Brilhamos na Copa e nos cartões



Edson Silva


A Copa do Mundo de 70, no México, foi a nona da história dos mundiais e marcada por inovações. Em primeiro lugar foi a que teve mais espectadores, até então, já que era a primeira a ter as partidas transmitidas, via satélite, pela televisão. Também foi na Copa de 70 em que os árbitros começaram utilizar os cartões amarelos para advertência e os vermelhos para as expulsões. As punições anteriormente eram feitas apenas por gestos pelos juízes e como Copa do Mundo era uma Babel de línguas, convenhamos que a comunicação não era lá muito fácil e os cartões facilitaram o entendimento.

Guardo, em relação ao mundial de 70, fortes emoções. Eu tinha oito anos, mas foi a primeira em que me lembro nitidamente jogo por jogo, embora minha família ainda nem tivesse televisão e assistíamos todos reunidos na casa dos vizinhos "seu" Luiz e "dona" Aparecida, lá no Jardim São Bento, próximo ao atual Shopping Unimart, em Campinas. A cada vitória de nossa Seleção de craques, que era comandada por Pelé e tinha, entre outros, Rivelino, Clodoaldo, Carlos Alberto, Piazza, Gérson, Tostão e Jairzinho, saiamos correndo pelas ruas calmas do bairro, a contar os balões verdes e amarelos, emoções muito bem lembradas no livro Jogos de Junho, do amigo jornalista Eustáquio Gomes.

Na TV, eu via jogos em preto e branco, embora a transmissão fosse a cores, mas TV colorida era raridade, coisa de gente muita rica e diziam que estávamos em pleno "Milagre Econômico Brasileiro". Eu tinha o privilégio de ver nossa Seleção em todas as suas cores, a camisa amarela com golas, punhos e números verdes; os calções azuis com listras laterais brancas; as meias brancas, com o detalhes em verde e branco no alto do cano. Eu via, mas nas revistas Cruzeiro, Fatos & Fotos e Manchete, pois meu pai era dono da banca de revista Ouro Verde, na Praça Carlos Gomes, no centro.

E nossos heróis foram tricampeões. Na semifinal, contra um Uruguai violento, Pelé quase foi tirado na partida por uma entrada criminosa do adversário, mas no mesmo lance deixou, como se nada quisesse, o cotovelo na cara do também agressor. E o capitão Carlos Alberto? Não teve dúvida em mostrar que o Brasil não tinha medo, entrou forte, foi advertido com cartão amarelo, mas mostrou que aquela Seleção estava ali para vencer.

E que digam os Italianos no jogo final, um 21 de junho, 4x1 para o Brasil, fora o show. Ah e o último gol? Foi o primeiro e único de Carlos Alberto, capitão da equipe, em Copas do Mundo. A Taça Jules Rimet era definitivamente nossa, pelo menos até ser roubada, no Rio de Janeiro, mas isso é outra história e deu até filmes...

Edson Silva, 49 anos, jornalista, Sumaré

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Autor: Edson Terto Da Silva


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