A IGREJA PRIMITIVA - O INÍCIO



A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convoco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento a palavra tem sentido mais especializada. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o Novo Testamento emprega ekklesia com referência à reunião de cristãos para adorar a Cristo.
Que é a igreja? Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo pretende dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"? Para responder plenamente a essas perguntas, precisamos entender o contexto social e histórico da igreja do Novo Testamento. A igreja primitiva surgiu no cruzamento das culturas hebraicas e helenísticas.

FUNDADA A IGREJA
Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e ascendeu ao céu (At 1.1-11). Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o Espírito Santo, o qual Jesus disse que viria. Cerca de 120 pessoas seguidores de Jesus aguardavam.
Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecostes, um som como um vento impetuoso encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e começaram a falar em línguas diferentes da sua conforme o Espírito Santo os permitia. Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulo falando em suas próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados (At 2.13). Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho do derramamento do Espírito Santo, predito pelos profetas do Antigo Testamento (At 2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para receber o Espírito Santo. Pedro disse: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2.38). Cerca de 3 mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia (Atos 2.41).
Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos estavam tentando começar uma nova "religião de mistério" em torno de Jesus de Nazaré.
É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no templo (At 3.1) e alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser circuncidados (At 15). Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram mais do que uma seita. Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança com aqueles que lhe fossem fiéis (Mt 16.18); ele havia selado esta aliança com seu próprio sangue (Lc 22.20). De modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdado os privilégios que Israel conhecera outrora. Não eram simplesmente uma parte de Israel - eram o novo Israel (Ap 3.12; 21.2; Mt 26.28; Hb 8.8; 9.15). "Os líderes judeus tinham medo, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito, mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de todos os homens." (Henry Melvill Gwatkin, Early Church History, pag 18).

a) A Comunidade de Jerusalém.
Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecostes. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve. Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At 2.44-45). Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo (At 4.34-35).
Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar (At 2.46), mas começaram a partilhar a Ceia do Senhor em seus próprios lares (At 2.42-46). Esta refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu próprio corpo e sangue.
Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolos pudessem tocá-las em seu caminho para a oração (At 5.12-16). Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo num esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At 5.17-20), o que provocou mais excitação.
A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas.
b) O Assassínio de Estêvão.
Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estêvão e, acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do Sinédrio. Estevão fez uma eloqüente defesa da fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas profecias referentes ao Messias que libertaria seu povo da escravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "traidores e assassinos" do filho de Deus (At 7.52). Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que via a Jesus em pé à destra de Deus (At 7.55). Isso enfureceu os judeus, que o levaram para fora da cidade e o apedrejaram (At 7.58-60).
Esse fato deu início a uma onda de perseguição que levou muitos cristãos a abandonarem Jerusalém (At 8.1). Alguns desses cristãos estabeleceram-se entre os gentios de Samaria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). Estabeleceram congregações em diversas cidades gentias, como Antioquia da Síria. A princípio os cristãos hesitavam em receber os gentios na igreja, porque eles viam a igreja como um cumprimento da profécia judaica. Não obstante, Cristo havia instruído seus seguidores a fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, (Mt 28.19). Assim, a conversão dos gentios foi tão-somente o cumprimento da ordem do Senhor, e o resultado natural de tudo o que havia acontecido...("(Gwatkin, Early Church History, p. 56). Por conseguinte, o assassínio de Estêvão deu início a uma era de rápida expansão da igreja)".
c)Atividades Missionárias
Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores através da Palestina, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia (At 8.26-40), e de outras terras.
Logo depois da morte de Estêvão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina, pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regiões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia (At 11.22-23). Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo (Paulo) e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano (At 11.26).
Por esta ocasião, diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-14). Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias que Paulo fez para levar o evangelho aos recantos longínquos do Império Romano.
Os primeiros missionários cristãos concentraram seus ensinos na pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que ele era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado sua vida para expiar os pecados de todas as pessoas que depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). Ele era aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos para derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17).
Fonte: O Mundo do Novo Testamento - Editora Vida

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Autor: Josue Martins


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