AS FLORES E AS SEMENTES



Por um longo tempo eu contemplei aquele casal que estava celebrando as suas bodas de ouro, cinqüenta anos de uma convivência feliz e abençoada, como ela mesma assim se expressou com voz rouca e pausada, antes de ler uma comovente poesia que compôs para ele.
Ao vê-los ali diante do altar, ela sentada numa cadeira de rodas ao lado do seu amado velhinho e companheiro de cabelos tão brancos, rodeados pelos filhos, pelos filhos dos filhos e ainda por filhos dos seus filhos, foi como se eu estivesse olhando para um imenso jardim. Comecei a pensar nas flores e nas sementes, na semelhança das nossas vidas com a vida das flores, que desabrocham em terra seca ou em terra molhada, que enfrentam o sol e a chuva, que balançam ao peso do vento e da tempestade, resistem ao calor do meio dia e se restauram com o orvalho da madrugada. E depois, com todo o seu viço e beleza alegram as nossas vidas com as suas cores e com o seu perfume, como as rosas que estavam ornamentando a nave da igreja naquela manhã especial. As flores, depois de darem de si mesmas tudo que podem dar, antes de murcharem e retornarem ao pó, deixarão sobre a terra as sementes que produziram, as marcas de sua passagem por esta vida. E assim, as mesmas belas e velhas flores murchas sempre renascerão em novas flores, em outras primaveras, no imenso jardim da natureza, que também é nosso jardim.

Júnia - 2011

Autor: Junia Pires Falcao


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