Como Comprar Pode Ser Difícil



Tenho um amigo que inventou um meio interessante de contar em seu blog algumas histórias e expor opiniões pessoais sem se comprometer (falando de terceiros ou de si mesmo). Ele criou um "amigo imaginário". Confesso que gostei da idéia e, por esse motivo, vou adotar o processo e contar um caso que aconteceu com meu "amigo imaginário", o Sr. Azarildo (que não sou eu, que isso fique bem claro).

O Sr. Azarildo é um cidadão pacato e comedido, odeia escândalos e tenta resolver todos os problemas na base do diálogo e do bom senso. Infelizmente, para ele, as outras pessoas não parecem considerar seu esforço e sempre tentam abusar dele.

Há duas semanas resolveu comprar um DVD Player para sua casa. Saiu no seu horário de almoço e foi a algumas lojas verificar marcas, modelos e preços. Depois de entrar em uma filial de um grande magazine e tentar ser atendido por alguns minutos, em vão, resolveu sair (sem sequer ter sido notado).

Andou um pouco mais e entrou na loja seguinte. A vendedora foi recebê-lo com um grande sorriso no rosto e, muito prestativa, após saber o que desejava, passou a mostrar os modelos disponíveis sem, contudo, ter condições de fornecer muitas informações sobre os aparelhos.

O Sr. Azarildo é um pessoa sensata e compreensiva. Não obstante a falta de preparo da vendedora, ele relevou, pois, pessoalmente, ele é de opinião que a boa vontade sempre é capaz de improvisar recursos onde falta o conhecimento, mesmo que isso não seja o ideal. Decidiu comprar ali mesmo.

Feita a papelada inicial, a vendedora perguntou sobre a forma de pagamento, ao que o cliente respondeu ser à vista. Tudo bem até ali. A novela começou na hora de pagar. Primeiramente o Sr. Azarildo ia preencher um cheque do banco Itaú, mas a loja não quis aceitar porque a conta era recente e era "norma da loja" não aceitar pagamentos em cheques de contas abertas há pouco tempo.

Embora não tenha achado muito simpática a situação, meu amigo tentou oferecer uma outra alternativa: Iria pagar com seu cheque especial do Banco do Brasil. A conta já estava aberta há muito mais tempo, desde agosto de 2000. Também não pôde, pois a agência "não era da praça" e a loja não aceitava.

Por fim, mantendo sempre o bom ânimo que é sua marca registrada, tentou pagar com cartão de crédito, ao que foi informado que não seria possível porque o referido cartão possuía o mecanismo de chip e a loja não dispunha de equipamento para leitura dessa tecnologia.

Quase indo embora, tentou ainda uma última vez, com outro cartão de crédito (sem chip). Conseguiu. A sensação de alívio tomou conta de seu ser e, muito satisfeito como se houvesse vencido uma guerra, levou para casa o tão cobiçado aparelho. No dia seguinte estava na loja com DVD Player novamente, pois o mesmo apresentou defeito. Resultado: o equipamento foi enviado para a assistência técnica sem nem mesmo ter sido usado e só há previsão de retorno para quinze dias.

A despeito do "excesso de sorte" do meu amigo, e embora pareça piada, o caso é real. São muitas as empresas que esperam crescimentos mirabolantes no volume de vendas, muitas vezes com planos ousados de marketing sem, contudo, se atentarem para o mais básico dos detalhes: o cliente.

E o meu amigo? Bem, ele aguarda pacientemente pelo retorno do seu DVD Player, esperançoso de que nenhum outro problema irá ocorrer. É um verdadeiro gentleman. Mas e quanto à loja? Quanto será que perde de vendas por ano por conta desses "pequenos detalhes"?
Autor: Sérgio Lacerda



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