Heterocromia



Peter parecia estar em um pesadelo. Havia chegado ao hotel da amiga de sua mãe e já estava com vontade de ir embora. Pegou a chave do seu quarto e foi em direção a ele. Abriu a porta sentou na cama e pegou seu iPod. Não demorou para por no shuffle e logo percebeu que a musica que tocava era Dear God de Avenged Sevenfold. Uma lágrima escorreu pela sua bochecha e ele sussurrou
" Por favor tome conta dela". A música foi interrompida pela toque de seu celular. Logo apareceu a foto de sua namorada Michelle. A sua vontade de atender aquela chamada era a mesma de ser simpático com o mundo: Mínima. Ainda assim pegou o celular e atendeu:
- Oi Michie.
- Peter... Eu queria saber se você chegou bem.
- Ah - Peter tentava falar pouco para esconder a voz de choro. Se passaram uns trinta segundos e Michie continuou a falar
- Então...Você chegou bem?
- Sim.
- Ah ok.. Tchau me ligue mais tarde.
Peter desligou. Não tinha porque ele estar agindo assim com Michelle. Ela não era a típica líder de torcida que dava encima do garoto popular e bonito. Ela era uma menina inteligente bonita e carinhosa. Era perfeita para o Peter mas ele não queria ela. Logo ele desligou o iPod e foi se olhar no espelho.
Os cabelos cor de mel estavam bagunçados e seus olhos estavam vermelhos mas o azul ainda se ressaltava. Ele estava realmente cansado mesmo tento passado o dia inteiro dormindo no carro. Ele tem estado assim desde o...bom acidente. Peter era um menino estranho: A pesar de ser um dos garotos mais queridos da escola ele não era o jogador de futebol nem basquete.
Ele era um menino simples que trocava camisetas dos Lakers e músicas de Lil Wayne por camisas do Iron Maiden e musicas de Paramore e Panic! At The Disco. Ele não estava nem ai se todas as meninas da escola ou até da cidade eram caídas por ele. Ele preferia ficar na dele ouvindo musica e tocando violão do que ficar dando em cima de gurias que davam pra todo mundo.
Alguém bateu na porta de seu quarto e quando ele abriu viu a sua mãe fazendo uma cara de desapontamento. Logo pensou: pronto vou levar bronca por não falar com as amigas dela. Mas por incrível que pareça ela entrou e sentou-se em sua cama. Logo deu três tapinhas ao lado de onde estava sentada como sinal para que Peter sente.
- Filho eu estou preocupada.
- Eu não estou usando drogas mãe.
- Eu sei... Não é isso. É que tem três meses que você tá diferente. A Michie liga pra mim preocupada direto perguntando o que há com você.
- Mãe você sabe o que é. Essa conversa é desnecessária.
- Filho isso foi a um ano atrás. Você passou meses normal e agora voltou a essa nostalgia e tristeza.
- Mãe eu sinto que ela está perto - Disse Peter agora encarando os olhos verdes e preocupados da sua mãe - Parece que ela está ao meu lado e quando eu olho é só minha imaginação.
- Filho a Amy se foi. Desculpa mas ela não vai voltar.
- Mãe você sabe o que é. Essa conversa é desnecessária.
- Filho isso foi a um ano atrás. Você passou meses normal e agora voltou a essa nostalgia e tristeza.
- Mãe eu sinto que ela está perto - Disse Peter agora encarando os olhos verdes e preocupados da sua mãe - Parece que ela está ao meu lado e quando eu olho é só minha imaginação.
- Filho a Amy se foi. Desculpa mas ela não vai voltar.
Peter abaixou a cabeça e começou a chorar. Gina sua mãe acariciou seu cabelo.
- Pete a Michie é ótima. Ela te faz sorrir ligue pra ela. Ou até deixe-me chamá-la pra vir pra cá.
Não mãe. Você só fala isso da Michelle porque ela é a namorada que você quer pra mim. Mas ela não tem nada a ver comigo. NADA. Ela é o tipo de menina que curte roupas cheias de cores e musica eletrônica e coisas do tipo.
- Peter ela te ama.
- Eu amo a Amy. Eu sempre vou amá-la.
- Filho a relação de vocês era complicada. A família dela era louca o pai abusava dela a mãe essa viciada ela era ,ela era uma garota pobre...
- Mãe! Eu não ligo! Ela foi a única menina que eu amei de verdade! Já que você gosta tanto da Michelle, porque você não namora ela? Que merda, eu só tô com ela por causa de você. Eu nunca vou esquecer a Amy! -
Peter se levantou com raiva e saiu andando do quarto, logo bateu a porta gritando algo do tipo " Vou andar e estou sem celular, não me espere".
