FICHAMENTO: GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA



Este livro é um exemplar de cinco volumes da série "Cadernos de Gestão", elaborada por este mesmo autor. Tais volumes seriam:


? Volume 1 ? GESTÃO EDUCACIONAL: UMA QUESTÃO PARADIGMÁTICA
? Volume 2 ? CONCEPÇÕES E PROCESSOS DEMOCRÁTICOS DE GESTÃO EDUCACIONAL.
? Volume 3 ? A GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA
? Volume 4 ? LIDERANÇA EM GESTÃO ESCOLAR
? Volume 5 ? GESTÃO DA CULTURA E DO CLIMA ORGANIZACIONAL DA ESCOLA.


INTRODUÇÃO


Neste capítulo a autora conceitua o que seria gestão. Ela vê gestão como um processo de mobilização da competência e da energia de pessoas coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa e competente, promovam a realização, o mais plenamente possível, dos objetivos de sua unidade de trabalho, seja no âmbito educacional ou em qualquer outro ramo profissional.


Desta forma, entende-se por gestão uma mobilização construtiva por parte de toda a organização social e de seus componentes. Para que isso aconteça precisa existir uma vontade coletiva em que o processo participativo seja pleno, ainda mais dentro de uma unidade escolar, em que a contribuição de todos efetiva a educação como processo enriquecedor.


Além disso, gestão consiste no envolvimento de todos os que fazem direta ou indiretamente do processo educacional no estabelecimento de objetivos, na solução de problemas, na tomada de decisões, na proposição de planos de ação, visando os melhores resultados do processo educacional.


Não há como ter gestão participativa sem a valorização das relações interpessoais, dando a oportunidade de cada individuo construir sua própria autonomia, sentindo-se parte da realidade e não só um apêndice da mesma.


A autora também aproveita para mencionar a possibilidade da gestão ser denominada como um conjunto de idéias e práticas pura e simplesmente relacionadas a uma administração modernizada, atualizada em seus aspectos operacionais, mantendo-se a antiga ótica de controle sobre coisas, pessoas e ações, pela qual a participação é manipulada para conformar-se a padrões previamente definidos e/ou esperados, pode-se analisar a questão de participação em destaque.


A autora ainda classifica que participação não é seria meramente debates ou reuniões sem conclusões. Discussões de assuntos banais só representam perda de tempo. É necessário um compromisso com a real democracia e promoção do envolvimento das pessoas, promovendo a construção coletiva da organização, possibilitando a aprendizagem de habilidades de participação efetiva e concomitante e desenvolvendo o potencial d autonomia das pessoas e instituições.


A autora ainda salienta que inúmeras experiências de pariticipação são realizadas sem que tenham um verdadeiro sentido político-democrático ou sentido pedagógico de transformação, como deveria ser o caso.


Capítulo 1 ? Sentido e formas da participação em processos de gestão


Neste capitulo a autora caracteriza a participação, sendo a força de atuação consciente pela qual os membros de uma unidade social reconhecem e assumem seu poder de exercer influencia na determinação da dinâmica dessa unidade, de sua cultura e de seus resultados, poder esse resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir sobre questões que lhes são afetas, dando-lhe unidade, vigor e direcionamento firme. Segundo Marques, a participação de todos, nos diferentes níveis de decisão e nas sucessíveis fases de atividades, é essencial para assegurar o eficiente desempenho da organização.


A participação em sentido pleno é caracterizada pela mobilização efetiva dos esforços individuais para a superação de atitudes de acomodação, de alienação, de marginalidade e reversão desses aspectos pela eliminação de comportamentos individualistas, pela construção de espírito de equipe, visando a efetivação de objetivos sociais e institucionais que são adequadamente entendidos e assumidos por todos.


A participação engloba não só a presença física, mas também a responsabilidade por eventos, ações, situações e resultados. Neste contexto, os professores têm participação efetiva na escola, quando coletivamente organizados, venham a discutir e analisar a problemática pedagógica que vivenciam em interação com a organização escolar e que determinem caminhos para superar as dificuldades que julgarem mais carentes de atenção e assumam compromisso com a promoção de transformação nas praticas escolares.


Diversas formas de participação existem para que os funcionários possam exercer suas atividades dentro da escola. São elas: participação como presença, participação como expressão verbal e discussão, participação como representação política, participação como tomada de decisão, participação como representação política e participação como engajamento.


