INFLUENCIA DO SETOR INDUSTRIAL (FERRO-GUSA) NO MUNICIPIO DE AÇAILANDIA







INFLUÊNCIA DO SETOR INDUSTRIAL (FERRO-GUSA) NO MUNICIPIO DE AÇAILÂNDIA-MA





Fabrício Xavier





RESUMO


Este trabalho apresenta informações referentes à economia gerada pelo setor industrial (ferro-gusa) no município de Açailândia-MA, sua história e a influência econômica que exerce sobre a cidade, principalmente no tocante ao desenvolvimento econômico e social de sua população, que em detrimento ao grau de dependência do mercado externo elevado, vem causando impacto econômico negativo no setor siderúrgico local devido à crise mundial instaurada no segundo semestre de 2008 e os problemas gerados por ela.


Palavras-chave: crise econômica, indústria, desenvolvimento, sustentabilidade.


ABSTRACT


This paper presents information regarding the savings generated by the industrial sector (pig iron) in the municipality of Açailândia-MA, its history and economic influence it has on the city, especially with regard to economic and social development of its population, which over the degree of reliance on external market high, is causing negative economic impact on local steel industry due to world crisis brought the second half of 2008 and the problems generated by it.

Keywords: economic crisis, industry, development, sustainability.
INFLUÊNCIA DO SETOR INDUSTRIAL (FERRO-GUSA) NO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA-MA





INTRODUÇÃO


Estudos sobre a economia mundial têm mostrado que quanto mais industrializada for a região, mais tributos ela gera para os entes federativos. No Brasil, os setores industriais, juntamente com os setores de serviços se tornaram as principais fontes de tributos, exercendo papel importante no desenvolvimento econômico e social de sua população.

O município de Açailândia está localizado na Mesorregião do Oeste maranhense, microrregião de imperatriz, cujo principal tributo é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços ? ICMS, gerado pela produção de ferro-gusa nas empresas de siderurgia localizadas no Distrito do Pequiá, fazendo com que o município venha crescendo ano após ano, chegando a ter a segunda maior arrecadação do Estado do Maranhão, perdendo apenas para a capital, São Luis, dados estes revelados em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


BREVE HISTÓRICO


Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município de Açailândia possui cerca de 750 estabelecimentos comerciais em todos os níveis, destacando-se o comércio, a indústria, a agricultura e a pecuária, o que possibilita a geração de renda na economia local, fortalecida por um grande rebanho bovino, um frigorífico e o maior pólo siderúrgico (ferro-gusa) do Estado.






HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA INDÚSTRIA


Segundo o Dicionário Aurélio, indústria é definida como "atividade de produção de mercadorias, abrangendo a extração de produtos naturais e sua transformação". Nesse sentido, a indústria é uma atividade que surgiu antes mesmo da agricultura e pecuária, pois o homem primitivo, ao transformar uma pedra ou um osso numa ferramenta ou arma, estava fabricando, a partir de uma matéria-prima, um produto acabado.


REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


Foi o processo de mudança de uma economia agrária, baseada no trabalho manual, para uma dominada pela indústria mecanizada. Caracteriza-se pelo uso de novas fontes de energia, pela divisão e especialização de trabalho, pela invenção de máquinas que aumentam a produção, pelo desenvolvimento do transporte e da comunicação e pela aplicação da ciência na indústria.


INDUSTRIALIZAÇÃO E CAPITALISMO


Com a Revolução Industrial no século XVIII, a sociedade toma novos rumos em direção ao moderno, com uma vida dentro dos padrões civilizatórios, provocando uma mudança radical no trabalho do homem, que passou de produtor a operador de aparelhos complicados, passando da manufatura para a maquino fatura. Com essas mudanças as indústrias, até então com uma produtividade limitada porque se baseavam na produção artesanal e manufatureira, passaram por um processo de mecanização despertando a sua expansão através da mecanização.




A INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL


A evolução econômica do Brasil apresenta três períodos bem distintos: agroexportador (1500 a 1930), substituição de importações (1930 a 1960) e internacionalização do mercado interno (após 1960).


