A MISSÃO DOS JESUÍTAS: O PAPEL DAS MISSÕES JESUÍTICAS NO CONTATO COM O GUARANI



A MISSÃO DOS JESUÍTAS: O PAPEL DAS MISSÕES JESUÍTICAS NO CONTATO COM O GUARANI
Luciano Braga Ramos
INTRUÇÃO
Para compreendermos como ocorreu o processo de "conscientização" dos índios guaranis, em relação à proposta jesuítica, é preciso conhecer um pouco mais sobre aqueles que foram responsáveis pelo processo de catequização desses índios, num curto espaço de tempo que levou os índios guarani a condição de "reduzidos". E que, no entanto pesquisadores como Santos, (1998:23), discordam da condição de reduzidos a qual foram sujeitos os guaranis. Pensamos que existiu sim uma redução, no sentido de que a proposta das reduções, era uma proposta vinda de fora do cotidiano da cultura guarani. Dessa forma a Companhia de Jesus foi num primeiro momento o invasor do meio ao qual o guarani estava inserido, desde antes da chegada dos primeiros conquistadores europeus.
Podemos sugerir que a chegada da Companhia de Jesus, não foi grosso modo o encontro de dois mundos, devido já a presença dos europeus na América. Ao menos pode ter sido o reencontro de dois mundos dentro da esfera cultural, devido à relativa rapidez em que a cultura dos jesuítas, vai aculturando se é que se pode dizer, a cultura e o modo de vida do guarani. Esse encontro pode ser analisá-lo dentro de um processo que relativize as formas de poder também fora da esfera do poder de Estado. Ocorrendo uma relação de poderes, no que Foucault (1979:06), conceituou como micro-física do poder, para sua análise sobre os poderes fragmentados, poderes estes que são do cotidiano dos indivíduos dentro das instituições a que estes pertencem ou estão submetidos.
Levantamos esta questão sobre à micro-física do poder, por que esses micro poderes, segundo Foucault (1979:08), não pressupõe o uso de força para se exercem na sociedade. Esses poderes em sua maioria não são sinônimos de força, mas sim de persuasão. E com base nas bibliografias analisadas, o processo social que se estabeleceu entre os padres da Companhia de Jesus e as comunidades indígenas guarani, com algumas exceções não foram encontros hostis. Na maioria dos casos foram encontros de reconhecimento com trocas de presentes, como forma de tentar demonstrar "amizade" e "respeito" da parte dos padres jesuítas para com os guarani. Estas estratégias faziam parte dos planos da Companhia de Jesus representada pelos seus padres no contato com os nativos, na intenção de se aproximar da tribo, para que desta forma pudesse compreender e aprender a conhecer a cultura do guarani, para assim dominá-la, ou aniquilá-la se fosse o caso, ou na melhor das hipóteses reduzirem-na.
Na tentativa de compreendermos aspectos desse processo que foi as missões jesuíticas na América Espanhola, faz-se necessário conhecermos um pouco da história de fundação da Companhia de Jesus, e um pouco de suas posições mentais e intelectuais que fizeram com que a Coroa Espanhola lhes conferisse créditos para realizarem "tamanha obra" no novo mundo. Busquemos entender o contexto do surgimento da Companhia de Jesus na Europa, para assim entender melhor seus métodos e táticas adotadas na época das Missões no continente americano frente ao encontro com o guarani.
Chamamos atenção para as possibilidades de análise que as obras sobre o assunto nos apontam, em relação à maneira de compreender o mundo por parte dos jesuítas aqui chegados, e sua proposta de "Missão". Embora sabemos que tem um fundo de dominação cultural que conseguiu reduzir indivíduos a propósitos específicos para a "missão dos jesuítas". E talvez esses propósitos ficaram mais evidentes quando do fim da Missões pelas Coroas espanhola e Portuguesa, que acabou por deixarem os índios guarani numa situação de desterro devido aos anos de imposta adaptação identitária a que foram submetidos dentro da reduções. E isso se reflete até os dias de hoje, visto que o guarani dos dias atuais, busca sua identidade e seus mitos de fundação na origem dos povos das Missões.
Assim a análise deste encontro, nos possibilita descobrirmos os ganhos e perdas de ambos os lados nesse processo que se desenvolveu nas missões, como um intrincado jogo de múltiplas relações de micro-poderes, que ora legitimavam ora desestabilizavam certas conjunturas em proveito de uma das partes envolvidas nas esferas sociais da colonização. Tanto Estado, como índios e jesuítas foram sujeitos e objetos daquele contexto histórico de micro-poderes e micro-resistências.
A FORMAÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS
Idealizada como um movimento religioso para fazer frente à Reforma Protestante, numa época em que o catolicismo precisava combater ou dar uma resposta a altura ao movimento protestante que se propagava pela Europa. Por tanto a companhia de Jesus fundada em 1534, serviu num primeiro momento de instrumento do Estado para combater os desafetos católicos ou foi usada desta forma. "Em 1540 o Papa aprovou a bula Regimini militantis Eclisiae, autorizando os trabalhos apostólicos." (OLIVEIRA, 2004:40). Portanto podemos dizer que a companhia de Jesus serviu aos interesses para combater os movimentos com caráter de heresia aos olhos também da Igreja, como foi o Protestantismo entre tantos que houveram na Europa. Mas agora no "Novo Mundo", a Companhia de Jesus tinha um papel mais complexo, levando a catequese para aqueles que não eram hereges, mas apenas desconheciam a fé cristã segundo a visão dos europeus.
