Empresários perguntam: Orkut ou Facebook



Uma notícia recentemente divulgada em primeira mão pela revista Istoé Dinheiro causou grande alvoroço no mercado de comunicação digital do país. De acordo com a publicação, pela primeira vez na história o site de relacionamento social Facebook ultrapassou o Orkut - o pioneiro e o mais famoso do gênero no Brasil - em número de usuários.

Segundo o periódico, o Facebook, projeto criado pelo jovem empreendedor norte-americano Mark Zuckerberg, chegou em agosto a 30 milhões de internautas cadastrados no país, superando seu concorrente. A revista, que vem sendo contestada por alguns, diz que os dados serão confirmados em breve pelo instituto Ibope Nielsen Online.

De certa forma, essa alteração no ranking já era esperada. Enquanto o FB aumentou seu número de adeptos em 42% de 2009 para 2010, o Orkut cresceu apenas 3% no mesmo período (dados do www.elife.com.br).

A situação do Orkut, a propósito, é muito peculiar. Extremamente popular no Brasil e na Índia, a página não encontrou a mesma receptividade em outros países. O próprio Google, empresa proprietária do Orkut, dá claros sinais que não deve dar continuidade ao site, pelo menos em escala mundial. Uma das evidências foi o lançamento neste ano do Google+, uma nova rede social online que parece ser a grande aposta do mecanismo de busca mais utilizado do mundo para fazer frente ao Facebook.

Por conta da reversão desse quadro, muitas empresas tem investido maciçamente no Facebook como uma forma de interagir com o consumidor, seja por meio de uma fan-page com conteúdo diferenciado, seja criando promoções exclusivas, seja abrindo uma like store (lojas virtuais cujas vendas são estimuladas por outros usuários, por meio alguma recompensa).

Diante disso, empresários têm me perguntado: o crescimento do Facebook e a aparente irreversibilidade da "decadência" do Orkut significa que chegou a hora de abandonar este último? Eu respondo: não necessariamente. E não agora. Por três motivos.

O primeiro e principal deles é que o Orkut ainda é a principal porta de entrada dos internautas nas mídias sociais, essencialmente entre usuários das classes C e D e entre a população acima dos 50 anos. Essa camada da população, que aos poucos vem se inserindo no mundo digital, opta por se iniciar nas páginas de relacionamento indicadas por familiares e conhecidos.

Como as classes mais baixas são maioria no Orkut, elas acabam indicando o site para os seus amigos. Prova disso é que o Magazine Você, a loja virtual de social commerce do Magazine Luíza, rede varejista voltada ao público C e D, vai permitir que usuários do Orkut e do Facebook vendam produtos da empresa em suas páginas pessoais. Ou seja: o Magazine Luíza e várias outras empresas sabem que, embora o Facebook seja o site do momento, o seu consumidor virtual-chave ainda está no Orkut.

O segundo ponto a favor do Orkut são as comunidades e fóruns de discussão. Ao contrário do FB, em que as empresas geralmente criam e administram suas próprias páginas, no Orkut essa incumbência acaba ficando para os consumidores que, por amor ou ódio a uma marca ou produto, gostam de compartilhar sua opinião com outros internautas.

Assim, no Orkut, o internauta se sente mais à vontade para dizer o que realmente pensa, dando às corporações uma visão mais realista daquilo que ele deseja. Um caso famoso é do Nescau. Quando a Nestlé, há cerca de 3 anos, resolveu tirar das prateleiras o Nescau com a fórmula original, várias comunidades foram criadas no Orkut, pedindo a volta do produto. A empresa percebeu o erro que havia cometido e, em pouco tempo, retornou com o achocolatado.

E, o terceiro e mais convincente argumento para não sair do Orkut, pelo menos por enquanto, é que estar numa mídia social não quer dizer ter que abdicar de uma outra. Basta ver que muitas corporações, como a Tecnisa, conseguem estar presentes de forma eficaz não só no Orkut e no Facebook, mas também no Twitter, no Youtube, no Formspring, no LinkedIn, no Flickr, no Foursquare...

Portanto, respondendo à pergunta que dá título a este artigo, recomendo que a empresa esteja presente nas duas, desde que consiga produzir conteúdo relevante e adaptado para cada umas das redes e que consiga se relacionar de forma coerente com o consumidor.

Autor: Denis Zanini Lima


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