Sociologia Do Direito
O Direito e o Sentido do Outro
(questionário proposto na obra Sociologia do Direito, de Celso Pinheiro de Castro)
Integração, Dialética e Disjunção são os três Approaches Ou abordagens do Social.
De acordo com Durkheim " o social explica-se pelo social". As três ópticas citadas são as mais destacadas na abordagem do social, porém não as únicas.
Integração:observa a perspectiva dos indivíduos se integrarem no grupo, sendo que sua preocupação se volta para o elemento convergência ou coesão intragrupal.
Dialética:estuda as divergências ou as complementaridades, fundindo-se nas conclusões. A divergência volta-se para o comportamento intergrupal, a exemplo dos sindicatos trabalhistas em contraste com os sindicatos dos patrões; sendo divergentes, cada um possui a própria definição relacionada ao outro.
Disjunções: aqui se ressalta a desarticulação do social que ocorre na divisão social do trabalho entre relações de poder, entre poder social e situação da classe trabalhadora (proletariado).
*Fatos Sociais são decorrentes do processo de Interação (competição, cooperação e conflito). Conforme ressalta Simmel, para a existência de um fato social exige-se a "díade", ou seja, dois indivíduos em interação, o que na realidade é mais complexo, considerando-se que cada individuo participa de inúmeros grupamentos estáveis ou não, sendo que alguns grupamentos podem ser episódicos.
O principal objetivo de Todorov em
"A conquista da América: a questão do outro."
R; Em Todorov, o 'outro' é visto sob dois aspectos:
*Relação Eu / Outro: o outro é considerado como eu, não sendo desse modo reconhecido como tal.
*Relação Outro considerado como Outro: donde advém o elemento Diversidade.
Essa segunda relação me parece mais humanística uma vez que decorre da idéia de Contrato Social (de Rousseau) de onde advém o sentido de Alteridade, ou seja,o reconhecimento do outro como membro do grupo como forma de se garantir e ver assegurados os próprios direitos. Tal argumentação serviu, com se sabe, de base para os ideais da Revolução Francesa, de 1789, e que repercutem ainda hoje sobretudo no que respeita aos chamados Direitos de Terceira Geração os quais asseguram garantias como Fraternidade ou Solidariedade, bem como e muito principalmente a Igualdade.
Estabelece, Todorov, um paradoxo entre as visões de Colombo (descobridor da América) e Cortez (conquistador dos Astecas), sendo que para aquele, o mundo era visto sob a óptica do etnocentrismo¹, não percebendo o outro a não ser como parte da natureza. O outro é homem inferior ou diferente. Sendo diferente, é natureza, reduzido ao estatuto de objeto. Sendo inferior, pode ser manipulado de modo a assimilar os valores europeus.
Para Todorov. Colombo ignorou as três matrizes na questão do outro, a saber:
Formação de Signos, Interpretação e Comunicação.
Falhou na Comunicação com os indígenas por desconhecer a formação de signos, ou seja , os sinais - naturais ou artificiais -, que servem como intermediários entre a idéia e o objeto. Colombo não compreendeu os costumes e a religião dos indígenas – até porque menosprezava sua cultura - contentando-se tão somente em propagar a fé católica, para ele tida como sendo superior.
Colombo negligenciou a Interpretação, a qual faz emergir a consciência da diversidade cultural. Assim sendo, Colombo considerava o Outro como Eu ou seja, como um simples objeto de conhecimento, passivo de assimilação – a primeira relação supra citada.
As três matrizes conduzem a três planos:
Praxiológico, Axiológico e Epistêmico.
Praxiológico: visa a conquista do outro, considerado inferior e tomado como objeto.
Axiológico: tende a valorizar o próximo reconhecendo-o como sujeito, porém não evita sua conquista (eu te amo mas eu te exploro)
Epistêmico: visa conhecer o outro. Dá-se pela Compreensão por meio da Comunicação; pelo Colonialismo por meio da Conquista e pela Destruição por meio do Escravismo.
A meu ver, desse modo Colombo distorceu os valores de sua própria religião, que entre outros ensina a valorização e o amor para com o próximo. Todorov revela-nos em sua análise que Colombo visava conquistar o favor do Rei da Espanha no sentido de obter recursos a serem empreendidos numa cruzada a Jerusalém. Daí sua debilidade moral (na minha opinião) para associar o fator Alteridade aos indígenas.
Na visão de Hernán Cortez, o Outro é visto como Outro, ou seja como Sujeito. Assim sendo, utiliza-se da Comunicação inter-humana visando a conquista do Império de Montezuma, o soberano asteca. Tal forma de comunicação se dá por meio da Simulação, Adaptação e a Improvisação tendo, Cortez, ciência do valor simbólico de sua ação. Ou seja, Cortez conhecia a crença asteca na divindade "suprema" Quetzalcoatl – a serpente alada, considerada o 'deus da sabedoria' – e que de acordo com a mitologia asteca, dotada de presságios, agúrios e 'profecias', haveria de retornar para governar a nação; ou seja, tudo o que acontece foi previsto, mesmo que posteriormente elaborado.
Desse modo, Cortez se faz passar por Quetzalcoatl (que é um Signo) para impressionar Montezuma, que se faz submisso àquela 'divindade'. Cortez visava conquistar tesouros e tornar-se o soberano de um novo império ocidental e para tal utilizou-se da linguagem, ou seja, da Comunicação. Cortez almejava manipular o Outro. Para Todorov, a Comunicação envolve três elementos:
Sujeito = Eu
Objeto = o Outro
Configuração = Integração funcional de cada um em seu meio e a dialética, também chamada choque ou dialogia - dialética social.
¹ Etnocentrismo: crença na superioridade do povo a que se pertence, acompanhada de menosprezo por padrões culturais que se afastam da posição cultural do observador.
dicionário on line priberam
Daniel Elias -Sarcas
* leia também: Filosofia do Direito I e II e Carandiru
Autor: Daniel Elias Pereira de Paula
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