As Regiões Metropolitanas e os Custos de Deslocamentos



As Regiões Metropolitanas são os locais onde o deslocamento das pessoas se torna mais difícil e dispendioso. Tanto pela precariedade do transporte coletivo quanto pelos congestionamentos para quem anda em automóvel particular. São regiões em que cada vez mais tem o seu número de habitantes aumentado, em razão principalmente das facilidades, embora em cidades médias que não fazem parte de nenhuma Região Metropolitana tenham experimentado aumento significativo de sua população. Há vinte anos, 41% da população brasileira viviam nessas áreas, enquanto que atualmente esse percentual passou para 42,5%. Embora esse aumento possa ser explicado, em parte, pela criação de algumas, existem outros fatores que podem explicar tamanho aumento porque o número de habitantes das cidades pertencentes às novas regiões metropolitanas não é grande.

No ano passado, 78,11 milhões de pessoas viviam nesses conglomerados de cidades. Sendo que a maior é a Região Metropolitana de São Paulo com 19,33 milhões, a segunda é a do Rio de Janeiro com 11,49 milhões, a terceira é a de Belo Horizonte com 4,79 milhões, a quarta é a de Porto Alegre com 3,85 milhões, a quinta é a Recife com 3,59 milhões, a sexta é da Salvador com 3,51 milhões e a sétima é a de Fortaleza com 3,48 milhões de habitantes. São pessoas que possuem necessidades de se deslocarem constantemente, notadamente para trabalhar. Levando em conta que na maioria das vezes os locais de trabalho ficam distantes de onde as pessoas moram, o custo de deslocamento (em tempo e dinheiro) de casa para o trabalho é muito grande. Por exemplo, segundo o IPEA, na Região Metropolitana de São Paulo, 40% das pessoas que habitam em cidades ao redor da capital e que possuem emprego trabalham em cidades diferentes de onde moram.

Considerando que muitas pessoas são expelidas das cidades maiores para as cidades menores dessas regiões, tem-se um aumento do tempo de deslocamento das pessoas. Segundo pesquisa do IBGE, no período de 1992 a 2008 houve um aumento de 7% no tempo de viagens nas principais metrópoles do Brasil. Nessa mesma pesquisa constatou que nesse período o número de pessoas que levam mais de uma hora de deslocamento de casa para o trabalho passou de 15,7 para 19%. Esse aumento é causado principalmente pela piora no trânsito, com a formação de grandes congestionamentos nas ruas e avenidas das cidades e os poucos investimentos em transportes coletivos face à grande demanda.

Muito se tem falado e escrito que se deve investir pesadamente em transportes coletivos (ônibus, trens, metrôs, etc.), mas os investimentos e incentivos nessa área tem sido exíguos, levando as ruas serem tomadas por carros em todas as horas do dia. As pessoas diante da falta de transporte coletivo adequado usam seus carros para os seus deslocamentos, deixando o trânsito ainda pior. O grande problema é que os espaços construídos nas grandes cidades quase que impedem o alargamento das vias em razão das pesadas indenizações necessárias para tal empreitada. Construir metrô, que deveria ser o mais adequado do ponto de vista de eficiência constitui-se em obras muito caras o que inviabiliza levá-lo para todos os fluxos de pessoas. Deve haver alternativas que levem as pessoas a terem custos e tempos menores ao se deslocarem para os seus locais de trabalho.

Dada a dinâmica de cada uma das cidades que compõem as regiões metropolitanas tem-se mudanças razoáveis que afetam de modo direto as pessoas que nelas moram. Muitas vezes a conseqüências é o individuo ser obrigado a ir morar em outros locais mais distantes do trabalho, da faculdade, etc. embora na maioria das vezes, o emprego está distante de onde as pessoas moram. Essas pessoas são obrigadas todo dia pegarem ônibus, trens, metrô, ou carro para chegarem ao trabalho. Se utilizar o transporte coletivo, geralmente está muito cheio levando a um desconforto muito forte. Se utilizar veículo próprio, geralmente sofre com os congestionamentos. Em ambos os casos, as pessoas chegam ao trabalho cansadas, física e mentalmente. As autoridades devem ter a coragem de implantar de forma irreversível, firme e sistemática sistemas de transportes coletivos que sejam eficiente, rápido e confortável e ao mesmo tempo deve desencorajar os deslocamentos com veículos particulares.
Autor: Francisco Castro


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