A INDUSTRIALIZAÇÃO DO MARANHÃO


O Maranhão chegou à década de 1960 com uma industrialização muito restrita, contando apenas com algumas fábricas de fiação e tecelagem, tendo como matéria-prima o algodão. Entre os anos de 1960 e 1970 a sua economia ganha impulso através de investimentos nos setores da agropecuária e extrativismo vegetal e mineral, estimulados pelos incentivos fiscais da Superintendência do desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e da superintendência de desenvolvimento do nordeste (SUDENE), com grandes projetos de criação de gado, plantação de soja e arroz e de extração de minério de ferro, como o projeto grande Carajás (PGC), trazendo riquezas, mas também aumentando a concentração fundiária, causando assim, enormes problemas ambientais.


A INDUSTRIALIZAÇÃO EM AÇAILÂNDIA


A implantação das indústrias siderúrgicas no município de Açailândia está ligada ao programa Grande Carajás, um dos maiores programas de desenvolvimento econômico do Brasil, que tem como objetivo a exploração mineral da região conhecida como Carajás, geograficamente localizada no Sul do estado do Pará, com a instalação das indústrias do ferro-gusa no município, final da década de oitenta, induzida por uma favorável dotação de recursos naturais, incluindo-se o minério de ferro, principal insumo na produção de ferro-gusa, proveniente da província mineral de Carajás através da recém-construída estrada de ferro Carajás. O gusa, como é chamado, é a forma intermediária pela qual passa praticamente todo o ferro utilizado na produção do aço, obtido a partir da fusão de minério de ferro em altos fornos, onde carvão mineral (coque) ou vegetal é utilizado como agentes redutores e fontes de energia.

O pólo guseiro de Açailândia trabalha para atender dois mercados: o interno (gusa importação), localizado no sul do país, e o externo (gusa exportação), distribuído entre Europa, Ásia e Estados Unidos. Com as condições propicias para o recebimento das indústrias do ferro-gusa, a cidade foi visitada por inúmeros empresários, donos de siderúrgicas do tipo independente, provenientes do estado de Minas Gerais, um dos estados em que primeiro se instalaram as indústrias de ferro-gusa no país. Assim, no final da década de oitenta inicia-se a construção das primeiras indústrias em Açailândia, especificamente no povoado Pequiá, localizado a 15 km de Açailândia, às margens da rodovia federal BR-222 e da estrada de ferro Carajás.

As indústrias que se instalaram em Açailândia são todas do tipo independente, conhecidas como guseiras, aquelas que fornecem o ferro-gusa para as indústrias de aço e ferro-fundido, respondendo por cerca de 28,8% da produção do país, tendo a C&a Siderúrgica Vale do Pindaré, a primeira a entrar em operação na região de Carajás, iniciando a produção do seu primeiro alto-forno em janeiro de 1988. Em seguida se instalaram a Viena Siderúrgica S.A, a Simasa ? Siderúrgica do Maranhão S.A, a Gusa Nordeste S.A e a Fergumar ? Ferro-gusa do Maranhão Ltda.


A INFLUÊNCIA DO SETOR INDUSTRIAL EM AÇAILÂNDIA


Açailândia, até final da década de oitenta, era uma cidade como qualquer outra da Pré-Amazônia maranhense, tendo sua economia centrada na agropecuária e na extração e beneficiamento da madeira. No entanto, com a instalação do pólo siderúrgico, no fim da década de oitenta, o município sobressaiu-se dos demais, passando a ser um polarizador de toda economia da região, com capacidade instalada de produção de 1,7 milhões de toneladas/ano, ficando com uma fatia de 10,4% do mercado nacional em detrimento aos 12,5% destinados ao Estado, conforme relata (Silvio Vieira 2010), "o Estado do Maranhão tem capacidade instalada de produção de 2,1 milhões de toneladas/ano, o que representa 12,5% da capacidade instalada brasileira, que é de 16,8 milhões de toneladas/ano". O município conta ainda com estabelecimentos dos mais diversos ramos do comércio e prestação de serviços, e ainda possui um dos maiores rebanhos bovinos do estado, contribuindo de forma significativa para o fortalecimento da economia local, que nos últimos anos tem tido um expressivo crescimento, tornando-se uma das principais economias do estado, gerando ingressos de receita aos cofres públicos.

