SAÚDE E EDUCAÇÃO: UMA PARCERIA POSSÍVEL (Neusa Amorim)



1.3 SAÚDE E EDUCAÇÃO: UMA PARCERIA POSSÍVEL A humanização se faz necessária em todos os ambientes, seja na empresa, na comunidade, na escola ou em qualquer espaço onde haja interação entre os indivíduos. No Hospital, as atitudes que demonstram o lado humano estão presentes também nas ações da Pedagogia Hospitalar como é ressaltada nas palavras de Vasconcelos (2005, p. 32), que ao falar da classe hospitalar menciona que: "A intenção grandiosa desse projeto deve ser a humanização do hospital para o contato com as possibilidades da criança vítima de algum tipo de patologia", ou seja, as ações educativas desenvolvidas no ambiente hospitalar dizem respeito á uma forma de humanização, já que se tratando de crianças e adolescentes não é apenas a área física destes que deve ser tratada, pois, independente de estarem hospitalizados as demais áreas cognitiva, emocional e motora continuam em pleno desenvolvimento. Fontes (2007, p. 279) esclarece que "tanto a educação não é elemento exclusivo da escola como a saúde não é elemento exclusivo do hospital". Daí a necessidade de parceria entre os profissionais da saúde e da educação, bem como do desenvolver ações integradas em benefício do ser humano que delas dependem. Para Mezomo (2001, p. 7) a humanização "é tudo quanto seja necessário para tornar a instituição adequada à pessoa humana e a salvaguardar de seus direitos fundamentais". Pelo fato de se tratar de pacientes em idade escolar, em fase de desenvolvimento, faz das ações educativas hospitalares um ato de humanização. Mesmo que a atuação do Pedagogo no espaço hospitalar ainda esteja em processo de conquista, sua presença no hospital é enfatizada por autores como Matos, Mugiatti (2008, p.81): Assim, com a inserção da ação Pedagogia Hospitalar, consegue-se uma integração valiosa entre teoria e prática, bem como entre a prática e a teoria. Por outro lado, esta experiência pode vir a capacitar para uma futura dedicação profissional quando a sociedade se aperceber da necessidade também do pedagogo nos centros hospitalares e espaços de saúde. As autoras predizem que a sociedade há de reconhecer a necessidade que o espaço hospitalar tem da atuação do Pedagogo, mesmo que hoje possa haver ainda alguma resistência por parte da equipe da área da saúde. Incluir quer dizer: inserir, fazer parte, abranger, envolver; logo inclusão significa ato de incluir. Conduzindo estes vocábulos ao processo educacional, embora hoje, se tenha leis que asseguram o direito à educação, estendendo-o à todas as pessoas: crianças, jovens e adultos, na prática tal direito acaba não alcançando, de fato, todas as pessoas. Um exemplo são as crianças e adolescentes hospitalizados. Para Marques (2003, p.87): A inclusão contempla necessariamente todas as formas possíveis da existência humana. Ser negro ou branco, ser alto ou baixo, ser deficiente ou não deficiente, ser homem ou ser mulher, rico ou pobre são apenas algumas das inúmeras possibilidades de ser humano. Nessas dimensões do ser humano, pelas quais, muitas vezes sofre algum tipo de inclusão, também pode-se incluir aquelas que por algum motivo deixam de usufruir de algum dos seus direitos, que no caso dos alunos hospitalizados, trata-se do acesso ás práticas educativas, no qual crianças e adolescentes que por motivo de internação, estão impossibilitados de frequentar a escola. Nesse sentido, a Pedagogia Hospitalar, tende a desenvolver um importante papel ao garantir o acesso destes á educação como continuidade dos estudos, desempenhando assim uma ação de inclusão. De acordo com Gil (2005, p.13), a Educação Inclusiva: [...] é o resultado de muitas discussões, estudos teóricos e práticas que tiveram a participação e o apoio de organizações de pessoas com deficiência e educadores, no Brasil e no mundo. Fruto também de um contexto histórico em que se resgata a Educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia de direitos. Uma vez que possibilitar o acesso á educação, faça parte do resgate á cidadania, pode-se afirmar que as ações educativas desenvolvidas no hospital são ações cidadãs, já que crianças e adolescentes adoecem todos os dias, e estas também devem ser contempladas pelo acesso á educação, não apenas as crianças sadias. Justi; Fonseca; Souza (2011, p. 143) afirmam: Muito se tem construído na condução do processo educativo no ambiente da saúde. Mas, muito mais há de ser construído, inventado e reinventado na busca por fazer existir uma escola para atender às necessidades educacionais que se evidenciam no tratamento da saúde do escolar hospitalizado. Acreditamos na possibilidade de se garantirem condições de efetivação de uma política publica comprometida com o processo de inclusão, em que todas as nossas crianças e jovens em fase escolar possam continuar seus estudos, apesar da sua situação hospitalar. As autoras reconhecem que houve avanços relevantes quando ao processo educativo no ambiente hospitalar, mas enfatizam a necessidade de uma intervenção das políticas públicas no sentido de contribuir para que este serviço possa avançar ainda mais, garantindo o acesso de todas as crianças e adolescentes hospitalizados em idade escolar. Assim, poderão dar continuidade a seus estudos sem serem interrompidos, principalmente nos casos de internação por tempo prolongado, que podem levar anos. Ao passarem tanto tempo hospitalizados, a criança ou adolescente, além de sofrerem em decorrência de sua patologia, sofrem também pelo stress do ambiente hospitalar. Diante disso, Gonçalves; Valle (1999, p. 274) ressaltam que: É preciso alertar os pais e toda equipe profissional que, embora ela esteja enferma, seu processo de desenvolvimento continua e deve ser constantemente incentivado, numa tentativa de suprir o efeito negativo do stress e da hospitalização. Nesse sentido as práticas educativas podem estar contribuindo para amenizar essa eventualidade, uma vez que de acordo com Gadotti (2002, p. 11): "a educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens", por isso pode contribuir também no ambiente hospitalar. E esta humanização implica consequentemente, à necessidade de incentivo quanto ao processo de desenvolvimento deste aluno que não deve ser interrompido nem mesmo por motivo de internação, já que esta pode durar meses e até mesmo anos. Para citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email para: [email protected]
Autor: Neusa Amorim


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