. E nenhum volume de oxigênio pode passar.
Os neurônios, as células "pensantes" do cérebro, requerem grandes quantidades de oxigênio para funcionar bem e são particularmente sensíveis à anoxia. Se forem privados de receber oxigênio por três minutos acusam danos sérios. Se a falta de oxigênio passar de vinte minutos, os danos são irreparáveis, ou seja, os neurônios morrem. As células do cérebro, como se sabe há muito tempo, não se multiplicam e são insubstituíveis. Muitas pessoas idosas apresentam os efeitos da perda de grande número de neurônios: memória falha, perda de acuidade dos sentidos e diminuição da capacidade de raciocinar com clareza.
O que ficou claro é que o córtex cerebral, indispensável ao exercício de pensar, estava sempre comprometido; o mesmo quase sempre ocorrendo com o cérebro, que coordena vários músculos, inclusive os do equilíbrio. Em muitos casos, os danos podiam ser constatados a um simples exame a olho nu.
Também os nervos periféricos, tanto os sensoriais (os que levam as mensagens até o sistema nervoso central), quanto os motores (os que levam a mensagem no sentido inverso), mostram sinais de deterioração. Todas essas informações eram correntes e somente agora foram colocadas de forma tão explícita pela medicina.
"Pois cada vez que uma pessoa bebe um copo de bebida alcoólica está afetando suas células cerebrais, causando a morte prematura de muitas delas"
O Dr. Knisely chegou a confessar que antes era um bebedor social, "mas depois das evidências encontradas no laboratório a respeito dos males do álcool no cérebro, sentiu que não é racional que qualquer ser humano continue usando bebidas alcoólicas, mesmo com o objetivo de ser cordial numa festa". E completa: "Só há uma forma de se livrar dos perigos do álcool: é ser completamente abstêmio".
O Dr. Dharma Singh Khalsa, no livro "Longevidade do Cérebro" afirma que:
"Mesmo a ingestão limitada de álcool pode causar algum dano. Cada vez que o álcool entra na corrente sangüínea, ele temporariamente desativa o mecanismo protetor chamado barreira hematoencefálica. Esta é uma barreira bioquímica natural que circunda todos os capilares no cérebro, protegendo-os do "vazamento" de substâncias nocivas da corrente sangüínea para o cérebro. Quando o álcool temporariamente desarticula esse obstáculo, o cérebro torna-se mais vulnerável às substâncias tóxicas. O prejuízo causado por essas toxinas pode levar à formação de radicais livres, o que resulta na morte de neurônios."
Portanto, segundo o relato, não resta dúvida de que o consumo de álcool é o grande fator contribuinte para os danos ao cérebro, bem como desvios de comportamento decorrentes.
Ghadirian, nos seus estudos sobre os efeitos do consumo de álcool na qualidade do trabalho, coloca o seguinte: "Mais do que qualquer doença, o alcoolismo causa o absenteísmo, elevadas despesas médicas e reduz a qualidade do trabalho. De acordo com o Instituto Triângo de Pesquisa, da Carolina do Norte, estima-se que o custo do alcoolismo para a economia dos estados Unidos foi de cento e dezessete bilhões de dólares em 1983. Com este total, o país poderia ter construído escolas, hospitais e salvo a vida de milhares de pessoas."
O hábito do consumo de álcool pode ser um dos motivos de aumento de estresse no ambiente de trabalho, uma vez que, segundo os relatos, enfraquece o sistema nervoso e conseqüentemente os consumidores se debilitam física e mentalmente.
Desta forma, os atributos como a paciência e tolerância diminuem drasticamente entre os servidores. Ainda, as empresas podem desperdiçar muitos recursos para treinamento, sem contar com os resultados esperados, devido a este hábito que afeta os nervos e neurônios, e diminui o desempenho mental.
Infelizmente, muitos dados reais sobre os efeitos negativos de consumo de álcool e a sua influência no desempenho da inteligência não são divulgados como uma informação de utilidade pública. Em geral, as pessoas não são conscientes dos danos que o álcool pode causar indiretamente na realização profissional. Portanto, faz-se necessário um estudo específico sobre a questão e que os empresários dediquem maior atenção a este tema, avaliando a influência do consumo de bebidas alcoólicas no desempenho e produtividade do trabalhador.

Felora Daliri Sherafat
Autora do Livro: Trabalho e Reencontro de Interesses!
Autor: Felora Daliri Sherafat


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