Estados Unidos da América e a crise de 2011
Prof. Ivan Santiago Silva*
Os Estados Unidos da América foi o grande difusor da liberdade e do livre comércio pelo mundo e nos últimos anos tem se caracterizado como um país perigoso para a economia internacional devido as suas crises econômicas.
O maior império já constituído na História da Humanidade, os Estados Unidos se transformaram nos maiores devedores do mundo, caso muito inusitado. Esta dívida sempre se baseou no "risco zero", de forma que a crença de que a maior economia do mundo, o dono do "dólar", do maior exército já criado e o país mais influente jamais deixaria de honrar seus pagamentos.
As pessoas, empresas, governos sempre acreditam em algo que não existe, como forma de garantir uma espécie de zona de conforto psicológica: é assim que o aposentado acredita que nunca faltará o dinheiro da previdência, que o banco estatal acredita que o mutuário emprestador de uma dívida enorme para o seu bolso, pagará um financiamento imobiliário, nunca ficará desempregado e honrará seus pagamentos e os investidores internacionais... colocam o seu rico dinheiro nos Estados Unidos para não ter nenhum risco.
Os Estados Unidos propagaram o capitalismo, o livre comércio pelo mundo e liberaram recursos financeiros para países aliados durante décadas do século XX após a II Guerra Mundial. Hoje, a grande potência do norte parece totalmente exaurida.
Desta forma, o grande centro do capitalismo mundial padece de uma debilidade assustadora. O Japão, outro centro importante deve mais de 120% do seu PIB enquanto a Europa, em crise, possui endividamento alto e países problemas como Itália, Grécia e Portugal, sendo que somente o último não deve mais de 100% do PIB segundo dados do Goldman Sachs divulgados pela Exame.com em 08/08/2011.
A verdade é que para os Estados Unidos não existe mais espaço para o endividamento, pois os americanos pagam muito pouco pelos juros, pois eram considerados estáveis. Caso os americanos possuam dificuldades para pagar seus títulos aos investidores, a gestão desta dívida ficará impossível no decorrer dos anos, pois a cada vez que os Estados Unidos necessitarem de mais dinheiro, pagarão uma remuneração maior ao investidor do que em anos e década passadas.
A grande potência capitalista já foi muito rica e credora, hoje é muito rica e devedora e pode se transformar nas próximas décadas em um país menor no cenário mundial, fato que também aconteceu com a Inglaterra, que não perdeu a majestade da noite para o dia.
Outro fato curioso foi a "dura" dos chineses neste imbróglio da questão da dívida dos Estados Unidos. A nova potência oriental é a maior credora dos Estados Unidos, era restritamente comunista e agora comanda o capitalismo mundial. Existe claramente uma inversão de papéis no âmbito da geopolítica internacional.
Cabe aos Estados Unidos reformar o seu pensamento, o caráter de suas instituições que, por exemplo, não avisaram ao mundo que existiria uma crise americana em 2008 e se gerenciar para que o mundo não se preocupe tanto. Cabe ainda uma boa dose de bom senso quando se tratar de questões internacionais, afinal a grande potência já nem é tão poderosa assim.
Prof. Ivan Santiago Silva é geógrafo e autor do Livro Brasil, Imperialismo e Integração na América Latina.
Autor: Ivan Santiago Silva
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