Ele foi andando pela rua daquela pequena cidade, que lhe trazia várias lembranças. Ele já esteve lá com Amy, passaram um mês em uma cabana na praia, fugindo da família dela. Peter esteve tendo cada vez mais alucinações de Amy. Uma vez, ele estava encostado num muro da escola ouvindo musica e logo sentiu o seu braço quente enroscado no dele, e ouviu a sua voz dizendo
" é tão bom estar com você Peter" Mas então ele sacudiu a cabeça, e tudo desapareceu. Ela era uma garota maravilhosa, mas não era muito envolvida nesse negocio de líder de torcida também. Ela tinha cabelos pretos escorridos e um olho cinza e outro azul. Era o tipo de menina que usava camiseta e calça jeans, sua banda preferida era The Pretty Reckless, e ela tinha um piercing no lábio inferior.
Ela era britânica ,mais havia se mudado para os EUA com 5 anos,quando seu pai foi transferido para aqui.seu sotaque a tornava ainda mais interessante .Peter lembrava de momentos ridículos ,que haviam passados juntos ,como quando se juntavam todo domingo para assistir o filme favorito deles dois : A noiva cadáver . mais então o pensamento de Peter foram interrompidos por uma corrente de ar quente.ele olhou para o céu e já estava começando a escurecer .achou melhor voltar para o hotel ,mais algo lhe dizia para ficar lá,no meio do bosque .Peter sentiu mãos envolvendo sua cintura e ficou tenso ,logo algo sussurrou em seu ouvido "me ajude,eu preciso de ajuda".Peter se virou lentamente e por um segundo jurou ter vistos dois olhos :um cinza e outro azul.um arrepio subiu pela espinha de Peter e ele saiu correndo para casa,chegando lá,olhou seu celular ,5 chamadas perdidas,Michelle.Ignorou e foi dormi .
Os olhos cansados de Peter se abriram lentamente ao ouvir as batidas na porta. Levantou-se da cama e foi abrir a porta. Assustou-se ao ver uma menina loira de óculos escuros com o cabelo de tamanha médio liso, pele clara, lábios incrivelmente vermelhos e um piercing na orelha.
- Você é o Peter? - ela sorriu.
Peter olhou pela janela de seu quarto e percebeu que estava chovendo. Estranhou o fato de ela estar usando óculos escuros, mas convidou-a para entrar.
- Sim... Você é...
- Mary Jane. Eu te vi na recepção do hotel e me pareceu familiar, então decidi saber o sue nome.
Peter estava confuso. Que tipo de maníaca fazia isso? Mas ela parecia uma pessoa normal.
- Bom, Mary Jane... Eu não te conheço.. desculpa.
Ela riu e botou o cabelo atrás da orelha.
- É estranho, algo me dizia que era pra eu vir aqui falar com você...
Peter estava muito confuso ainda, mas essa menina o deixava curioso. Ela tinha uma energia positiva, ela parecia feliz.
- Mary, porque você não tira esses óculos escuros? Está chovendo, e estamos dentro do hotel.
- Não.. é que eu tenho uma certa...- ela olhou pra baixo - anomalia no olho, digamos assim.
- Eu não me importo, não sou de julgar - Peter curvou a boca em um sorriso e tirou os óculos do rosto dela. Ele recuou, assustado. Aquilo era muita conhecidência, era estranho. Os olhos dela eram de cores diferentes, como os da Amy. Porém os dela eram marrom escuro e o outro era um mel esverdeado.
Mary Jane abaixou a cabeça, desapontada.
- Achei que você não era de julgar...
Peter estava mito assustado para falar alguma coisa. Foi ai que ele percebeu que o sorriso dela também lembrava ao da Amy.
- Não! Eles são lindos... os seus olhos. Isso é incrível...
- Você nunca tinha visto isso?
- Já... Mas vamos mudar de assunto...E ai, de onde você é?
- Seattle. E você ?
- San Diego.
- Meu primo é de lá. - Ela sorriu e percebeu que Peter estava olhando para os seus olhos com uma cara de encantamento. - Bom, você quer sair pra almoçar, ou algo assim..sei lá...
- Almoçar? Não está cedo ainda?
- São duas horas da tarde - Ela riu. Então ele se levantou e foi ao banheiro.
- Mary, você se importa de me passar aquela mochila ali? - Disse ele com a cabeça pra fora do banheiro, apontando para uma mochila preta. Mary Jane pegou a mochila e entregou-a a ele. Uns cinco minutos depois ele saiu do banheiro com uma blusa branca e calça jeans. Mary Jane achava Peter lindo..
E ele não tinha nada a ver com o perfil de meninos que ela costumava achar atraentes. Se alguém for ver os ex-namorados da Mary Jane, são o tipo de caras que tem o cabelo cortado em estilos exóticos, cheios de piercings e tatuagens, estão sempre encostados na parede fumando algo e só usam roupas pretas.
Peter tinha uma certa harmonia no seu rosto. Ele tinha traços perfeitos, o cabelo meio bagunçado e olhos azul-piscina.

