Os E-mails Se Comunicam



Recebí outro daqueles e-mails que a gente não sabe ao certo de onde partiu, não temos nem certeza se já o lemos antes. Engraçados, irônicos, questionadores ou politizados. Na verdade é que eles falam por sí só. Nada contra esse meio de comunicação, claro que não, tanto que o estou utilizando agora. A diferença deste é que sei quem o escreveu e para quem ele está sendo enviado. Pois, hoje em dia a maior parte dos e-mails que recebemos não temos a menor idéia de quem fez, quem mandou primeiro, quem eram seus destinatários. Enfim, a verdade é que a cada dia passo a crer que não somos nós, os amigos, os grupos ou os "listados" que estamos nos comunicando. E sim, os e-mails passaram a se comunicar entre si, tornando-nos personagens secundários ou mesmo inexistentes. Apenas somos ferramentas repassadoras dessas pérolas virtuais. Eu explico, recebo um e-mail, de título interessante e de um amigo, abro e percebo que ele me enviou aquilo mas, ao mesmo tempo, não sei se queria realmente me enviar, ou apenas eu estava naquele grupo ou lista. Tenho vontade de responder algo sobre o assunto enviado, mas, sei lá, se reponder somente para um, vai ficar personalizado demais, se responder a todos, público demais, melhor ver os nomes que não foram listados naquela imensidão de e-mails e passar para eles também, agrupados claro. Pois, é por isso que digo, hoje quem se comunica são os e-mails. Imagine, há duas ou três décadas, mandar uma carta para uma amiga ou amigo, e junto com ela enviar cópias para uma dezena de pessoas. No mínimo isso seria interpretado como quebra de sigilo. Ou mesmo, pegar uma foto engraçada, tirar várias cópias e sem nada escrever, enviar por carta para todos os meus amigos, e estes por sua vez enviarem para outros amigos, que enviaram para seus também amigos. Estranho não? Pois, é assim que tenho me sentido ao receber a maioria dos e-mails, somente mais um endereço agrupado, listado ou incluído em uma relação de pessoas, que não necessáriamente se conhecem. Sei que muitos vão pensar que isso não tem nada a ver, o importante é sermos lembrados. Tudo bem, tem esse lado de verdade. Mas, até ser lembrado também ganhou um grau de importância dentro dos e-mails, pois de vez em quando somos tomados por aquele sentimento egoísta de não querermos estar somente na lista dos cc(com cópia para), e sim, no encaminhamento "para". Nos dá uma sensaçãozinha de maior importância, ou não? Claro que dá. O que penso é que esse meio de comunicação é ótimo, indispensável e que veio para ficar. Ao mesmo tempo, penso que não devemos perder a capacidade de sermos " pessoais", falarmos aquilo que sentimos para "gente", como se falássemos individualmente à cada um. Não nos intimidarmos em lembrar de pessoas, e até mesmo quando falarmos para muitos, e desejarmos saber o que eles têm para nos dizer.

Ficou grande demais esse texto. E-mails grandes, muitas palavras e sem figuras correm o risco de tornarem-se desinteressantes. Acho que muitos vão deletar antes mesmo de lerem. Não tem problema, cada um que tiver a curiosidade de ler saberá que foi destinado a ele em especial.


Autor: José Rocha


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