A Crise Da Moralidade Política



Embora haja a lei do Eterno Retorno, onde todos os fatos tenderão a se repetir num infindo espiral histórico (teoria do filósofo Nietzsche), não é crível aceitarmos, passivamente, incabidas imposições da má política de gestões públicas. O fato é que a crise da moralidade política aflige nações e é fenômeno mundial.

Dessa forma, descartemos pois, de imediato, a preconceituosíssima paráfrase de "bom jeitinho brasileiro". Logo, há de se saber: Michelle Bachelet, atual presidente do Chile e também torturada durante o regime Pinochet (1970), divulgara que fora encontrada inúmeras ossadas deste mesmo período despótico. De vítima, tornara-se algoz; Dissertara que "fará o possível para a identificação das vítimas" (...), porém é de se notar que dos quinhentos militares do regime Pinochet investigados, apenas vinte e cinco já foram punidos. Augusto Pinochet, como todo bom político, falecera a dois anos, antes de qualquer possível reprimenda às atrocidades cometidas. Restaram aos chilenos pesaroso saldo de três mil mortos e mais de vinte e oito mil torturados.

Como não poderia deixar de ser, o Brasil revela-se excelente reprodutor de má condutas políticas. Afora mensalões, mensalinhos e sangue-sugas do capital nacional, mais recentemente vê-se sem grandes louvores, a prisão do Salvatore Cacciola, responsável por milionário rombo nos cofres do Estado brasileiro. Ínfimo fato. Estava a passear, por digamos uns oito anos, na (como diriam os locais) moltobello Itália. Como desfecho ao surrealístico quadro, Cacciola a afirmar veemente que não estivera foragido. E o ministro do STF Marco Aurélio, outra excelência política, a confirmar a alegação que de fato Cacciola nunca estivera foragido e que ele, do próprio punho, dera autorização para a longeva viajem do mais novo caixeiro-viajante.

Uma dada vez ouvi, no coletivo, uma senhora feirante a comentar com outra: "São tantos os corruptos em que votamos e passam tão rápido na tv, que nunca dá pra notar quem é quem". Deve ter sido isso. Marco Aurélio, confuso na sucessão de eventos amorais que se sucedem perante os olhos ministeriais, talvez esquecera de anotar o nome Cacciola. Ou, quiçá, o ingênuo nome Luis Inácio e seu amigásso Celso Pitta (digo do Celso, porque o Renan já é passado). E tantos outros que nem ao menos hão de constar na impontuável lista da Polícia Federal. Se vivo estivesse o saudoso Joaquim Osório, diria o poeta do nosso hino: E o sol da liberdade, em braços fúlgidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante...

- Silier Borges 
Autor: Silier Borges


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