Mary Jane vestia uma camiseta branca, velha e cortada com o símbolo do A7X nela com um short jeans e all star. A chuva havia parado, então eles decidiram andar um pouco até chegar em uma lanchonete de fast food. Pegaram uma mesa para dois e chamaram o garçom. Peter pediu um hambúrguer com batata frita e coca cola,
- Você vai querer o que, Mary?
-Hm... Acho que vou no hambúrguer triplo com batata frita e uma coca grande..
Peter sorriu. Gostava de meninas que não estavam nem ai pro seu peso, e comiam o que queriam, sem medo se a outra pessoa ia julgar pelo seu prato. O garçom saiu de lá e Mary decidiu se explicar:
- Eu vou pagar a minha parte, não se preocupe, é que...
- Shh, não precisa se explicar. Eu pago. Mas enfim, não pude deixar de nota que você gosta de Avenged...
- São meus preferidos.. depois de TPR.
- The Pretty Reckless? - disse Peter arregalando os olhos.
- é, adoro a Taylor Momsen, ela é minha inspiração pra muita coisa..
- Hm...
- E você, gosta de que tipo de musica?
- Rock, Metal..

- Eu também! - Mary Jane sorriu e o garçom chegou com os pedidos. Quando ele saiu, ela começou a falar:
- Desculpa por ter batido na sua porta hoje, eu sei que é muito estranho isso

- Olha. Seja o que for que fez você ir lá, eu agradeço.
Mary sorriu sem graça. Ainda não estava convencida de que Peter não pensava que ela era maluca.

- Sério. Obrigado, coisa do além que trouxe Mary Jane até mim. - Disse Peter em tom de brincadeira e logo ficou sério. Seu rosto ficou pálido e logo continuou falando - Você ouviu isso?
- O que? - disse Mary, confusa.

- Nada, tô ficando louco. - Peter sacudiu a cabeça. Ele jurou der ouvido um " De nada" Com sotaque britânico e uma voz extremamente doce. Mas provavelmente estava louco e não era nada além de uma alucinação.