Capítulo 2 ? Valores, objetivos, princípios e dimensões da participação.


Neste capítulo a autora salienta que a clareza dos objetivos, a orientação por princípios e a compreensão de suas implicações quanto à ação tornam a participação bem mais efetiva e competente. A ação participativa depende de que seja realizada mediante a orientação por certos valores substanciais, como ética, solidariedade, equidade e compromisso, dentre vários outros correlacionados, sem os quais a participação no contexto da educação perde seu caráter social e pedagógico.


Neste âmbito, a ética é representada mediante a ação orientada pelo respeito ao ser humano, principalmente. A solidariedade é manifestada mediante o reconhecimento do valor inerente a cada pessoa. A equidade é representada pelo reconhecimento de que pessoas e grupos em situações diferenciadas necessitam de atenção e condições especiais, a fim de que possam colocar-se em paridade com seus semelhantes no processo de desenvolvimento. E o compromisso se traduz na ação dos envolvidos no processo pedagógico, focada e identificada com os seus objetivos, valores, princípios e estratégias de desenvolvimento.


Portanto, cabe alertar que a promoção da participação deve ser orientada a partir dos seguintes objetivos gerais:

? Promover o desenvolvimento do ser humano como ser social e a transformação da escola como unidade social dinâmica e aberta à comunidade, de forma com que a educação se torne responsabilidade de todos, família, estado e escola.
? Desenvolver o comunitarismo e o espírito de coletividade na escola.


Já como objetivos gerais destacam-se:

? Garantir significado social às ações e praticas pedagógicas
? Elevar os padrões de qualidade da escola
? Envolver a família no processo pedagógico
? Promover o sentido de corresponsabilidade e compromisso dos participantes
? Estabelecer maior integração entre currículo escolar e realidade
? Criar ambiente formador de cidadania


Ainda sobre este aspecto, a gestão participativa se fundamenta em uma serie de princípios interligados , tais como a democracia como uma vivencia social comprometida com o coletivo, a construção do conhecimento da realidade escolar como resultado da construção da realidade em si, e a participação como uma necessidade humana.


A participação abrange três dimensões convergentes entre si: dimensão política, dimensão pedagógica e dimensão técnica. A dimensão política refere-se ao sentido do poder das pessoas de construírem a sua historia e a historia da organização que fazem parte. Abrange a vivência da democracia, do compartilhamento do poder, dando a oportunidade das pessoas controlarem seus próprios trabalhos. A dimensão pedagógica refere-se ao fato natural de que a pratica é, em si, um processo formativo e, portanto, um fator fundamental de promoção de aprendizagem significativas e construção do conhecimento. E a dimnensao técnica é importante, pois sem competência técnica não é possível realizar qualquer projeto pedagógico. A dimensão técnica é importante para se obter resultados.


Ainda neste capitulo a autora salienta que um dos problemas básicos da educação a falta de método na realização das ações educacionais, isto é, de um conjunto de idéias associado a estratégias e processos capazes de realiza-las por guardarem o mesmo espírito, daí por que se torna necessário que se desenvolvam nas escolas a compreensão e o entendimento dos significados da realidade como base para o desenvolvimento de um método de atuação.


Capítulo 3 ? Promoção da gestão escolar participativa


Neste capitulo a autora discute a participação de todos os envolvidos no processo escolar, como diretores, professores e pais. Menciona a ausência dos pais na escola, da sensação de "trabalhar sozinho" dos diretores e a ausência dos professores no processo de tomadas de decisões e construções dos processos. Alguns professores ainda possuem uma resistência em mudar certos parâmetros e promover o crescimento da escola, do aluno.


Assinala ainda que aos gestores escolares cabe promover a criação e a sustentação de um ambiente propicio a participação plena no processo social escolar de seus profissionais, bem como de alunos e de seus pais, uma vez que se entende que é por essa participação que os mesmos desenvolvem consciência social critica e sentido de cidadania.


Aos professores ainda é necessário a promoção de um ambiente participativo com o Maximo sentido de trabalho em equipe. Também é importante a concessão de espaço na tomada de decisões em relação ao desenvolvimento escolar. Desta forma, a participação implica uma troca, uma reciprocidade e compartilhamento de responsabilidades. Sobre os pais, sabemos que poucos participam da vida escolar de seus filhos também.