No período 2001 a 2004, a economia dos dois maiores municípios do interior maranhense ? Açailândia e Imperatriz apresentaram números positivos, mas desempenhos bem diferentes. Açailândia cresceu ano após ano, e consolidou-se como segundo maior município do Maranhão em termos econômicos, distanciando-se de Imperatriz, do qual foi distrito até seis de junho de 1981. No primeiro ano do terceiro milênio, o PIB foi de R$ 353,6 milhões. Em 2002, o crescimento quase duplicou, chegando a R$ 669,1 milhões, representando um incremento de 89,2%. Em 2003, cresceu 34,9% e chegou à casa dos R$ 900 milhões: R$ 902,7 milhões. Em 2004, cresceu ainda mais 7,7% e chegando a R$ 973 milhões. No entanto O crescimento do PIB de um município ou país nem sempre implica melhoria nas condições de vida de uma comunidade, estado ou país, em função do fenômeno da concentração de rendas, que resulta num dos piores e mais constrangedores indicadores de uma economia.


A RESPONSABILIDADE SOCIALDAS NDÚSTRIAS DO FERRO-GUSA


Responsabilidade social é um compromisso que as organizações devem ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que afetem positivamente de modo amplo, ou alguma comunidade de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange ao seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. (Silvio Vieira, 2010 p.79)

Estrategicamente sendo um modismo empresarial, ou uma nova tendência, o fato é que o tema tornou-se uma questão de sobrevivência em um mercado globalizado. Convive-se cada vez mais com consumidores mais exigentes em qualidade, preços e serviços, e também a todo o processo produtivo. A empresa socialmente responsável alcança resultados em longo prazo, pois fazer o bem compensa economicamente, traz o reconhecimento e prestígio junto à sociedade, causando uma maior reputação sobre a marca.
A CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL E O IMPACTO NO SETOR INDUSTRIAL E NO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA.

A crise financeira de 2008 teve inicio no mercado imobiliário Norte-Americano. Ela começou se formar a partir de 2001, com os Norte-Americanos refinanciando seus imóveis, aproveitando os juros em baixa e pegando dinheiro na troca. Em conseqüência disso, os valores dos imóveis começaram a subir. Em 2005, o aumento pela procura fez com que os preços das casas atingissem recordes históricos.

Com o advento da crise imobiliária americana, o setor siderúrgico de Açailândia também atravessou um colapso internacional cujos efeitos imediatos foram as demissões em massa da classe trabalhadora operária. Em meados de novembro e início de dezembro de 2008, o setor guseiro demitiu 12.126 empregados, o que correspondeu a 40,23% dos seus funcionários e paralisou parte de sua produção, o qual obteve uma perca de -61,85% de sua demanda produtiva. (SINDIFER-MA, 2009 apud Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 2009).

Levando em consideração todos os setores da economia, Açailândia demitiu mais empregados do que admitiu no período de junho de 2008 a junho 2009. Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostraram que esse aumento do desemprego também refletiu em toda a microrregião de Imperatriz, do qual o município é pertencente, no oeste do Maranhão.

Dentre as cidades do Maranhão, Açailândia tem uma particularidade que a torna ímpar em relação aos demais municípios maranhenses, pois é a que mais depende do mercado internacional, tendo em vista que sua economia é baseada na produção e exportação do ferro-gusa. Por isso, crises instauradas em qualquer canto do planeta que provocam retração no mercado internacional, atingem diretamente a economia do município, levando os empresários da siderurgia a diminuírem sua produção e até mesmo a desativar altos-fornos, como ocorreram em 1999 e recentemente, no final de 2008.