Assim que acabaram de comer, Peter deu a idéia de ir andar na praia. Mary Jane topou, e eles ficaram por lá andando e olhando o mar. Chegaram em um ponto onde não tinha muito por onde andar e sentaram na areia.
Logo, Mary Jane pegou uma caixa de cigarros da sua pequena bolsa. Peter parecia surpreso. Ela estendeu a mão para que ele pegue um, mas ele fez que não com a cabeça. Ela acendeu o cigarro e ficou fumando. Por incrível que pareça, esse cigarro não incomodava a Peter. Ele insistiu em perguntar qual era.

- Ah, olha.. pode me chamar de idiota, mas é que esse é feito de uma erva que tem perto da minha casa. Não tem nenhum tipo de droga nele. Eu fumo mais porque acho bonito..
- Uau.. Posso pegar um então?
-Claro!
Peter nunca havia fumado. Quer dizer, ele já havia experimentado uma vez, com Amy. Mas eles não tinham gostado... a sensação era estranha. Peter apagou o cigarro e Mary o olhou. Depois ela sorriu.
Ele se sentia bem ao lado dela. Sentia como se não precisasse de sua aprovação, e isso era estranho. Eles ficaram um tempo calados, só ouvindo o barulho do mar e logo ela apoiou a cabeça no ombro dele e suspirou.
Ele olhou pra ela e sua expressão era de calma, de conforto. Eles estavam bem ali, no meio de um mundo enorme, e parecia que eram os únicos do planeta terra. O engraçado era que eles tinham acabado de se conhecer, e parecia que se conheciam a anos.
Logo se ouviu o toque do iPhone de Peter. Mary levantou a cabeça e ajeitou o cabelo. Quem podia ser estragando aquele momento? Adivinha.

- Michie...oi.
- Você nem me liga mais. O que está havendo com nos dois Pete? Eu não estou entendendo.
- Mitch, não é um bom momento - Ele falava olhando pra Mary, que brincava com a areia.
- Nunca é. Tá na hora de ter uma conversa séria com você. Eu sinto como se a gente tivesse distante.
- Tecnicamente, a gente tá, você tá ai em San Diego e eu tô numa ilha que eu nem sei onde fica...
- Peter! Isso é sério! Até quando você pretende ficar fazendo essa piadinhas?
- Não é uma boa hora Michelle. - Mary logo, sacudiu a cabeça como quem não se importava. - Mais tarde eu juro que te ligo, e a gente conversa.
- Se você não ligar, eu vou te ligar.
-Tá, Tchau.
- Tchau, eu te a...
Peter desligou.
- Eu não sei se devo perguntar quem era...
- Michelle. Minha... namorada.
Marry Jane comprimiu os lábios e ficou um tempo fitando o oceano. Depois sorriu.
- ah... A quanto tempo juntos?
- Seis meses. Mas eu não... gosto dela.
- Então porque estão juntos?
- Bom, é uma longa historia.
- Tenho tempo. - Ela sorriu
- Ela é da minha escola e é filha do chefe da minha mãe. Ela sempre foi apaixonada por mim, e um dia, em uma festa da escola que milagrosamente eu fui, e eu a beijei. Estava bêbado. Daí, ela achou que um beijo significava que estávamos namorando.
- Como ela é?
Peter pegou o seu celular e mostrou uma foto dela. Michelle era linda. Ela tinha cabelos compridos e lisos com cachos nas pontas. Ela era loira e tinha um corpo lindo. Vestia uma saia de cintura alta florida e uma blusa branca. Mary percebeu de cara que ela não combinava com ele.
Mary se sentiu um pouco intimidada pela Michelle, pois a sua beleza era de intimidar.
- Linda - disse ela, com uma expressão neutra.
- Todos dizem isso. Mas eu não vejo tanto isso. Gosto mais de belezas mais exóticas.
Mary passou a foto com o dedo, e viu a foto de uma menina com um braço em volta de Peter. Ela tinha os cabelos logos e negros meio presos, meio soltos. Na foto, ela estava piscando com um olho, mas pela cor do que estava aberto, Mary percebeu que ela tinha olhos azuis escuros. Ela estava botando a língua pra fora e Peter estava fazendo careta. Eles pareciam muito felizes....

Autor: Gabriela Batista Moutinho


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