A Literatura e a Língua Portuguesa na África
A história da língua portuguesa inicia-se na África em 1415, quando os portugueses atravessaram o Estreito de Gibraltar a fim de cercarem Ceuta, no norte de Marrocos. Os portugueses foram os primeiros europeus a se estabelecerem no continente africano. Com a presença portuguesa na África, parte da população africana se comunicava numa língua de base portuguesa, denominado como pidgin. Quando o pidgin alcançava a condição de língua materna, visto que não se configurava como língua-mãe, passava a ser chamado de crioulo. O crioulo sofreu influência de algumas línguas indígenas e por esse fato notava-se a diferença (alteração) do português falado nas ex-colônias. Nessas regiões, o português falado esteve sujeito a uma crioulização. Dentre os países que se comunicam em língua portuguesa, podemos destacar Angola e Moçambique, como os países que possuem mais falantes de português, mesmo após de terem alcançado a independência no ano de 1975. O português tem se expandindo atualmente, sendo considerado para alguns como única língua, explicando o fato de haver uma literatura africana de língua portuguesa.
As colônias dominadas pelos portugueses sofreram com o processo da prática de assimilação. Nessa prática, a população colonizada teria que abandonar a sua cultura e aprender todos os costumes dos colonizadores. Através desse processo de assimilação, os "colonizados aculturados" ganhavam visão de mundo e começavam a refletir sobre a conduta que era imposta pelos portugueses. Dessa forma, foram surgindo militantes em prol do seu povo e também os escritores, que viam na literatura a forma de expressar a cultura do seu povo, a opressão sofrida, os desejos, os sonhos e a busca pela liberdade. Em Luanda e Lourenço Marques, a maioria dos escritores da época fazia parte do Movimento Popular de Libertação de Angola ( MPLA) e a Frente de Libertação de Moçambique ( FRELIMO), com isso muitas obras tinham como objetivo a reivindicação cultural, protesto social e uma crescente combatividade. Dentre os novos intelectuais de Angola, que são os escritores que constituíam a Geração de 1950, podemos destacar José Luandino Vieira, com a publicação de "A cidade e a infância", sendo que foram apreendidos pela polícia os exemplares desse livro, e Agostinho Neto, com a publicação de "Havemos e voltar", poema bastante nacionalista, na busca da sua identidade. Luandino Vieira e Agostinho Neto na resistência contra o colonialismo. A independência serviu para que os escritores sentissem a liberdade de expressão, tendo como resultado a produção de obras menos panfletárias ou pelo menos com maior rigor formal. Nesse período pós-colonial, a literatura ganhava vez e novos escritores foram se destacando, dentre eles podemos mencionar: Manuel Rui, com a publicação de Onze poemas em novembro, Pepetela com a publicação de A geração da utopia , lhe garantido o prêmio Camões, José Craveirinha ( Prêmio Camões), Mia Couto, Manuel dos Santos Lima, Henrique Abranches, Corsino Fortes, João Varela, Germano Almeida, edições de Luandino Vieira e etc.
As literaturas africanas de língua portuguesa começaram a se destacar enquanto se encaminhava para a independência, porém alguns escritores sofreram com as suas publicações, até mesmo foram presos por se expressarem na luta contra o colonialismo. Após a independência, o clima de liberdade era aspirado aos poucos e novos escritores tomavam a vez na literatura. Apesar de ser recente, visto que a independência ocorreu em 1975 para Angola e Moçambique, um avanço foi dado na literatura e o reconhecimento está sendo feito aos poucos, não somente na África, como o devido reconhecimento por parte do Brasil, com a regularização do ensino nas escolas como disciplina de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Poemas, poesias, novelas, traduzem em palavras o que é a luta de um povo oprimido e que por muitos anos estiveram a mercê de uma outra cultura, de uma outra pátria. A independência foi apenas um passo, proporcionou muitas descobertas e excelentes escritores estão surgindo. É uma literatura diferente, literatura especial, que mostra as " amarras" de muitos anos, que não existem mais.
Autor: Daiana S. Moura
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