A copa do mundo não é nossa.



Como diriam os antigos: no futebol não existe Se. E se a bola tivesse pegado um vento e a aerodinâmica modificasse a sua trajetória e se o goleiro tivesse saído mais para a direita e não para a esquerda e se simplesmente o juiz fosse outro que deixasse o jogo correr mais.
Se o jogo do Brasil tivesse acabado no primeiro tempo, Felipe Melo seria o Gerson da vez com seu passe vertical do meio de campo até o tapa de primeira na bola do Robinho que seria o Pelé, que repetiria a marca do rei ao ser um jogador do Santos a marcar gol na copa, heresia? Desrespeito a uma geração tão grandiosa como a de 70?

Na verdade seria paixão mesmo, daquelas que você exagera ou subestima a pessoa amada, o objeto de desejo, e essa paixão, febre mundial acontece de quatro em quatro anos, e como em relacionamentos que acabam e começam com novos parceiros, assim a nossa canarinho ressurge, ainda comparamos com o amor antigo, queremos que o atual seja tão genial quanto o antigo. Queremos que ele seja igual ao antigo na aparência, mais rápido e moderno, porque sim o tempo mudou, e a concorrência já não é mais como antigamente.

Mas o futebol são dois tempos de quarenta e cinco minutos mais os acréscimos, e o Felipe Melo virou jogador de várzea. Daqueles que ninguém quer no time, que quando chega o churrasco depois do jogo começa mais cedo, e o Robinho virou mais um entre tantos que tentam ser rei, o melhor do mundo. E as ruas voltam a ser pouco coloridas de verde e amarelas, e o nos bares o assunto não é mais a seleção, agora o assunto não é mais tão nacional.

A minha seleção teria sido Julio Cesar, Maicon, Lucio, Juan, Juan do Flamengo, Junior Cesar do São Paulo, Roberto Carlos do Corinthians, Marcelo do Real Madrid, André Santos que não sei como está jogando no Fernebarch, a verdade é que lateral esquerdo está em carência no Brasil e parece que no mundo inteiro por isso a tendência é colocar um atacante como ponta e um zagueiro para cobrir suas subidas, será que o "lateral?? está em desuso no futebol?

No meio seria Hernanes, como primeiro volante, assim praticamente Juan e Lucio não sairiam ao não ser para cabecear na área adversária, Elias seria o segundo volante, o pulmão do time já que teria que revezar marcação das idas e vindas com o Hernanes, teria dois meias Paulo Henrique Ganso e Kaká, não faltaria velocidade e criatividade.
E na frente Neymar e Nilmar, oportunismos que deixaria qualquer zaga perdida, seria uma seleção menos estrangeira, pois teria de três a quatro jogadores que atuam no Brasil. Uma seleção jovem na frente e experiente na defesa.

Mas não futebol não existe: Se. No futebol existe vilão e herói, Melo foi vilão e no capitulo final da novela que obteve audiência recorde, o Brasil chorou, e como quem sempre está acostumado a finais felizes, escreve, fala, maldiz o escritor. Como ele pode não escrever um final feliz?

Então sobrou para o Dunga como escritor, a culpa maior. E a Maradona o que sobrou? Ele escreveu o roteiro que o povo quis o herói: Messi, os três mosqueteiros: Di Maria, Higuahin e Tevez. Mas a Argentina mais uma vez não encantou, o enredo não emplacou, e não foi sucesso de bilheteria porque o herói preferia estar no filme espanhol, sendo parte do seu time Barcelona, porque sobra a Espanha jogar igual ao seu time catalão, o mesmo toque de bola de primeira em ritmo de treino, que enfrentou um Paraguai, quase um atlético de Bilbal, time copeiro mais guerreiro, com uma missão difícil desarmar a armada espanhola, mas forçar a Espanha a dar um chutão, é uma missão das mais difíceis, mas que foi vendida cara como muitas vezes ocorre no campeonato espanhol.

E do outro lado a celeste ressurge, os primeiros campeões mundiais com a batuta do líder Forlan que está mais parecendo Enzo Francescoli e virando o dono do time, mas esse filme tem o bom amigo do ator principal, que faz quase tudo para ele sem levar muitos créditos, mas o final feliz depende e passa por ele, Luizito Suares, o nove do Uruguai que no ultimo momento parecia ser o vilão, ao colocar a nova mão de Díos para evitar o gol de gana, mas acabou sendo o salvador e se sacrificou pelo time, se jogou em frente ao tiro para evitar que sua pátria sofresse. E assim com sorte de campeã e certa loucura no mundo previsível do futebol, a celeste avança com ares de zebra na África.

E o que falar da jovem Alemanha, um time experiente, a maioria dos jogadores estiveram na boa campanha de 2006, o terceiro lugar, só perdendo para a atual campeã e decepção da copa a Itália. Um time que veio sem alarde, mas no primeiro jogo mostrou seu cartão de visita um time muito técnico que dificilmente erra mortal no contra ataque, que só fez dois jogos ruins, ambos que não contaram com o artilheiro: Klose, que tem um

Muller substituindo a altura, ou melhor, um Balack.
Que tem um jogador inspirado em Beckenbaue. Schweinsteiger parece levar o time como o maior ídolo da Alemanha, parece que assistiu bem os passos do ídolo e tenta ao seu modo ser tão brilhante quanto. Mas se o juiz tivesse dado o gol de Lampard, a geração do time dos sonhos dos ingleses com Gerrad, Terry, Rooney, teria conseguido mostrar que não era sonho e sim realidade?

Agora uma torcida de 180 milhões de brasileiros torce para que qualquer seleção ganhe menos a Holanda. E sempre vai existir a pergunta: E se o Ganso e o Neymar fossem? E se o Brasil ganhasse? Todas as perguntas sem resposta, porque no futebol não existe, Se.

Autor: Roberta Teixeira De Melo


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