O que levou a escolha dos jesuítas foi a maneira pela qual praticavam com seriedade e disciplina os preceitos de uma vida cristã aos gostos da Igreja e aos interesses do Estado espanhol. Praticavam a pobreza, castidade e primavam pela disciplina ao castigo físico. E talvez esse leque de adjetivos e habilidades reconhecidas e desenvolvidas ainda na Europa no trato com os "seus" facilitou para que estes fossem vistos pela Coroa Espanhola como os mais aptos a levarem adiante o processo de expansão. Este processo que agora ao Ives de usar a espada, mais do que nunca, usava a cruz. "A meta jesuítica era "ordenar a vida do cristão", para que este pudesse viver em paz com o seu espírito." (OLIVEIRA, 2004: 41).
O ENCONTRO E FUSÃO DE DUAS CULTURAS
Considerando que podemos entender a cultura como um processo dinâmico, que se difunde e se fundi no encontro das culturas, podemos imaginar como foi intricado esse jogo de relações entre jesuítas e guarani, pelo simples fato do jesuíta perceber o mundo a partir de sua cultura. "O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural." (LARAIA, 2005: 72)
Ocorreu um processo de fusão no encontro dessas culturas, pois os jesuítas precisavam fazer uma releitura do mundo cultural e religioso do guarani,Oliveira (2004). Ainda mais que os índios costumam de maneira geral ter uma explicação mítica religiosa para todos os fenômenos dentro do contexto de sua sociedade. Assim teve o jesuíta que procurar adaptar a liturgia, os dogmas, os sacramentos e a vida cristã ao cotidiano do índio guarani, fazendo com que os índios identificassem nos ritos cristãos elementos de sua identidade cultural. "A vida reducional adaptou-se à especificidade a originalidade guarani. Neste encontro surgem formas de vida religiosa e econômica que dificilmente se compreenderiam fora dessa etnologia." (OLIVEIRA, 2004:46).
Mas não foi só a religião instrumento desse processo reducionista. Outro elemento importantíssimo para o domínio jesuítico foi pela maneira como o jesuíta logo chegando a América foi tratando de aprender o idioma de seus futuros braços para por em prática o projeto missioneiro. Claro que havia o interesse tanto por parte da Coroa como da Companhia de Jesus que os nativos logo aprendessem o espanhol. Porém para os jesuítas num primeiro momento era importante mais do que de pressa aprender a língua guarani. Já que desta forma deixariam os nativos mais vulneráveis dominando a linguagem. Por outro lado: "Nesse sentido, a aprendizagem da língua contribui para estabelecer relações estreitas com os guaranis que não se sentiam marginalizados por não falar a língua do espanhol." (OLIVEIRA, 2004:51).
Além do mais aprendendo o idioma guarani penetravam fundo junto com sua didática catequista mesclando o catolicismo a toda materialidade e mentalidade no cotidiano do guarani e na sua maneira de ver o mundo. No processo de redução, há uma manipulação destas práticas por um sincretismo disfarçado, para que o guarani aos poucos fosse cooptado pelas práticas religiosa do cotidiano dos jesuítas. Como nos mostra Santos, (1998:121), O guarani nas mãos dos jesuítas servia aos interesses da coroa espanhola defendendo o território espanhol de possíveis ataques portugueses, e também contra outros índios que se recusavam a serem reduzidos, e até mesmo dos súditos considerados rebelados.
O guarani missioneiro torna-se súdito da Coroa Espanhola num primeiro momento sob a vigilância da Companhia de Jesus, até que esta tivesse seu projeto missioneiro visto como um Estado dentro de outro Estado, e nesse caso o espanhol. E consequentemente estava literalmente no caminho de fronteira das conturbadas coroas ibéricas. "O jesuíta filtra, via missão, os valores da sociedade européia, onde o índio, via de regra, devia ser o objeto da europeização. Almejava-se que ele fosse o fiel vassalo do rei (...)." (SANTOS, 1998:124).
E de fato o poder do rei andou muito tempo ao lado do poder clerical dos jesuítas. Seja pacificando ou catequizando os guaranis, seja com estes combatendo os avanços portugueses. Esses avanços da Coroa portuguesa em muito se davam na figura de seus representantes em termos de expansão no sentido de investidas território adentro, estamos falando dos bandeirantes a serviço da Coroa portuguesa. Estes Bandeirantes exploravam matas, serras e sertões, em busca de riquezas, sobre tudo atrás de braços para o trabalho compulsório. Tal trabalho somente capaz de ser executado pelo apresamento de índios. E esse era um dos papéis dos bandeirantes, buscarem índios "selvagens" dentro das matas.
No entanto o estabelecimento das reduções jesuíticas por parte da Companhia de Jesus, com o consentimento espanhol, era uma fonte cobiçada e aparentemente fácil de obter força de trabalho escravo. Para os bandeirantes e a Coroa portuguesa era unir o útil ao agradável. Por um lado se conseguia a captura dos índios das reduções, além de serem considerados índios "dóceis" e afeiçoados ao trabalho, também viviam num regime de súditos e na fé cristã. "(...), os índios das reduções atraiam a cobiça e a ganância dos que vinham em busca de escravos." (URBIM, 1990:07). Muito cedo com as investidas bandeirantes em territórios missioneiros, por volta do ano de 1641, já se tinha conseguido o consentimento da Coroa espanhola para armar os índios para a expulsão dos bandeirantes.
Tal fato nos leva a acreditar que as características de autonomia e relativa independência das missões em relação à metrópole, foram sentidas desde muito cedo pelos jesuítas , assim como pelos próprios guaranis, que não tinham o contato com o "cacique" além mar. Dessa maneira os guaranis que haviam, num primeiro contato com os jesuítas sido cooptados pela cruz, agora estavam sendo juridicamente incorporados as armas dos brancos. "Assim os guaranis das reduções deveriam respeito ao rei (...), construindo fortificações e defendendo o território." (URBIM, 1990:10).

