Insensato (Coração) escritor
Na nossa vida tudo muda pra melhor, menos a literatura novelesca da Rede Globo. Quer dizer, muda-se os artistas e os nomes das novelas mas a trama continua as mesmas. Há quantos anos, eu tenho 46 e desde 1977, que as novelas são as mesmas. Nessa época eu era garota e assisti a primeira novela da minha vida: Cinderela 77, com Vanuza e Ronie Von, depois dela eu tentei assistir outras e outras e veio o Cravo e a Rosa, o Clone e depois dessas, nenhuma mais me convidou a assistir. Eu cansei de não ter um roteiro ao meu desejo. Acompanhei Insensato Coração já perto do fim porque estou passando uns dias sozinha e para enganar as horas me metia a ver o festival de assassinatos e de falta de respeito a vida humana. A morte do piloto a sangue frio por Léo, aquilo foi uma das piores cenas que já vi e a morte do Léo também. O final, como sempre, as partes melhores fica apenas na imaginação do espectador. E durante a novela o que ocorre? Os autores excitam a ira do telespectador para arrastá-los até o final na eminência de se felicitar com a punição, a desgraça do vilão. Não sei se falta criatividade nos escritores ou se eles subestimam os telespectadores achando que não possam ter evoluído a ponto de preferir menos ódio e mais amor. As melhores novelas são aquelas que não tem pessoas como Léo, a exemplo do Clone, de O Cravo e a Rosa, Roque Santeiro. Lembro-me da minha avó dizendo que ficava ansiosa em esperar a noite para assistir algo que preste e não queria perder nenhum capítulo porque não é todo ano que se é contemplado com algo que preste como O Cravo e a Rosa. Acho que esta mais do que na hora de mudar o enredo dessa dramaturgia. Essa novela inspira aos Lenardo?s da vida a apostarem que não terão o mesmo fim.
Autor: Helena Conserva
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