AÇAILÂNDIA APÓS A CRISE INTERNACIONAL

Diante de tamanho impacto causado pela crise internacional, surgem na mente dos Açailandenses algumas perguntas: Açailândia perdeu o potencial para hospedar usinas de ferro-gusa? O município pode ser surpreendido por uma evasão do pólo guseiro? O que precisa ser feito para que a economia continue dinâmica sem depender do pólo guseiro?

"Açailândia, ao contrário do que muitos pensam, ainda é uma cidade atrativa para a instalação de indústrias siderúrgicas, isso devido alguns fatores, tais como":
I - sua boa localização geográfica em relação à Estrada de Ferro Carajás;
II - possui grande quantidade de carvoarias que produzem carvão de forma legal;
III - Dispõe de um grande apoio logístico de ferrovias e rodovias;
"IV - Os investimentos feitos pelas usinas siderúrgicas de Açailândia, através do Fundo Florestal Carajás (EFC) em reflorestamento, visto que as usinas querem, em 2014, alcançar a marca da auto-sustentabilidade na produção de carvão vegetal". (Silvio Vieira 2010),

Os gestores públicos precisam saber que a atividade industrial guseira gera ingresso de receitas aos cofres públicos, portanto, qualquer negociação com os empresários deste setor no sentido de instalarem suas indústrias no município de Açailândia será de grande valia para o referido município. Diga-se de passagem, uma economia não pode ficar vulnerável às oscilações do mercado internacional, como tem ocorrido com a economia do município de Açailândia. Faz-se necessário uma diversificação urgente na economia, para quebrar a dependência exclusiva do mercado de ferro-gusa, pois em tempos de crise econômica mundial, o município tem sua economia diretamente impactada, estagnando todos os demais setores econômicos, principalmente o de comércio e o de prestação de serviços. É preciso que se firme parcerias entre o poder público e a sociedade civil organizada para discutir os problemas econômicos municipais, buscando alternativas para fugir das surpresas do mercado internacional, pois os problemas advindos do setor econômico também lhes pertencem, ou seja, o município sente falta da arrecadação dos impostos e, consequentemente, também caem os repasses estaduais.





CONCLUSÃO


Com este trabalho, ficou explanado o quanto o setor siderúrgico representa para a economia de um país, de um estado e de um município, e como uma crise financeira internacional afeta os mais variados setores do mercado financeiro. Portanto, com o impacto negativo causado nos diversos setores econômicos, cabe aos estudiosos em economia identificar e analisar as principais causas e efeitos que deram início a essa crise e o que deve ser feito para que os problemas de natureza econômica e social sejam amenizados quando receberem os impactos causados pela mesma, uma vez que as origens das crises econômicas estão associadas a uma concentração da renda e da riqueza em nível mundial, que agravado com o surgimento de alguns poucos países industrializados, tornou-se ainda mais evidente a disparidade entre nações ricas e pobres. Sendo as indústrias siderúrgicas um dos mais importantes alicerces para o desenvolvimento de uma nação devido a sua importância no mercado internacional e o uso do ferro fundido no cotidiano da população mundial, se faz necessário que todos os segmentos da sociedade se unam para discutir os problemas existentes e as sugestões e alternativas apontadas para encontrar soluções para os problemas relacionados à economia do município, que estão ligados diretamente às questões sociais e que, nas surpreendentes crises internacionais, o município não sofra tanto com as crises financeiras, como esta que vem atravessando.



















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE AÇAILÂNDIA (www.associacaocomerciaoeindustrialdeacailandia.com.br)
Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (www.fiema.org.br)

JORNAL PEQUENO 27/ Abril / 2006 (http://www.jornalpequeno.com.br/E-Mail - [email protected] / [email protected])


NONATO, Raimundo; 8 p. Curso de Ciências Econômicas,
Faculdade de Imperatriz-2010

SOUSA, Denílson Silva; Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Ciências Econômicas,
Faculdade de Imperatriz-2009

VIEIRA, Silvio; Açailândia Eixo do Maranhão, Editora Ética-2010.

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