OS SETE POVOS NO CAMINHO DOS INTERESSES DO SÉCULO XVIII
Uma vez concretizado o "sonho das missões", primeiramente por vontade dos jesuítas a serviço da Coroa espanhola. E num segundo momento pela aceitação do guarani a vida das reduções, que devido a esse processo acabou pela imposição "disfarçada", criando para si uma explicação mítica e de identificação para a compreensão do mundo a sua volta. Pelas táticas didáticas pode-se dizer, aplicadas pelos jesuítas num processo conjuntural que foi a redução, fazia parecer que o projeto jesuítico missioneiro era o mais perfeito processo social, econômico e político de administração no novo mundo. E será que não foi? Não poderia ter sido?
Bem de qualquer forma esse crescimento e destaque que começou a se avolumar do poder da Companhia de Jesus, entre os poderes das duas coroas parece não ter agradado nem a Espanha e nem a Portugal. Podemos considerar que os interesses de ambos os lados, não levaram em conta que o fim das Missões, não significava apenas o fim dos trabalhos de catequese da Companhia de Jesus. Afinal de contas ela nunca representou somente os interesses religiosos na América. A expulsão dos jesuítas da América acabou por ser um processo de desestruturação conjuntural, implicando no abalo das dimensões sociais envolvidas naquele processo de ocupação daquele território e de seus habitantes pela Companhia de Jesus.

