Quem sou eu?



Eu sou eu e minhas circunstâncias...
Eis uma frase, genial, do filósofo espanhol Ortega y Gasset. Não estamos acostumados com esse tipo de pensamento. No mais das vezes, nos acostumamos a pensar dicotomicamente, ou seja, seccionando, dicotomizando. Gasset, através da frase no início deste artigo, insinua-nos que nenhum eu, é um eu sem relações, ou, desprovido de relações. Qualquer um de nós, humanos seres, é um ser relacional. Não há "eu", separado da história, da cultura, enfim, do ambiente circundante. A frase de Gasset leva-nos a refletir sobre a contemporânea mania de pensar, e, verdadeiramente acreditar que apenas o fato de confiar em algo já é suficiente para que aquilo aconteça... Isto encontra-se disseminado na cultura. De tal forma se torna extremamente difícil, se não impossível, fazer com que as pessoas compreendam e percebam as coisas de outra maneira. Livros de auto ajuda barata (principalmente), inúmeras vezes de célebres autores (o mercado da auto ajuda é sem sombra de dúvidas um mercado promissor), estimulam a que se acredite em algo, para que se torne possível realizá-lo. Na realidade, contudo, as coisas podem ser diferentes... Não basta acreditar, confiar, investir no pensamento positivo, ou, que nome se lhe dê. O que essa mania de sucesso através do poder do pensamento tem feito é tamponar a realidade. Impedindo a inúmeras pessoas que trabalhem sobre ela, para transformá-la. O que interessa a alguns, pois, obviamente, as coisas permanecem exatamente assim tais quais estão... Mas, sem que seja interessante, no entanto, à grande maioria. A esses interessa, isto sim, a ação transformadora. Ação consciente sobre a realidade circunstancial a cada um e até possivelmente a todos nós.... Eu sou eu e minhas circunstâncias... Nós somos nós e nossas circunstâncias... Se não agirmos sobre as circunstâncias, jamais conseguiremos efetuar mudanças, de fato, em nossas vidas. E iremos, perpetuamente, apenas ficar teorizando, discursando sobre mudanças que na prática jamais acontecem. O "eu" será sempre um escravo. Nós seremos sempre escravos... Nada mais que um joguete (ou joguetes), nas mãos de forças estranhas, desconhecidas, uma vez que ignoradas, "propositalmente", ao se afirmar a supremacia do pensamento mágico: eu confio, eu acredito, eu posso, eu vou... Nós confiamos. Nós podemos... Nós vamos... Sem que se analisem as condições para que tal ocorra. O que é deplorável. E verdadeiramente uma lástima...
Autor: Romero Marcius Viegas Meireles


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