A criação de um ambiente participativo pelo gestor também é de suma importância. Para isso, este precisa estar atento a alguns itens, como: criar uma visão de conjunto associada a uma ação cooperativa, promover um clima de confiança e reciprocidade, valorizar a capacidade e aptidões dos participantes, associar e integrar esforços, quebrar as arestas e eliminar divisões que possam ter no grupo, estabelecer uma demanda de trabalho centrado nas idéias e não em indivíduos e desenvolver a pratica da responsabilidades dos envolvidos.


Capítulo 4 ? O jogo do poder na construção da cultura escolar


Neste capitulo a autora começa valorizando certos aspectos democráticos para uma gestão participativa, como descentralização, tomada de decisão compartilhada, construção da autonomia e participação. Menciona, ainda, que exercer poder é uma expressão de formas de influência entre pessoas e instituições, de modo a determinar o rumo que tomam e as ações que promovem, não estando a escola fora deste contexto.


A autora ainda define as varias formas de poder e suas diversas perspectivas. A partir disto afirma que todo comportamento social é um reflexo direto ou indireto da orientação e expressão de alguma forma de poder. Porem o poder negativista deve ser substituído pelo poder positivista, valorizando a democracia e descentralização. Modernamente o poder é considerado como uma energia dinamizadora dos processos sociais que se manifesta dialeticamente e de modo continuo, ora como um sentido, ora como outro, ou os contrabalançando.


Em vista disso, uma das dimensões mais significativas da atuação do diretor da escola como gestor do trabalho da escola como organização social diz respeito à sua habilidade de perceber, compreender e atuar sobre o jogo de poder que existe em seu contexto, de modo a influenciar essa energia positivamente e encaminhá-la para as realizações educacionais. Trabalhar a dimensão de poder como um fenômeno inerente ao processo educacional e a ser utilizado como um fator pedagógico é portanto um aspecto relevante do trabalho dos gestores escolares.


Na escola, este jogo de poder está associado sobre como agir em relação à realidade escolar, isto porque ela se manifesta como um poder de influência, uma vez comprometida com as ações necessárias à sua implementação. Mas vale dizer que qualquer esforço por mudança que se promova na escola ameaça as relações de poder vigentes, em vista do que provocam reações no sentido de protegê-las.


A autora ainda afirma que escolas competentes são aquelas em que o poder é disseminado coletivamente e onde se compreende as nuances, a dinâmica e a dialética de sua manifestação entre os pólos individual e social, equilibrando-os. Importante também é que cada escola avalie suas relações de poder no sentido de redefini-las.


Neste capítulo ainda são definidos conceitos como poder de referencia, poder de competência e contrapoder. O poder de referencia serve muito mais a motivos pessoais e não a objetivos organizacionais e educacionais, resultando ate mesmo, algumas vezes, em detrimento da efetivação destes e da qualidade de seus serviços. Ele é limitado, centralizado em benefícios individualistas, daí por que controlado de forma competitiva, de modo que o poder de uns implica restrições de poder de outros. O poder de competência reconhece a capacidade do profissional de influenciar o sistema organizacional, sobre as pessoas dele participantes e suas ações, tendo em vista possuir conhecimentos, habilidades e atitudes adequados aos propósitos institucionais e pertinentes à condução satisfatória dos problemas que demandam solução ou encaminhamento e também por demonstrar comprometimento com a realidade vivenciada, investindo sua competência em ações de melhoria. Na pratica do contrapoder os funcionários de uma unidade escolar podem manifestar uma expressão de autoproteção por se verem continuamente ameaçados por decisões tomadas fora do seu contexto, impostas de fora para dentro, o que é uma pratica comum no ensino publico brasileiro. Esta prática de interferência imposta, sem levar em consideração o que seus profissionais pensam, como percebem a realidade e como vivenciam, cria um antídoto contra esse poder de fora para dentro, estabelecendo uma relação de contrapoder, caracterizado por boicotes e outras ações.


E finalizando o capítulo, a autora cita algumas medidas importantes para que a gestão seja plena, tais como desenvolver a consciência dos valores educacionais assumidos pela escola, de modo a pautar em seu interior a prática de princípios elevados de educação. Estabelecer um fluxo aberto de comunicação entre todos os componentes da escola, promover a consciência do jogo de influencias estabelecido na escola e seu significado, desvelando e analisando de forma ética este jogo de influencias, e manter a ética e a transparência.











Autor: Bruno Pedroso


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