A IRONIA, O BOM HUMOR E A IMPUNIDADE
Alguém me perguntava o que acho dos chistes irônicos de um conhecido comentarista de televisão sobre os fatos lamentáveis da política nacional. Respondi que achava uma crítica pífia, com dardos de brinquedo e sem o necessário veneno que, em lugar de ferir os malfeitores e indignar os assistentes, apenas suavizavam a situação. Pois sempre que fizermos graça sobre políticos ou ironizarmos fatos graves como a corrupção e os crimes de colarinho branco, eles continuarão impunes e estaremos contribuindo com o bem estar dos envolvidos.
Crítica inteligente é aquela que tem o poder de gerar um problema de consciência de tal sorte que o malfeitor não apenas venha a se arrepender, mas também devolver o dinheiro roubado e reparar da melhor maneira os danos causados. De causar a vergonha, o constrangimento, e essa espécie de remorso de coisa mal feita que acompanha o sujeito onde ele estiver. Ou aquela capaz de constranger e obrigar as autoridades a tomarem medidas eficientes e eficazes.
Os demais tipos de crítica, feitas com ironia ou bom humor, como as daquele cronista, apenas protegem os facínoras, fortalecem o seu ?sistema imunológico? e enfraquecem os antídotos contra a impunidade.
Luciano Machado
Autor: Luciano Machado
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