A Pedagogia Hospitalar enquanto Prática Inclusiva



1 PEDAGOGIA HOSPITALAR Antes de se iniciar o estudo acerca do tema em questão, pretende-se examinar primeiramente o vocábulo Pedagogia, como ponto de partida deste trabalho, para posteriormente chegar-se à conceituação de Pedagogia Hospitalar. O termo Pedagogia, é originário do grego antigo paidagogós, que era inicialmente composto por paidos: criança e gogía: conduzir ou acompanhar. Nesse contexto, o conceito se referia ao escravo que conduzia os filhos de seus senhores à escola do gramático, do cálculo, á palestra, e outros locais de ensino da época. O pedagogo os acompanhava, ajudavam-no a carregar a pequena bagagem e as vezes até a lanterna que servia para iluminar o caminho. Hoje, a figura do escravo já não existe, mas o pedagogo continua a sua função de iluminador, não com a lanterna, mas com o conhecimento. Segundo Aranha (2006, p. 65), a palavra paidagogos significa literalmente aquele que conduz a criança (pais, paidós, criança, agogôs, que conduz). Etimologicamente, a palavra pedagogia, derivou do termo pedagogo, possivelmente pela semelhança fonética e com o decorrer do tempo o termo passou a ser utilizado para se referir as práticas relacionadas á educação. O vocábulo Pedagogia surgiu pela primeira vez no dicionário da língua francesa no século XVIII como ciência da Educação. Para alguns autores, (Franco, 2003; Libâneo,2005; Pimenta,1998), Pedagogia é o campo de conhecimento relacionado à educação e o Pedagogo é o especialista em Pedagogia. A Pedagogia, segundo Libâneo (2005, p. 30), serve para investigar a natureza, as finalidades e os processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a realização desses processos nos vários contextos em que essas práticas ocorrem. O autor define Pedagogia da seguinte forma: Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. (2005, p.30) De acordo com Aurélio Buarque de Hollanda, em seu Dicionário da língua Portuguesa (2009), o vocábulo Pedagogia é a teoria e a ciência da educação; conjunto de doutrinas, princípios e métodos de educação. Ou seja, seria o conjunto de saberes referentes às práticas educativas. Sendo assim, pode-se dizer que Pedagogia Hospitalar seria a ciência de educar com doutrinas, princípios e métodos específicos para um hospital. Pedagogia porque envolve a prática educativa, Hospitalar haja visto que ocorre neste contexto. Sabe-se que na atual sociedade as práticas educacionais desenvolvidas por Pedagogos não se restringem apenas à sala de aula, uma vez que o mesmo atua em diferentes setores, empresas, organizações não governamentais e até mesmo em Hospitais. Segundo a política do Ministério da Educação - MEC, a Classe Hospitalar é um ambiente que possibilita o atendimento educacional de crianças internadas que necessitam de educação especial e que estejam em tratamento hospitalar. (Brasil, 1994, p. 20). O trabalho do Pedagogo em hospitais ainda é pouco divulgado, porém de grande importância e relevância social, visto que, beneficia alunos que se encontram internados e em tratamento de saúde, portanto, impossibilitados de frequentar a escola. Nesse sentido a Pedagogia Hospitalar é um ramo, ou uma modalidade da educação, a qual atende pacientes em idade escolar que estejam hospitalizados, oferecendo a estes, atividades educacionais e lúdicas moldadas em suas respectivas atividades escolares. Conforme Fonseca (2003, p. 8) "o atendimento do pedagogo no ambiente hospitalar mesmo que por um tempo mínimo, e que talvez pareça não significar muito para um aluno da escola regular, tem grande importância para a criança hospitalizada. "Talvez, isso ocorra porque o ambiente hospitalar tenha um aspecto frio, solitário com sinônimo de dor e sofrimento. Nesse sentido, a atuação de profissionais de educação tende a ser vista como algo dinâmico e recreativo por esses pacientes, da mesma forma que oportuniza ao aluno distanciado do espaço escolar atividades escolares mesmo que mínimas. Para Matos; Mugiatti (2008, p.37): A Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ ou domiciliar. Trata-se de nova realidade multi/inter/transdisciplinar com características educativas. Percebe-se, que esse atendimento além de ultrapassar a formalidade da escola, possibilita também a interação entre médicos, psicólogos, enfermeiros, professores e pais, contribuindo para o processo educativo. Em relação às atividades educativas desenvolvidas no ambiente hospitalar, permite a esses alunos o contato com os conteúdos escolares que lhe serão úteis e necessários no retorno à escola. A Pedagogia hospitalar não é apenas um espaço de sala de aula dentro do hospital, vai muito além, por ter características próprias, público específico, profissionais e conteúdos multidisciplinares, enfim um atendimento pedagógico especializado. De acordo com Esteves (2008, p.4) Pedagogia Hospitalar é o ambiente onde ocorre a interação da "[...] criança doente no seu novo modo de vida tão rápido quanto possível dentro de um ambiente acolhedor e humanizado, mantendo contato com seu mundo exterior, privilegiando suas relações sociais e familiares". Nesse espaço as ações desenvolvidas pelo pedagogo hospitalar tem a função de elo entre o aluno hospitalizado e o mundo que este deixou lá fora quando bruscamente foi retirado do seu cotidiano, seja escolar, familiar e social. Segundo o documento da Classe Hospitalar (Brasil, 2002, p.11): "Na impossibilidade de frequência à escola, durante o período sob tratamento de saúde ou de assistência psicossocial, as pessoas necessitam de formas alternativas de organização e ofertas de ensino [....]" Tais ofertas de ensino são promovidas pela Classe Hospitalar que procura desenvolver um trabalho pedagógico no hospital de suma importância mais especificamente para o público infantil que se encontra matriculado em uma escola, porém impossibilitado de frequentá-la por estar hospitalizando, por isso necessita desse atendimento o qual além de favorecer a aprendizagem e não deixar que o paciente perca o vínculo com a prática educativa, também colabora no sentido de minimizar a lembrança da doença e evitar possível reprovação ou desistência pelos estudos posteriormente, como enfatiza Matos; Mugiatti (2008, p.68): Trata-se de um estímulo e da continuidade de seus estudos, a fim de que não percam seu curso e não se convertam em repetentes, ou venham a interromper o ritmo de aprendizagem, assim dificultando, conseqüentemente a recuperação da sua saúde. A necessidade de continuidade, exigida pelo processo de escolarização é algo tão notório que salta à vista dos pais, professores e mesmo das próprias crianças e adolescentes. Embora tais favorecimentos ainda não sejam reconhecidos unanimemente pela equipe médica, por autores e autoridades responsáveis pelas políticas públicas, em contrapartida a maioria dos educadores e alguns profissionais da saúde já percebem que as ações da classe hospitalar constituem-se em grande benefício para o aluno hospitalizado, favorecendo a auto-estima, reduzindo o estresse, e contribuindo para o ensino-aprendizagem em geral. Para citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email para: [email protected]
Autor: Neusa Amorim


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