"(...) as Coroas redefinem o papel das missões, através do Tratado de Madri e acordos suplementares. Num primeiro momento os monarcas almejam o equilíbrio de forças, onde as Missões tem uma perda substancial do seu espaço de atuação e barganha." (SANTOS, 1998:111).

Todo trabalho jesuítico e visto com desconfiança pelas Coroas sobre tudo sua ex-aliada que tem negociações importantes com sua vizinha lusa no Velho Mundo. Desta forma os missioneiros estão na pauta do dia, servindo no discurso anti-jesuítico do século XVIII. Talvez fosse pelo fato que para nós não é novidade a imagem criada das missões, sobretudo as dos sete povos que é o nosso objeto de investigação, ter criado um Estado dentro de outros Estados. Outros "Estados" assim pensamos, pelo fato dos Sete Povos das Missões estarem numa região considerada historicamente de fronteira "viva".

"Por outro lado, as autoridades espanholas estavam mais preocupadas em deter o expansionismo luso-brasileiro no Prata, ou no Rio Paraguai do que com os povoados, estâncias e ervais da margem oriental do Rio Uruguai." (SANTOS, 1998:117).

A função dos jesuítas foi ordenar os índios a serviço da Coroa espanhola, sendo fiel a Coroa e a Deus, tendo o índio como objeto da europeização. Mas, no entanto essa convivência nas missões criou um "mundo à parte". O guarani dentro daquele processo aprende com os jesuítas o sentido de propriedade, sendo assim deixam de serem objetos dessa conquista. Pois se tornaram súditos do rei. A missão serviu para o fim de politizar o guarani dentro dos moldes políticos europeus. A missão enquanto Estado dentro de outro Estado, tendo o guarani como seu agente cria nesse o sentido de ser dono de algo concreto e visual como era o "mundo" das missões.

"Entretanto, à medida que os guarani-missioneiros lutam, para defender seus interesses (não deixando que os portugueses e os índios infiéis roubem-lhes o gado bem como não se expandem por suas terras) evidencia-se que eles deixam de ser objetos, para se tornarem sujeitos (...)." (SANTOS, 1998:124)

Analisando por essa ótica do guarani como sujeito do seu processo histórico missioneiro podemos entender que houve na realidade o duplo golpe de desarticulação do guarani. Já que este foi integrado na cultura dos jesuítas. Para depois ser reestruturado novamente com a sua expulsão pelas Coroas Ibéricas da região dos Sete Povos.
Em meados do século XVIII estamos diante da reestruturação dos guarani. Se não de todos os guarani devido à dizimação causada pelas guerras guaraníticas, pelo menos de uma parcela que migrou forçosamente para as terras pertencentes a Coroa Portuguesa,
Conforme (SANTOS, 1998:127), os guarani transladados para a Aldeia dos Anjos seriam de interesse para a região pertencente a Portugal e reinserido naquele contexto de mundo semelhante político-social e espiritual ao mundo espanhol, o qual o guarani já estava aculturado. No entanto era outra realidade devido às peculiaridades portuguesas e sua língua.

"Se o que notabilizou a experiência missioneira foi o processo de transculturação, o mesmo não se pode afirmar com relação à Aldeia dos Anjos, visto que as famílias guaranis teriam "apelidos portugueses", bem como seriam obrigados a falar "nossa língua" e acima de tudo, as autoridades deveriam ter o cuidado de que: "se esqueçam da língua e de muitos de seus ritos e superstições." (Figueiredo, 2/1/1771, AHRS, 1990:11, apud, SANTOS, 1998:129).
Entre 1762-63 ocorre o processo de assentamento dos guaranis missioneiros nas margens do rio Gravataí, nos, conforme Quevedo (1998), estes guarani foram de grande utilidade para o governo português serviram como agricultores, domadores, pedreiros, carpinteiros, amas de leite. Serviram tanto aos moradores como aos fazendeiros da Aldeia dos Anjos (SANTOS, 1998:129). Daí advém os problemas do índio à margem da sociedade.
O índio nas missões era parte do sistema daquele dito "Estado". A gora dentro do território pertencente a Coroa Portuguesa, que possuía um sistema escravo de produção o guarani fica a margem deste estado de coisas. O guarani na Aldeia dos Anjos é o jornaleiro, não possui mais o grau de importância dentro do sistema de produção que possuía nas missões. É um súdito de segunda ordem, que perdeu seu espaço, aquele que outrora havia conquistado certa "autonomia" dentro das missões. Aquele que por muito tempo foi o lugar que continha os códigos do mundo do guarani do tempo das reduções.

"(...) da experiência missioneira à realidade rio-grandense, com a diferença de que, no projeto luso, o índio assemelhava-se mais a um objeto, devendo trabalhar e ser submisso, ao passo que, no projeto missioneiro ele aproxima mais ao sujeito de seu processo." (SANTOS, 1998:131).

Há uma perca de identidade e de valores para o índio guarani que teve a partir de então graves consequências até os dias de hoje. A consequência de um guarani "reduzido" a esmolas do processo político brasileiro. Para (SANTOS: 1998) a retirada dos guarani das missões é que criou esse processo de miserabilidade que o estado jogou, não só o guarani, como todos os índios a margem da sociedade. Mesmo para aquele guaranis que permaneceram nas periferias da região das missões tiveram suas terras usurpadas pelos colonizadores de ambas coroas.
A experiência das missões foi desarticulada devido às vontades dos estados absolutos, em suas atitudes despóticas. O guarani desarticulado do seu mundo "selvagem" não representava maior ameaça à negociação das fronteiras pelas coroas ibéricas. Por outro lado havia o poder representado pela Companhia de Jesus rica proprietária das missões dos Sete Povos, para não falar dos outros. Estes estavam situados numa importante região de trafego com importantes rios que escoavam as riquezas principalmente de regiões como Potosi. E também local de tráfico entra Portugal e espanhóis situados nessas localidades. E talvez por isso o crescimento exacerbado da Companhia de Jesus nas missões (SANTOS, 1998:145).
Levando em consideração que a companhia de Jesus prestava obediência ao Papa, e este se encontrava em Roma, podemos supor mais uma rede de poderes que não estava ligada aos interesses ibéricos. "Se estes padres são os soldados do Papa, isso significa que, além de serem o braço direito apelariam para o poder papal." (SANTOS, 1998:146).
Assim não se tinha o interesse de manter As Missões competindo com as Coroas Ibéricas neste território conturbado, ainda mais que do ponto de vista dos interesses econômicos mercantilistas de ambos os lados. Na verdade o colonizador permitiu o trabalho missioneiro enquanto lhe serviu, enquanto serviu a seus propósitos de conquista pela cruz. Bastou que o projeto missioneiro criasse vontade própria, escapando do controle metropolitano caiu em descrédito sendo vitima dos interesses de Estado das Coroas Ibéricas.
Em suma quem foi o grande prejudicado? Aquele que "lambe as feridas" até hoje, devido ao descaso das autoridades com seus problemas, o guarani. O guarani ainda vive o processo de aculturação e desestruturação de sua cultura. Somente a muito custo tem tentado manter seus costumes e cultura, dentro de um Estado propagandista em que muito de suas teorias, na prática não se confirmam. E assim o guarani vai resistindo.







REFERÊNCIA
FOUCALT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico ? 18ª ed. ? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Ed., 2005.
OLIVEIRA, Maria de Oliveira de. Identidade e interculturalidade História e Arte Guarani. Santa Maria: UFSM, 2004.
SANTOS, Júlio Ricardo Quevedo. Rio Grande do Sul. Aspectos das Missões (em tempo de Despotismo Esclarecido). Porto Alegre: Martins Livreiro-Editor, 3ª ed. 1998.
URBIM, Carlos. Uma História de 300 anos Missões. Porto Alegre: Impresso pela RIOCELL, 1990.


Autor: Luciano Braga Ramos


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